06/06/2014 às 14h26

Casos de queimaduras aumentam 40% no inverno

Paulo Cronemberger, da Agência Saúde DF

Segundo especialista, negligência é o principal motivo das ocorrências

Os números de casos de queimaduras aumentam 40% entre os meses de maio e setembro, em Brasília. Segundo o coordenador de Cirurgias Plásticas de Queimaduras da SES/DF, José Adorno, isso ocorre porque as pessoas acabam passando mais tempo dentro de casa, por conta do inverno. Além do frio, a seca e as festas juninas também contribuem.

O especialista explica que o maior motivo das queimaduras é a negligência. “A exposição ao álcool e a outros líquidos inflamáveis, acidentes com redes elétricas (instalação de antenas e manutenção de cabos) e queimaduras de sol são alguns dos problemas que podem ser evitados”, elucida.

Em época de festa junina, os rojões também são os vilões. “Todos esses aparatos que causam explosões podem causar queimaduras sérias. O recomendado é não soltar rojões com a mão e manter certa distância. Vale lembrar que o ‘chuvisco’ que sai da explosão também queima”, explica Joé Adorno.

Para aqueles que se queimam, o médico fala o que se deve e o que não se deve fazer. “O certo é aplicar água de torneira (temperatura ambiente) e limpar com panos limpos o local. Não se deve aplicar pastas de dente, borra de café ou outros produtos, pois podem entrar no organismo e até infeccionar o local”, explica.

O especialista ressalta, ainda que “se alguém estiver com contato direto com o fogo, deve-se abafar a chama, usar água ou fazer a pessoa rolar no chão. O tempo que a pessoa passa pegando fogo é que causa o aumento no grau da queimadura”.

As queimaduras podem ser de primeiro, segundo e terceiro graus. O que diferencia uma da outra é a profundidade da lesão. O médico explica que as de primeiro grau são superficiais e geralmente cicatrizam rapidamente. Nas queimaduras de segundo grau, causam bolhas e são extremamente dolorosas. Já as de terceiro grau atingem músculos e ossos, e não causam dor por conta da queima das terminações nervosas.

O que determina, porém, a internação do paciente é a quantidade do corpo e o local em que ele está queimado, aponta José Adoro. Segundo ele, em crianças, o percentual atingido deve ser superior a 10%, e em adultos, 20%. Áreas como mãos e genitais também possuem maior cuidado, por serem mais expostas e possuírem maior risco de infecção.

A procura de ajuda e o tratamento do problema previnem o agravamento das queimaduras, alerta o médico. “Quando não tratada, elas podem se desenvolver (passar de grau dois para grau três, por exemplo) e até infeccionar, causando mais problemas ao paciente”, complementa José Adorno.

Na rede

A Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) possui, no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), estrutura para o tratamento de queimados.

A equipe conta com cirurgiões plásticos, terapeutas e psicólogos, e realiza procedimentos de tratamento modernos: uso de matrizes dérmicas (usadas para regeneração da pele), terapias de pressão negativa (que favorecem a cicatrização) e curativos oclusivos.

O hospital atende, diariamente, de 30 a 50 pacientes com queixas de queimadura. Esse número envolve tanto o pronto-socorro quanto o ambulatório. Na ala de internação, existem atualmente 250 pacientes.