Doença de Chagas

A Doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas: cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. A doença pode trazer sérias complicações e seus sintomas aparecem em duas fases: a aguda e a crônica. Na fase aguda, o paciente pode ter febre por mais de 7 dias, dor de cabeça, fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas. Já na fase crônica, o tratamento é sintomático.

 

Reconhecer a fase aguda é muito importante porque, indica que na região está ocorrendo a transmissão ativa da doença e precisa ser imediatamente controlada. Nessa fase existe ainda a possibilidade de tratamento com êxito na cura da doença. Já a fase crônica, não existe tratamento e o paciente pode evoluir para problemas graves, cardíacos ou digestivos.

 

O barbeiro, ou triatomíneo, é o inseto que transmite o agente infeccioso da doença de Chagas, uma enfermidade que pode levar mais de 20 anos para se manifestar. O protozoário (parasito) causador da doença está presente nas fezes do inseto.

 

De hábitos noturnos, o barbeiro alimenta-se de sangue, seja humano ou animal, em todas as fases da sua vida. É enquanto ele suga que seu abdômen se expande comprimindo o intestino e fazendo com que saiam as fezes que podem estar contaminadas pelo protozoário.

Transmissão

Geralmente, o barbeiro pica a pessoa quando ela está está dormindo. Essa pessoa sente coceira, arranha a pele e é aí que pode haver o contato do parasita presente nas fezes com a pele lesionada, contaminando a corrente sanguínea. É um processo complexo e não tão simples de acontecer.

 

 

Também há outras formas de transmissão da doença além das fezes do barbeiro. É possível haver a contaminação por meio de transfusão sanguínea, transmissão materna, transplantes de órgãos, oral (alimentos contaminados) e acidental (laboratório e acampamentos em matas).

 

Cuidados

 

O barbeiro pode ser encontrado tanto dentro como fora de casa. Geralmente os insetos acabam dentro das casas e apartamentos à noite pois são atraídos pela luz das lâmpadas e há maior presença nas áreas rurais e próximo às matas, seu habitat natural.

 

O trabalho realizado pela Secretaria de Saúde no controle da doença de Chagas inclui diferentes áreas: a Vigilância Ambiental, no monitoramento e investigação dos locais de incidência dos barbeiros; a Vigilância Epidemiológica, na investigação e notificação dos infectados; e a assistência, para o tratamento dos doentes.

 

O Programa de Vigilância Entomológica dos Triatomíneos, da Vigilância Ambiental, tem como objetivo atuar no domicílio para interromper a infestação e ou reinfestação dos barbeiros. A partir disso são adotadas medidas operacionais para o controle, que incluem: barreiras físicas, nos locais que possam ser esconderijos deles e ou a intervenção com aplicação de produto químico, quando assim o exigir.

 

O modelo de Vigilância é baseado no método da mobilização da população, denominada Vigilância Passiva. A orientação é de que os insetos suspeitos de serem barbeiros sejam capturados para envio, sem colocar em álcool ou água, para confirmação da espécie e contaminação. É necessário levar até um Posto de Identificação de Triatomíneos mais próximo para que a Vigilância Ambiental dê início a investigação. A amostra seguirá para laboratório para identificação. Se for confirmado o barbeiro, o agente agendará uma visita/inspeção na casa do morador e, se necessário, aplicará as medidas indicadas para o controle.

 

Mapeamento da Vigilância Ambiental

 

A equipe já mapeou, no Distrito Federal, sete espécies de barbeiros até hoje. Entre os anos de 2007 e 2019 foram identificados 2,7 mil insetos da espécie, sendo que 97% estavam na zona rural e apenas 3%, na área urbana. Os barbeiros foram localizados em 27 das 31 regiões administrativas existentes nesse mesmo período. “Tem ano que 50% ou mais dos insetos que trazem não são de barbeiros, mas de ‘primos’ deles e que não tem importância para saúde pública”, explica a bióloga.

 

Atendimento na rede pública

 

Os pacientes que tiverem sintomas ou desconfiarem que foram picados pelo barbeiro devem buscar atendimento em uma unidade básica de saúde ou, se estiver com sintomas graves, procurar a emergência de um hospital. Feito o diagnóstico da doença, o paciente fará o tratamento com acompanhamento das equipes de saúde até o desfecho do caso. O hospital de referência no DF para o tratamento da doença de Chagas é o Hospital Universitário de Brasília (HuB).

 

O exame de sangue é utilizado para diagnosticar a doença e é realizado pelo Sistema Único de Saúde, assim como a medicação é disponibilizada pela rede pública.

Para facilitar a entrega dos insetos existem os Postos de Informação dos Triatomíneos, os PIT. Há 15 postos em área urbana e outros 67 em áreas rurais, inclusive escolas, postos de saúde e ou outras entidades públicas.

 

Histórico

 

A doença de Chagas foi descoberta em 1.909 pelo brasileiro Carlos Chagas. Ela também é identificada pelo nome científico como tripanossomíase americana. A organização Mundial da Saúde estima que haja de 12 a 14 milhões de infectados pela doença na América Latina. Há registro de pacientes infectados em outros continentes, em sua maioria que foram contaminados durante viagens.

 

Controle dos vetores da doença de chagas. Saiba mais aqui.

 

Medicamentos disponíveis:

  • benznidazol 100mg comprimido
  • nifurtimox 120mg comprimido (2ª linha de tratamento – indicado em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento com benznidazol)

 

Onde conseguir:

  • Farmácia Escola – Farmácia do Hospital Universitário de Brasília (HUB).

 

Documentos necessários para ter acesso aos medicamentos:

  • Receituário em 2 (duas) vias
  • Documento de Identificação
  • Cartão Nacional de Saúde – CNS (cartão do SUS)
  • Relatório de dispensação de benznidazol
  • Ficha de notificação/investigação (SINAN) em casos agudos e congênitos
  • Exame parasitológico (em casos de reativação)

 

Mais informações:

Saúde de A – Z

Farmácia Escola

 

Texto: Josiane Canterle/Arquivo SES

Edição: Johnny Braga

Arte: Rafael Ottoni/Arquivo SES