23/05/2019 às 11h55

Casos de dengue devem diminuir com a chegada da seca

Circulação de um novo sorotipo da doença contribui para o aumento dos registrosAedes aegyptiLuciene de Assis, da Agência SaúdeFotos: Breno Esaki/Saúde-DFArte: Rafael Ottoni/Saúde-DF

   

  A chegada do período de seca deve favorecer a queda no número de casos de dengue no Distrito Federal. A circulação de um novo sorotipo do vírus causador da doença, o tipo 2, elevou a incidência de casos, o que torna praticamente toda a população do Distrito Federal susceptível à dengue, já que, até então, havia predominância do sorotipo 1.   A comparação do quadro de casos de dengue do mês de abril para maio, de acordo com o Arquivo em Anexo 1último Boletim Epidemiológico, apresenta diminuição na força de propagação da doença. Desde janeiro, ações intersetoriais têm sido implementadas no trabalho de combate à dengue, ao mosquito e na conscientização da população, realizadas em parceria com técnicos da secretaria, homens do Corpo de Bombeiros, do SLU, militares do Exército, administrações regionais, Novacap, Adasa, secretarias de Educação, das Cidades e da Agricultura, e Casa Civil.   O diretor de Vigilância Epidemiológica da secretaria, Delmason Carvalho, confirma que, das 606 amostra coletadas nas últimas semanas, dois terços (443) são do sorotipo 2 do vírus da dengue, cuja predominância não tinha se observado até então no DF. “A curva de ascendência demonstra um platô entre as semanas epidemiológicas 14 e 18, podendo indicar que a incidência está estacionada”, explica ele.   AGRAVANTE – Delmason Carvalho lembra que, em 2016, foram registrados 17.718 casos prováveis da doença e identificados sete casos do sorotipo 2 do vírus da dengue. “Hoje, no entanto, o sorotipo 2 é predominante na transmissão. E quem já teve dengue, se tem contato com o sorotipo diferente daquele que o acometeu, apresenta uma possibilidade maior de desenvolver dengue grave. No caso de alguém que nunca teve a doença, desenvolver dengue pelo sorotipo 2, esta pessoa tem uma probabilidade maior de desenvolver a dengue grave”, alerta.   Em 2019, no período mais crítico, já somam 17.304 casos prováveis da doença. A média de incidência acumulada foi de 557,97 casos por grupo de  100 mil habitantes no DF. O patamar de baixa transmissão é menor do que 100 casos por 100 mil habitantes.   De acordo com Fabiano Martins, da Gerência de Vigilância das Doenças Transmissíveis da secretaria, a situação epidemiológica, hoje, está associada a dois fatores – a introdução do novo sorotipo, agravado pelo fato de que, nos últimos 20 anos, houve predominância da dengue do tipo 1, e as condições climáticas.   CHUVAS – “No quadro atual, além de termos o novo sorotipo circulando, tivemos uma condição climatológica atípica, com mais chuva e temperaturas mais elevadas, o que facilitou a proliferação do vetor transmissor da doença”. Fabiano lembra que, normalmente, no Centro-Oeste, a chuva termina em abril, mas, neste ano, se estendeu até maio, “um fato complicador”, reforça o técnico da Saúde.   A Secretaria de Saúde alerta que é preciso manter os cuidados preventivos e vai aguardar os próximos boletins para confirmar a tendência de diminuição nos casos de dengue. “Estamos vivendo uma situação nova de dengue. E se não tivéssemos feito nada, a situação poderia ter sido muito pior”, reforça Delmason Carvalho.   Durante o período sazonal de manifestação da doença, a pasta mobilizou, além dos 542 agentes de Vigilância Ambiental, mais 400 militares do Corpo de Bombeiros e 138 homens do Exército somados aos servidores dos outros órgãos que colaboraram nas diversas ações de combate ao realizadas em todas as regiões administrativas do DF. Foram inspecionados 389.264 imóveis, o fumacê foi aplicado em 453.250 imóveis, e houve a instalação de 653 armadilhas no Gama, Recanto das Emas e Estrutural.   No início de 2019, o governador  Ibaneis Rocha declarou estado de emergência na saúde do Distrito Federal “e a resposta a essa situação emergencial está se dando desde janeiro”, lembra Delmason Carvalho.        

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