Quase
Arquivo em Anexo 175 mil. Não são só números. São pessoas que venceram a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 e que, aliviadas, comemoram a cura após dias internadas sob os cuidados dos
que atuam na rede pública do DF. São muitos Joãos, Marias, Josés, Aparecidas. Nomes comuns, mas que carregam histórias de vida e superação diante de uma doença altamente contagiosa e ainda sem vacina para prevenção. A
Agência Saúde divulgará semanalmente os relatos dos vencedores que estiveram internados nos hospitais da rede pública e que já voltaram às suas rotinas habituais.
Raimundo
Após oito dias internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o morador de Planaltina Raimundo Felipe da Silva Neto, de 33 anos, buscou atendimento na Unidade Básica de Saúde 5 de Planaltina logo no início dos sintomas. Ele foi atendido e, por estar com sintomas leves, voltou para casa com o fim de cumprir um isolamento de 11 dias. No entanto, no dia seguinte os sintomas agravaram-se e ele foi encaminhado para o Hran, onde fez uma tomografia que constatou que estava com 50% de comprometimento nos dois pulmões. Foi o início da internação. “Meus sintomas estavam estáveis, mas a minha saturação estava muito baixa. Quando eu fui para o hospital eu já estava com uma tosse bem avançada, eu senti uma falta de ar. Foi quando falei para mim mesmo: estou doente e só pode ser a Covid. Foi diferente de tudo que eu já passei”, lembra. Raimundo relata a doença como "assustadora" e agradece o "empenho e dedicação" dos profissionais e da fé para vencer a batalha pela cura. "Meu grande medo era piorar, mas o trabalho dos profissionais me deu mais confiança. Eu sabia que estava sendo bem atendido. Se eu piorasse eu estaria no lugar certo”, recorda. Vitorioso, o morador de Planaltina conta como foi o processo de recuperação. “A primeira alegria é subir para o apartamento. Porque eu sabia que a partir daí era só cumprir o ciclo de antibióticos e depois teria alta. Passaram alguns dias e a doutora veio e me perguntou se eu estava preparado para ir para casa, aí foi só alegria”, comemora.
Elisa
“Teve um dia que minha respiração falhou. Fui para o hospital de Santa Maria e lá fui diagnosticada com enfisema pulmonar. De lá, fui para o Hran e passei dez dias internada”, relata Eliza Gomes de Araújo, 59 anos. Moradora de Valparaíso, Elisa lembra que os médicos não viam evolução no quadro clínico e que já no sétimo dia de internação temia ficar mais dias no hospital. Três dias depois veio a notícia de que poderia voltar para casa. "Foi um alívio, porque eu tenho uma criança de 5 anos em casa que tem um problema grave de saúde, e tenho meu filho que mora comigo. Eu corri o risco de passar para eles”. Fora do hospital, Elisa mudou a rotina e teve de usar máscara mesmo dentro de casa. “Uma vizinha me perguntou: Mas se você já teve a doença e já se curou, por que ainda usa essa máscara? Eu respondi: primeiro em respeito a você e a sua família, é minha obrigação usar a mascara independente de ter ou não a doença e segundo porque ninguém sabe nada ainda sobre essa doença. Tem pessoas de 12 anos que pegam e sobrevivem e tem gente de 22 que pega e morre. Todo cuidado é pouco”, alerta.
José Vilson
Suspeitando estar com dengue, Jose Vilson Dias Pereira, de 52 anos, procurou a Unidade de Pronto Atendimento São Sebastião sentindo tontura e mal estar. Lá ele fez exames e voltou para casa. Oito dias depois ele voltou na UPA e, com sintomas da Covid-19, foi internado bem como encaminhado para o Hospital Regional da Asa Norte. “Fiquei muito preocupado e com medo de passar a doença para a minha esposa, minha filha, ou para os outros. Fiquei oito dias no Hran e lá fui muito bem atendido, mesmo com toda dedicação dos profissionais, eu queria mesmo era voltar para casa. Quando soube que estava curado foi muito bom".
Doralice
Moradora de Sobradinho, Doralice Batista dos Santos, de 64 anos, curou-se da Covid-19 após 12 dias internada no Hran. “Senti muita falta de ar, muito cansaço, não aguentava andar muito tempo. Qualquer exercício me cansava. Agora estou bem. Cheguei em casa e fui voltando às atividades devagar e alternando com o descanso. Não me sentia cansada igual antes”.
Luis
Aos 49 anos, Luis Ferreira Chaves ficou internado durante 18 dias Hospital Regional da Asa Norte. Ele mora no Recanto de Emas e relata sua experiência contra o vírus. “Você não tem força, não consegue comer porque o paladar some da boca, não consegue nem dormir. Eu não tive medo, mas é uma doença bem difícil. A medica chegou e falou: 'Luis, se tudo der certo amanhã o senhor estará de alta.' Confesso que fiquei muito emocionado. A equipe estava me tratando muito bem, mas a gente sempre sente vontade de voltar para casa, fazer a própria comida”, conta.
Joel
Após uma viagem para o Rio de Janeiro, Joel dos Santos, 64 anos, apresentou os primeiros sintomas da Covid-19. Ele conta que precisou ir para a capital fluminense, pois o irmão não estava bem de saúde. Nem ele, nem a família imaginavam que era Covid-19. Joel voltou para casa, na Asa Norte e, sem saber, estava infectado com o coronavírus. “Acordei parecendo que tinha levado muita 'porrada', minha costas, minha cabeça estavam doendo muito. Eu tive dengue e covid. Comecei a sentir febre e dor de cabeça e comecei a registrar, tal dia, tal hora, febre de tantos graus. Tive febre por três dias, na quarta-feira eu fui para o hospital, fiz o exame de sangue e uma tomografia não deu nada. Voltei na quinta-feira e o exame de sangue no não deu nada, mas a tomografia acusou alguma coisa. Dali mesmo eu fui internado”, relata Joel que ficou 9 dias internado no Hran. “Passei praticamente um dia com o oxigênio. Depois fiquei só no protocolo de medicação para pneumonia e covid. Agora eu estou tomando cuidado porque eu fui desleixado, não usei máscara, não lavava a mão. Hoje em dia eu até brinco com meus amigos: 'bota essa máscara aí direito'. Eu brinco, mas cobro”, alerta.
Jucelia
Servidora do Hospital Regional da Asa Norte, Jucelia Teodoro da Fonseca, de 42 anos, começou a sentir dor de cabeça e tosse. No trabalho, ela sentiu dores no corpo e foi atendida. Fez exames e foi afastada por apresentar suspeita da doença. Em casa, no Guará, deu febre, as dores ficaram mais intensas e foi preciso buscar atendimento de emergência. No Hran foi constatada pneumonia grave e Jucelia foi imediatamente internada. “Foi complicado. Eu não tinha mais força para caminhar, eu só queria deitar. E como eu desidratei por completo eu tive muita taquicardia. É desesperador, eu via a hora do meu coração para por causa da taquicardia”, lembra. Foram sete dias internada no Hran até receber alta. “Foi um grande alívio. Orei e agradeci a Deus. É uma doença que você não sabe se vai superar, todo mundo está consciente de que pode pegar ela, mas ninguém sabe se vai resistir a ela. Mas eu venci!”, comemora. Jucelia foi uma das pacientes selecionadas para a pesquisa da UnB em parceria com o Hran e Hemocentro para uso de
plasma de pacientes curados. “Tomei uma bolsa de plasma, os antibióticos e fui melhorando”, conta.
Francisco
“Foi muito bonita a minha saída. O pessoal estava todo na porta da enfermaria desde o mais simples funcionário ao médico. Me deram os parabéns e eu agradeci e desejei saúde a todos que continuam na luta. Foi muito bonito, eu não esperava uma recepção daquelas não”, recorda Francisco Airton Justino, 77 anos, morador de Taguatinga, quando deixou o Hran após permanecer 18 dias de internado.
Helena
Quem também venceu o coronavírus foi a moradora da Asa Norte Helena Almeida de Jesus, de 47 anos. Ela ficou quatro dias internada no Hran quando sentiu falta de ar, dores no peito, perda do paladar e fraqueza. “Começou como se fosse uma crise de sinusite que não melhorava. Como uma pessoa que trabalhava comigo foi diagnosticada com Covid-19, eu também fiz o exame e deu positivo. Em princípio, eu fiquei em casa, e depois eu descompensei. Procurei o Hran para o atendimento e fui muito bem atendida. Eu associo a minha recuperação aos cuidados que eu tive, estou muito grata”, relata. O medo da doença desconhecida logo deu lugar ao alívio dia após dia. “Quando eu fui para casa eu ainda fiquei com um pouco de medo de passar mal de novo. Daí foram passando os dias e eu fui tendo aquela sensação de alívio, de poder respirar novamente. Parece que a gente renasce”, conta.
Raulírio
Raulírio Pereira Passos, de 41 anos, ficou nove 9 dias internado. Ele mora no Riacho Fundo e conta como tudo começou. “Muita dor de cabeça, dor no olho. Depois veio a questão da perda de paladar e de cheiro. Nesse momento eu já me afastei do trabalho pois estava com sintomas. Daí aumentou a febre perdi a vontade de comer, sentia falta de ar, até que fui internado. É uma sensação de insegurança”. Da doença, Raulírio só tem a lembrança por ter vencido a batalha. “É gratificante saber que passei pela situação de risco, não grave, mas a partir do momento que você pega e vê como é a doença. Eu fiquei feliz em poder voltar para casa e para minha família, foi meio emocionante até”.
Vanda
“Estava sentindo muitas dores nas juntas das mãos e dos pés, fui à UBS do Condomínio Privê (Ceilândia) e o médico fez o exame. Eu estava com o coronavírus há pelo menos duas semanas. Meu pulmão estava 40% infectado já”. É o que conta Vanda Rodrigues Silva, de 54 anos, moradora de Águas Lindas. Ela permaneceu 11 dias internada no Hran e conta a rotina que enfrentou juntamente com os profissionais que a atenderam. “Sentia dores nas juntas, cansaço, falta de ar e minha saturação estava normal, mas eu continuava sem dar conta de respirar. No Hran eu tive acompanhamento psicológico, porque eu tenho transtorno de ansiedade. Eu não conseguia ficar fora do oxigênio por causa dessa ansiedade. É muito dolorido”, recorda. Mas, com todo suporte que recebeu dos guerreiros da saúde, Vanda curou-se e pode, enfim, voltar para casa.