CrisDown do Hran é referência em atendimento para pessoas com síndrome de Down
CrisDown do Hran é referência em atendimento para pessoas com síndrome de Down
Serviço atende mais de 1,8 mil pessoas no momento e familiares dos pacientes elogiam acolhimento multidisciplinar
LÍVIA DAVANZO I EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA I DA AGÊNCIA SAÚDE-DF
Com cerca de dois mil pacientes cadastrados, o Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (CrisDown) é referência não apenas no Distrito Federal e região do entorno, mas para outros estados do país no atendimento a pessoas com síndrome de Down, contemplando desde gestantes que recebem o diagnóstico da trissomia do cromossomo 21, quanto todas as faixas etárias da vida. Assim, bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos encontram atendimento humanizado e interdisciplinar no local.
Segundo a fisioterapeuta e coordenadora do CrisDown, Carolina Vale, o serviço atende atualmente cerca de 1.878 pacientes. A equipe possui em torno de 30 profissionais, entre fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista, assistente social, geneticista, pediatra, cardiopediatra, neuropediatra e clínico geral.
Um dos pacientes atendidos é o pequeno José Pedro, de 3 anos e 8 meses. Acompanhado da mãe, a professora Eliane Dourado, ele foi acolhido no serviço assim que nasceu e passa por sessões semanais de fisioterapia e terapia ocupacional. Ele também faz acompanhamento com o ortopedista e a pediatra. “A equipe é muito acolhedora e o atendimento é sempre muito humanizado. Os profissionais são muito comprometidos e solícitos com as nossas necessidades”, avalia.
A também professora Ana Lúcia Silva de Souza, mãe do Rafael, de 2 anos e 4 meses, leva o filho ao CrisDown desde quando ele tinha dois meses de vida e diz estar muito feliz com o acolhimento recebido no serviço. “Viemos participar de uma palestra e desde então ele está aqui sendo atendido. O desenvolvimento dele tem sido surpreendente. Ele já está andando, já fala algumas palavras”, comemora.
A coordenadora do serviço explica que o trabalho é interdisciplinar e foi pensado assim para proporcionar um olhar integral aos pacientes. “O intuito do CrisDown, quando construímos o serviço, foi facilitar essa interlocução entre as áreas e evitar que os pacientes ficassem andando na rede em busca de atendimento com diversos profissionais. Aqui temos várias especialidades na equipe”, destaca.
Pandemia
Carolina conta que com a pandemia, tiveram que repensar a forma de atendimento. “A gente precisava fazer alguma coisa, pois os pacientes tinham perdido muito em termos de desenvolvimento global – motor, cognitivo e de fala – e isso nos angustiava”, relata.
Assim, foram montados pequenos grupos em um formato diferenciado. “É um grupo porque eles vêm no mesmo horário. São seis pacientes pela manhã e seis à tarde. Geralmente, os pais entram junto para acompanhar as atividades e poder auxiliar em casa. Mas cada família fica distante, dentro da sala, seguindo os protocolos recomendados”, observa.
Mesmo com as dificuldades impostas pelo momento, a coordenadora ressalta que o serviço acolheu quase 100 pacientes em 2020.
O serviço
O CrisDown nasceu em 2013 e funcionou primeiramente na unidade básica de saúde da 905 norte. Atualmente, funciona no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) onde era a antiga creche. A entrada é separada do hospital, proporcionando mais tranquilidade aos pacientes.
Para ser atendido, é preciso entrar em contato por WhatsApp (99448-0691) e agendar um acolhimento. Eles ocorrem sempre às sextas-feiras e são agendados. “Antes era acolhimento aberto, era possível receber muitas pessoas. Hoje, em função da pandemia, isso mudou. Passamos a trabalhar com agendamento e atendemos três famílias nas sextas pela manhã, esclarece.
Quando chegam ao CrisDown, as famílias participam de uma roda de conversa com a equipe. Após esse acolhimento, é feita a estratificação de risco. De acordo com Carolina, nesse momento, é realizada uma avaliação global do paciente. “Depois que é feita a estratificação, o paciente é classificado de acordo com o risco, sendo que os vermelhos possuem prioridade, e então é feito o agendamento de acordo com a necessidade”, pontua.
Por fim, Carolina resume o que acredita definir o trabalho desenvolvido pela equipe. “Aqui, investimos no presente para modificar o futuro. É preciso oferecer oportunidade e possibilidade para que possam se desenvolver. Empoderamos as famílias para acreditar que sim, é possível que no futuro tornem-se pessoas capazes de desenvolver habilidades essenciais para autonomia e independência”, salienta.