11/09/2020 às 14h55
Gatos são os principais vetores da toxoplasmose
Doença deve ser investigada no período do pré-natalToxoplasma GondiiToxoplasma Gondii
JOSIANE CANTERLE, DA AGÊNCIA SAÚDE DF
Arte: Rafael Ottoni/SES-DF
Transmissão
. Esse parasita está presente na musculatura de uma série de animais como cães, gatos, bovinos, porcos, equinos e até aves. “O único animal capaz de transmitir, eliminar a forma infectante desse protozoário no meio ambiente é o gato através das fezes. E como o felino tem a característica de fazer as necessidades em locais de terra ou areia as pessoas podem se contaminar fazendo atividades como jardinagem, ou porventura até plantando e colhendo alimentos onde esses animais utilizam como banheiro”, alerta o Rodrigo Menna Barreto Rodrigues, gerente Ambiental de Zoonoses. Nos outros animais, como o parasita fica na musculatura, a contaminação acontece na manipulação ou ingestão da carne crua ou malcozida. “A orientação é não consumir a carne de procedência duvidosa e a forma de eliminar o protozoário da carne é cozinhando bem”, orienta o veterinário. Também é importante lavar bem as mãos e os utensílios e superfícies onde a carne foi manipulada. Rodrigo explica, ainda, que na maioria das vezes os gatos adquirem o ao caçar e comer pássaros, que carregam em seus músculos o protozoário, “por isso é importante manter os felinos sempre bem alimentados, para que eles capturem as aves mas não as comam”. Para evitar que os gatos tenham o protozoário no seu organismo é necessário fazer a vermifugação duas vezes por ano.
Sintomas
Os sintomas da toxoplasmose variam conforme o estágio da infecção. A pessoa infectada pela primeira vez não apresenta sintomas. Nos casos sintomáticos, geralmente são leves, similares a uma síndrome gripal, os sintomas podem incluir dores musculares e alteração nos gânglios linfáticos. A maioria dos pacientes infectados pela primeira vez não apresenta sintomas. Em outros estágios pode deixar sequelas nos casos de infecção congênita, quando transmitida das gestantes para os bebês; toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o HIV ou em tratamento oncológico. Nos casos de baixa imunidade, podem aparecer sintomas mais graves como febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões. Quanto às gestantes, o primeiro contágio durante a gravidez promove o risco de ter abortamento ou nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, e crises convulsivas.
Diagnóstico
Tratamento
O paciente que tiver suspeita de contaminação pelo parasita deve buscar atendimento nas unidades básicas de saúde ao aparecerem os primeiros sintomas. As gestantes têm o acompanhamento durante o pré-natal recebendo todas as orientações necessárias pelas equipes de saúde. “O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral, pelo Sistema Único de Saúde”, lembra Rosa Maria. Um dos diferenciais do DF no tratamento da toxoplasmose é oferecer medicação para os recém-nascidos. Isso só é possível porque a medicação recebida do Ministério da Saúde é manipulada pela farmácia técnica do Hospital Regional de Taguatinga, permitindo o consumo da substância em dose adequada pelos recém-nascidos.
Vigilância Ambiental
O trabalho da Vigilância Ambiental dá-se no âmbito da educação da população e de investigação quando notificada pela Vigilância Epidemiológica. Equipe da ambiental vai até o local informado, verifica se há presença de gatos para identificar se o local indicado pelo paciente é realmente o da contaminação. A área não realiza exame nos animais levados pelos donos até a zoonoses.
Contexto
A toxoplasmose é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo. O Brasil apresenta uma das maiores taxas de prevalência, de acordo com relatório do Ministério da Saúde. Mais de 50% da população em idade escolar e de 50% a 80% das mulheres em idade fértil apresentam anticorpos para a doença, ou seja, já foram expostos ao parasita em algum momento da vida. A estimativa é de que entre 20% e 50% das mulheres estão suscetíveis à contaminação durante a gestação. Sem tratamento, a chance de desenvolver a doença congênita é de 44%, reduzindo para 29% quando tratada de maneira adequada no pré-natal. Somente a partir de 2018 o Ministério de Saúde definiu protocolos e orientações técnicas para os estados sobre diagnóstico, notificação e tratamento da toxoplasmose, o que permitiu a identificação de mais casos. Com esses protocolos, a Secretaria de Saúde do DF também pode emitir Nota Técnica sobre a doença e fortalecer as orientações para as equipes e unidades de saúde, reforçando a importância de notificar os casos, bem como o tratamento a esses pacientes.
Como evitar a Toxoplasmose
• Lavar as mãos com água corrente e sabão ao manipular alimentos; • Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de ingeri-los; • Evitar a ingestão de carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas, incluindo embutidos; • Evitar manuseio direto com solo, incluindo jardins, parques, caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade; • Evitar o contato com fezes de gato; • Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície; • Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados; • A caixa de areia dos gatos deve ser limpa diariamente utilizando luvas e pás de lixo; • Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não permitindo que eles façam a ingestão de animais caçados; • Lavar bem as mãos após o contato com os animais, sempre utilizando água corrente e sabão.