06/05/2016 às 20h05

Home Care melhora a qualidade de vida de pacientes de alta complexidade

Serviço, que já existe há 3 anos no DF, foi normatizado nesta sexta-feira

BRASÍLIA (6/5/16) – O Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade, conhecido popularmente como Home Care, da Secretaria de Saúde foi normatizado nesta sexta-feira (6), em portaria publicada no Diário Oficial do Distrito Federal. O serviço já é oferecido na rede há três anos e funcionava por meio de uma circular.

Atualmente, são beneficiados 37 pacientes que utilizam exclusivamente respiração mecânica. O jovem Ítalo Alves, 12 anos, foi o primeiro a ser incluso no programa. Ele tem a Síndrome de Wernicke Hoffman - doença neuromuscular hereditária caracterizada pela atrofia e fraqueza muscular progressiva - desde os 8 meses e passou os primeiros nove anos de vida nos hospitais regionais de Taguatinga e de Santa Maria.

"Lutei para conseguir que ele fosse beneficiado. A vinda dele para casa mudou a minha rotina. Eu passava o dia com ele no hospital e quando voltava para casa, mal dormia, com medo de receber uma notícia ruim por telefone", relata a mãe do jovem, Márcia Ferreira.

Ela conta que a saúde do garoto melhorou depois que ele passou a ser tratado em casa. "Ele vivia agitado, com os batimentos cardíacos alterados, fazia cara feia para todo mundo. Hoje ele é um menino bem tranquilo", diz.

Em casa, Ítalo recebe não só o carinho da mãe e do irmão mais velho, Higor Ferreira, como também das quatro técnicas de enfermagem que prestam atendimento no home care. "A gente cria apego e amor por ele", diz a técnica Eliete de Souza.

Segundo Joelma Neiva, enfermeira membro da comissão executora do Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade, o tratamento do paciente em casa melhora a qualidade de vida e diminui o risco de infecções com bactérias resistentes. "Em casos de crianças, ela passa a se desenvolver melhor. E em pacientes idosos, é comprovada a diminuição do índice de casos de depressão, em razão do convívio com familiares", destaca.

Os pacientes de Home Care contam com técnico de enfermagem 24 horas por dia, além da visita diária de um fisioterapeuta e semanal de um médico, ou em caso de urgência no atendimento. A equipe ainda conta com enfermeiros.

ADMISSÃO – Para ser beneficiado no Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade, é preciso avaliação e indicação médica. O paciente deve estar sob internação em Unidades de Terapia Intensiva e/ou leitos hospitalares da Secretaria de Saúde do DF, ser classificado como alta complexidade, de acordo com a Tabela da Associação Brasileira de Empresas de Medicina Domiciliar, ter estabilidade respiratória e hemodinâmica e o consentimento de um familiar.

Além disso, é feita uma visita pré-admissional domiciliar para avaliar o contexto familiar e averiguar as condições físicas e estruturais da residência para saber se há condições de receber o paciente com segurança e se será necessário ajuste para a instalação da estrutura.

ECONOMIA – Além dos benefícios para o paciente, o serviço de Home Care possibilita economicidade e eficiência para a Secretaria de Saúde. Um dos pontos positivos é a redução da quantidade de leitos ocupados nas Unidades de Terapia Intensiva por pacientes cronicamente dependentes de cuidados de enfermagem e equipamentos, otimizando a rotatividade de leitos e propiciando uma utilização mais eficaz dos recursos disponíveis.

"Os custos para a secretaria também diminuem. Um paciente em home Care custa um terço do gasto com uma pessoa internada em leito de UTI na rede pública de saúde do DF", diz Joelma Neiva.

TOCHA – A história de luta do primeiro paciente de Home Care da Secretaria de Saúde do DF deu a ele e à família a oportunidade de ter a tocha olímpica em mãos. O irmão mais velho de Ítalo, Higor Ferreira, 19 anos, escreveu para uma promoção de uma montadora de veículos patrocinadora das Olimpíadas 2016 e foi contemplado para ser um dos condutores do fogo olímpico em Brasília.

"Como ele não tem condições de sair, acabei levando por ele. Um orgulho", conta Higor Ferreira. A família virou atração no Gama, onde moram. "Todo mundo quer tirar foto com a tocha", ressalta o irmão de Ítalo.

De fato, a história de Ítalo merece destaque. Segundo a mãe do garoto, Márcia Ferreira, a expectativa de vida para quem tem a mesma síndrome dele é de apenas 4 anos de idade. "Uma médica me disse que meu filho teria apenas um ano de vida. Mas, graças a Deus, ele já tem 12 anos e vive bem, do jeitinho dele", relata.

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