27/03/2024 às 10h36

Moderação e escolha inteligente: especialistas indicam como ter uma Páscoa saudável

Consumo exagerado de chocolates açucarados pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas. Preocupação é ainda maior em crianças de até dois anos

Humberto Leite, da Agência Brasília | Edição: Natália Moura

Mais da metade dos brasileiros (59%) consomem chocolates pelo menos uma vez por semana e este índice deve aumentar no fim deste mês, com o feriado da Páscoa. Porém, especialistas na área de nutrição aconselham ser moderado na hora de aproveitar as delícias das comidas muito açucaradas, associadas a risco aumentado para doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Sim: o problema na Páscoa é o açúcar, não necessariamente o chocolate. "O cacau tem substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, além de triptofano que participa da formação da serotonina , fibras, vitamina C e minerais como zinco, cobre, ferro, magnésio, cálcio que trazem muito benefícios à saúde", explica a nutricionista Karistenn Brandt, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).

Para uma Páscoa mais saudável, a dica é buscar chocolates composto com pelo menos 70% de massa de cacau e atentar para a rotulagem nutricional que apresenta os ingredientes na descrição da embalagem obrigatoriamente na ordem descrescente de quantidade, do maior para o menor . Lembrando que o açúcar pode estar disfarçado com outros nomes, como maltodextrina, dextrose, xarope de milho, xarope de malte e açúcar invertido.
 

Alimentos muito açucarados estão associados a risco aumentado para doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade. Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF

A preocupação maior é com as crianças. O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos não recomenda a oferta de açúcar adicionado nem de preparações que contenham açúcar às crianças dessa faixa etária. Logo, o consumo de chocolate deve ser evitado. "A exposição ao sabor muito doce nos primeiros anos de vida estimula o consumo excessivo de alimentos e bebidas com açúcar, e pode reduzir o consumo de alimentos nutricionalmente saudáveis", lembra Karistenn Brandt. Ela lembra ainda o risco da obesidade infantil e de problemas dentários, como cáries e placas.

Cuidado também com as substituições nem sempre adequadas. "O adoçante funciona como se fosse um aditivo químico, e não é saudável por isso. Não recomendamos a troca do açúcar por adoçante. O que a gente indica é consumir menos alimentos doces, sejam adoçadas por açúcar, sejam adoçadas com adoçante. A alternativa saudável são as frutas. É o doce como está na natureza", afirma a médica endocrinologista Flávia Franca Melo, também da SES-DF. Até o mel exige moderação. " A diferença é que o mel não é processado, ele vem como está na natureza. O ideal é não buscar alimentos doces", completa.

Em caso de exagero, a dica é retomar rapidamente a rotina de alimentação balanceada, hidratação com água e exercícios físicos. Para quem precisar de acompanhamento de saúde e até iniciar um plano de reeducação alimentar, a orientação é buscar a rede de 176 Unidades Básicas de Saúde. Elas são a porta de entrada para os serviços do Sistema Único de Saúde no Distrito Federal, de ações educativas ao atendimento especializado.
 

Para um feriado mais saudável, a dica é buscar chocolates compostos com pelo menos 70% de massa de cacau. Vale ainda se atentar à rotulagem nutricional que apresenta os ingredientes na descrição da embalagem obrigatoriamente na ordem decrescente de quantidade, isto é, do maior para o menor. Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF