Pacientes da Atenção Domiciliar contam com atendimento humanizado
Pacientes da Atenção Domiciliar contam com atendimento humanizado
Cuidados são prestados no aconchego de casa, ao lado da família
A pequena Letícia recebe os cuidados em casa da equipe multiprofissional do Nrad Centro-Sul - Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF

JURANA LOPES
Em todo o Distrito Federal, a Secretaria de Saúde possui Núcleos Regionais de Atenção Domiciliar (Nrad). As equipes são formadas por profissionais de diferentes especialidades que levam atendimento humanizado aos pacientes internados em casa. O trabalho preza por oferecer maior qualidade de vida e evitar a hospitalização de quem tem necessidades de cuidados paliativos ou que está acamado.O Nrad da Região de Saúde Centro-Sul possui duas equipes multiprofissionais e uma de apoio. Os servidores cuidam de 60 pacientes do Núcleo Bandeirante e 43 do Guará, um total de 103 pacientes no Programa de Internação Domiciliar (PID). As equipes são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionista, fisioterapeutas, psicólogos, assistente social e motorista. Somente em setembro, foram feitas 928 visitas aos pacientes, apenas na Região Centro-Sul.
“O trabalho do Nrad é muito gratificante e nossa equipe é bastante engajada, todos têm o perfil de trabalhar com a Atenção Domiciliar. Com isso, conseguimos alcançar nossa meta, que é retirar esses pacientes dos hospitais e oferecer todo o atendimento em domicílio, melhorando a qualidade de vida de toda a família”, explica a chefe do Nrad Centro-Sul, Andreia Brasil.
Benefícios do tratamentoAcompanhada desde os cinco meses de vida, a pequena Letícia Duhau, hoje com 2 anos, teve um grande progresso. Ela nasceu com hérnia diafragmática congênita (que impede a respiração e causa hipertensão pulmonar) e os médicos deram um prognóstico de apenas 33% de chance de sobrevivência. No entanto, após realizar os procedimentos cirúrgicos necessários e o acompanhamento com a equipe Nrad do Guará, ela está curada da hipertensão pulmonar e em fase de desmame do oxigênio.
“Ela teve um grande avanço, foi acompanhada pela fisioterapia, que me dava dicas de como estimular a função motora e de fala. Hoje, a Letícia está bem desenvolvida, fala e vai completar um ano que não precisou mais ser internada. A equipe do Nrad são anjos nas nossas vidas e foram fundamentais no desenvolvimento da minha filha”, relata emocionada Bárbara Duhau, mãe da garotinha.
De acordo com a médica de família e paliativista Michelle Lopes, acompanhar a evolução da Letícia é algo muito motivante para toda a equipe do Nrad, pois era uma paciente com prognóstico muito baixo e que está praticamente curada.
“Assim que retirarmos o oxigênio por completo dela, será uma criança totalmente curada e sem nenhuma sequela. Essa evolução é maravilhosa, ainda mais para a família que enfrentou tantos momentos de angústia. Hoje ela já fala, anda, isso é gratificante”, informa.
Acompanhamento prolongado
Luis Antônio Martins, de 25 anos, possui paralisia cerebral e é acompanhado pelo Nrad desde 2015. Ele sempre ficava internado com pneumonia, e depois que passou a ser acompanhado pela equipe multiprofissional em casa, não precisou mais ser hospitalizado.
”É um paciente com quadro de pneumonia de repetição, apesar de ter a doença com frequência, conseguimos tratar em casa para evitar que ele seja hospitalizado. Quando necessita de antibióticos, nossa equipe vem até aqui para aplicar a medicação”, explica Michelle.
Luis é filho adotivo de Vicentina Martins, ela e o esposo adotaram o paciente desde quando ele nasceu, mesmo sabendo do problema de saúde que ele tem.
“Meu filho é o meu maior presente. Nós cuidamos dele com todo amor e carinho e graças a essa equipe maravilhosa, nunca mais o Luis precisou ser internado. Não tenho nem palavras para agradecer pelo carinho e dedicação desta equipe”, agradece.
Assistência psicológica
Cuidar de um paciente paliativo é bastante cansativo, requer abdicação e entrega por parte do cuidador. Rosângela Aguiar é filha de dona Maria Doloures Aguiar, de 81 anos, técnica de enfermagem aposentada da Secretaria de Saúde. Ela teve um acidente vascular cerebral (AVC) há um ano e quatro meses e ficou com graves sequelas. Paralisou o lado esquerdo do corpo, passou a usar sonda e perdeu a fala. Durante os atendimentos, a equipe troca curativos, sondas e realiza limpeza de feridas.
“Eu parei a minha vida para cuidar da minha mãe, adaptei alguns espaços da minha casa e trouxe ela para cá. Como meus filhos já são casados, eu viajava bastante. Mas agora, me dedico tempo integral aos cuidados com ela. O que mais queremos é conseguir que ela recupere a fala, isso ajudaria muito”, afirma. Segundo Rosângela, a mãe sempre foi uma pessoa ativa, que gostava de viajar.
A psicóloga Juliana Tieko Kamio faz parte do Nrad do Núcleo Bandeirante desde 2016 e explica que o acompanhamento psicológico do cuidador e de toda a família é essencial.
“Precisamos tratar as questões emocionais dos cuidadores, pois é uma tarefa que causa muito cansaço, abdicação da vida pessoal e sobrecarga. Além disso, precisamos preparar o psicológico para um possível óbito, pois temos pacientes no fim da vida. Inclusive, fazemos uma visita pós-óbito para finalizar esse ciclo. Este é um trabalho essencial”, reitera a psicóloga.
Saiba mais sobre o serviço
A Atenção Domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, prestadas em domicílio, com vistas à redução da demanda por atendimento hospitalar e/ou redução do período de permanência de usuários internados, a humanização da atenção, à desinstitucionalização e à ampliação da autonomia dos usuários.
Essa modalidade assistencial é feita por uma equipe multiprofissional de saúde, que presta assistência a pessoas acamadas, dependentes de um cuidador que as auxilie nas atividades de vida diária, portadoras de sequelas e comorbidades de doenças crônicas como cuidados paliativos oncológicos e neurológicos, entre outros; úlceras de decúbito, em graus moderado e grave; traqueostomia; e com quadros clínicos estáveis.
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