27/11/2017 às 10h12

Procura por residência em medicina de família pode aumentar

Nos últimos anos, oferta de vagas saltou de oito para 60

BRASÍLIA (27/11/17) – Um total de 571 equipes de Estratégia Saúde da Família. Essa é a meta da Secretaria de Saúde, após a conversão do modelo de atenção primária. Todas elas deverão conter um médico de família e comunidade. Para estudantes de medicina, uma boa notícia para aqueles que ainda não decidiram qual especialidade cursar.

Em todo o país, há mais de 250 programas de residência. No ano passado foram ofertadas 2,7 mil vagas. No Distrito Federal, apenas a Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) e a Universidade de Brasília oferecem programas de residência de Medicina de Família e Comunidade. "E este governo trabalhou para aumentar a oferta de vagas nesta área, passando de oito vagas em 2013 para 60 em 2017, somente na Escs", observa a gerente de residência da instituição, vinculada à Secretaria de Saúde, Vanessa Campos.

O último edital aberto ofereceu 24 vagas e 33 estudantes pretendem fazer a prova para conquistar um lugar na Escs.

A residência em medicina de família dura dois anos. Durante este período, os estudantes fazem um rodízio por toda a rede pública de saúde e não somente na atenção primária. Segundo a coordenadora da Comissão de Residência Médica da Escs, Juliana Oliveira Santos, cerca de 90% da parte prática ocorre nas unidades básicas de saúde e o restante em hospitais, unidades de pronto atendimento e também em equipes de saúde da família para públicos específicos, como população de rua e carcerária.

ALUNOS - No primeiro ano de residência em medicina de família e comunidade, a estudante Júlia Barreira está atuando no Centro Pop, específico para população de rua, onde deve passar um mês sob a preceptoria do médico de família Jorge Samuel Dias Lima.

"Eu queria tratar a pessoa como um todo e tudo que o abrange, como o contexto familiar e o ambiente em que vive. Por isso, escolhi fazer essa residência. A gente não trata somente a doença, mas trabalha para melhorar os indicadores de saúde daquela comunidade", observa.

Ela é uma dos 29 residentes da especialidade atuando neste ano pela Escs. "Estamos com um na Região de Saúde Centro-Norte, 21 na Região Norte e sete na Região Sudoeste. Agora, vamos expandir para Ceilândia e Estrutural", detalha Juliana Oliveira.

Atualmente, os editais da Escs oferecem 24 vagas para o primeiro ano de residência e mais 24 para o segundo ano. "A previsão é de que em 2018 este número aumente para 30 vagas em cada ano", adianta Vanessa Campos.

CONVERSÃO – O processo de conversão do modelo de atenção para Estratégia Saúde da Família, substituindo clínicos, ginecologistas e pediatras por médicos de saúde da família, gera a expectativa de que a procura pela especialização aumente a partir do próximo ano.

"Com a melhoria do cenário, da infraestrutura e com a formação de preceptores especialistas, mestres e doutores na área, aumenta a segurança e deve aumentar a procura pela residência", espera a gerente de residência da Escs. Atualmente, 20 preceptores acompanham alunos nos dois anos de residência em medicina de família e comunidade.

Para o médico de família e comunidade Jorge Samuel, preceptor no Centro Pop, com o passar dos anos, as vantagens da conversão do modelo poderão ser sentidas mais de perto pela população. "Por conhecer o perfil da comunidade atendida, as consultas vão ficando menos demoradas, com mais resolutividade e, assim, será possível atender um número maior de pessoas em menos tempo", destaca.

ESPECIALIDADE - Homens, mulheres, gestantes, crianças, idosos. O médico de família é capacitado para atender a qualquer um desses públicos. "Ele atende a pessoa em sua integralidade, inserido na sua família e na sua comunidade", observa Juliana Oliveira.

A Medicina de Família e Comunidade começou no Brasil em meados da década de 70, com o movimento da saúde comunitária, e junto do Programa de Agentes Comunitários de Saúde foi uma das bases para a criação da Estratégia Saúde da Família (ESF) nos anos 90. Tanto a estratégia do SUS quanto a especialidade médica se encontram em franca expansão. 

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