Projeto Meu querido polvo ajuda na recuperação de bebês na UTI de Santa Maria
Projeto Meu querido polvo ajuda na recuperação de bebês na UTI de Santa Maria

Iniciativa que conta com bichinhos de crochê começou a ser implantada nessa semana
BRASÍLIA (29/3/17) – Aconchego e sensação de segurança é o que os tentáculos de polvos feitos de crochê proporcionam aos bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria. Denominada "Meu querido polvo", a iniciativa foi inspirada no projeto Octo, que surgiu na Dinamarca em 2013 e promove, comprovadamente, melhora na situação clínica. A previsão é de que os hospitais de Ceilândia e Taguatinga também adotem a ideia.
"Quando minha filha recebeu o polvo, agarrou e não soltou mais. Acho que ela se sente mais segura e aconchegante", relatou Antônia Elivanete de Oliveira, mãe da prematura Luana, que pesa 1,150 kg e tem apenas 15 dias de vida.
A gerente de enfermagem, Cintia Pelegrini, explicou que o projeto é uma parceria entre a equipe de servidores da Secretaria de Saúde e profissionais da empresa Intensicare, que prestam serviço na unidade. No local, há 18 leitos de UTI Neonatal, sendo que todos estão ativos e sendo utilizados.
"Temos diversos perfis de bebês prematuros e os tentáculos do polvo se assemelham ao cordão umbilical da mãe. Com isso, eles se sentem protegidos. Os relatos são de melhora nos sinais vitais e ganho de peso mais rápido. Além disso, o polvo evita que eles puxem a sonda e tubos instalados", disse a enfermeira.
O polvo, que deve ser feito com linha 100% de algodão, possui oito tentáculos com o tamanho de 22 centímetros. A medida de segurança garante tanto que não ocorra acidentes, quanto viabiliza o conforto, já que o brinquedo ocupa espaço na incubadora. Os bichinhos serão esterilizados cada vez que completarem entre cinco e sete dias ou, antes desse prazo, caso apresente necessidade de higienização.
HUMANIZAÇÃO - Para iniciar o projeto, que começou a ser elaborado em fevereiro desse ano, foi realizada uma oficina de crochê para a equipe multidisciplinar da UTI, composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e médicos. O evento foi ministrado pela artesã voluntária Noeme dos Reis, que também é mãe do fisioterapeuta da equipe, Ederson Paulo dos Reis.
"O grande objetivo do projeto é a humanização. Não é fácil fazer crochê, então, minha mãe tem bastante prática e se dispôs a fazer alguns. Já produziu oito deles. Cada um em duas horas. Como cada bebê vai levar o seu polvo para casa quando receber alta, nós estamos abertos a contribuições de quem pode ajudar com material ou de quem quiser produzir", disse o fisioterapeuta.
A técnica de enfermagem, Dayse Macedo, trabalha na UTI neonatal de Santa Maria há seis anos. Foram dois dias para fazer o primeiro polvo de crochê, após passar pela oficina. "Esse é um projeto humanizado, que só traz benefícios. Quero contribuir e fazer mais pelos bebês. Alguns chegam aqui com 500 gramas. Vê-los com saúde, recebendo alta, não tem preço", disse.
O neonatologista Marc Ruberto enfatiza que o projeto tem embasamento científico. Os tentáculos do polvo remetem ao ambiente intrauterino, o que deixa o bebê mais relaxado e tranquilo.
"São bebês que ainda precisam de ventilação mecânica, uso de medicamentos e ainda estão em estado grave. Com esse projeto, a gente consegue humanização para eles. Mesmo que ainda sejam muito pequenos, eles fazem a interação com o polvo, o que também reflete muito nas mães. Eles melhoram itens como respiração e débito cardíaco", informou o médico.
A ideia é que outras oficinas sejam realizadas com a participação das mães, que ficam no hospital para acompanhar os bebês. "Nós mostramos os polvos para as mães e todas demonstraram interesse em participar. Os benefícios são múltiplos para os bebês e mães fortalecerem seu vínculo, porque uma mãe que produz para o seu bebê, o qual ela não pode pegar no colo, estreita as relações, aproximando indiretamente", explicou a psicóloga Symone Gondim.
A psicóloga enfatizou que o primeiro contado desses recém-nascidos com mundo externo é na UTI e, por isso, levar o polvo ao receber alta é importante. "Para eles, a incubadora é a casa deles. Então, levando o polvo, um objeto conhecido que ele já tem vínculo, ajuda a se familiarizar com a nova casa, que é um ambiente estranho inicialmente" finalizou.
Interessados em contribuir com doação de linhas, agulhas ou mão de obra podem ligar para 3369-6920 ou 3392-6414. A fabricação exige o atendimento a orientações para garantir a segurança e esterilização.
Confira galeria de fotos aqui.