Quedas na velhice podem acarretar sequelas graves, alerta terapeuta
Quedas na velhice podem acarretar sequelas graves, alerta terapeuta

Recuperação do idoso após uma fratura pode ser um processo muito lento
BRASÍLIA (17/9/15) – Sofrer uma queda quando jovem pode trazer danos, mas quando isso ocorre na velhice os problemas podem ser ainda maiores. O alerta é da terapeuta ocupacional do Núcleo Saúde do Idoso da Secretaria de Saúde, Ângela Maria Sacramento, que destaca que o evento é muito mais comum do que se imagina e pode trazer sequelas graves.
"A recuperação do idoso após uma fratura é um processo bastante complicado, pois não apresenta um osso de qualidade e, na maioria dos casos, há a necessidade de intervenção cirúrgica e períodos prolongados de imobilização", destacou a profissional.
Segundo ela, dados de 2014 coletados pela Secretaria de Saúde mostraram que 27% dos idosos entrevistados relataram ter caído no último ano. Os números também são altos de acordo com Ministério da Saúde, que revela que 34,8% dos idosos caem uma vez ao ano, e a frequência chega a 40% para os idosos com 80 anos e a 50% quando moram em abrigos.
Para a profissional, é importante ressaltar que a maioria desses eventos ocorre dentro de casa, por isso, é essencial que a residência seja segura. "Aproximadamente 59% desses acidentes ocorreram em ambiente domiciliar e 19% dos idosos que sofreram quedas tiveram como consequência fratura", destacou Ângela.
As fraturas são a maior causa de morbidade e mortalidade secundária da osteoporose. Nos idosos, vértebras e fêmur são os ossos mais comuns de sofrerem fraturas.
"Em relação à fratura de fêmur, 90% das que afetam o quadril são em decorrência de quedas e, aproximadamente, um terço dos idosos perdem a independência e necessitam de cuidados familiares ou de outro cuidador. Após seis meses da fratura, mais de 50% dos pacientes ainda apresentam queixas de dor e requerem assistência", informou a profissional.
ESTRUTURA FRAGILIZADA – A terapeuta explica que com o processo de envelhecer os ossos tornam-se progressivamente mais vulneráveis a fraturas, pois mostram uma perda progressiva de cálcio, ou seja, há de uma forma geral perda do tecido ósseo tanto nos homens como nas mulheres. As mudanças em certos níveis de hormônios, deficiências alimentares e falta de exercício físico podem estar relacionados com essa perda óssea no envelhecimento.
Com isso, surge a osteoporose, a doença facilita a ocorrência das fraturas e acontece com maior frequência e mais cedo nas mulheres do que nos homens. No Brasil a prevalência é de 22,2% e 33,2% nas mulheres acima de 65 anos, e nos homens estas taxas são bem menores com 6,4% e 16,1% em homens acima de 65 anos.
"A diminuição óssea é mais evidente nas mulheres e inicia-se por volta dos 55 anos, após a menopausa. Nesse caso, surge a osteoporose e a possível causa decorre de níveis diminuídos de estrogênio, que é o hormônio que sofre redução drástica com a menopausa", disse a terapeuta.
FIQUE ALERTA AOS FATORES DE RISCO - Os idosos que mais sofrem quedas são aqueles com 80 anos, do sexo feminino. Os agravantes são imobilidade, falta de atividade física, alteração da marcha e desequilíbrio, fraqueza muscular e diminuição da acuidade visual (em função de doenças como catarata). Também estão na lista o declínio cognitivo, uso de vários medicamentos (polifarmácia) e a história de queda anterior (uma ou mais quedas no ano anterior aumentam o risco de novas quedas no ano subsequente).
Quanto aos fatores externos, que aumentam o risco de queda em até 50%, estão iluminação inadequada, tapetes, piso escorregadio, degraus altos ou estreitos e obstáculos no caminho como fios soltos e brinquedos no chão.
"As pessoas também devem tomar cuidado com a ausência de corrimãos em corredores e barras no banheiro, sapato inadequado e falta de acessibilidade", finalizou a terapeuta, ao citar calçada mal conservada e com buracos, falta de rampas e transporte coletivo adaptado.
O QUE FAZER SE O IDOSO CAIR? A palavra chave para o idoso é prevenir e evitar a queda. Os familiares não devem restringir o idoso de sair de casa ou mesmo que desempenhe suas atividades do cotidiano, mas, caso isso ocorra, o idoso nunca deve levantar-se imediatamente. O melhor é manter a calma, verificar se há algum sangramento ou lesão e chamar a ambulância para levá-lo ao hospital. É importante fazer uma avaliação médica para verificar se não houve lesão não visível aos olhos ou algum outro dano.
"Ao chegar ao serviço de emergência, é importante relatar como ocorreu a queda aos profissionais de saúde, pois pode ajudar a identificar lesões como fraturas ou contusões, e prevenir novas quedas. Não se deve usar medicamentos sem prescrição do médico", finalizou a profissional.