Saúde alerta para as doenças mentais mais frequentes
Saúde alerta para as doenças mentais mais frequentes
Por Patrícia Kavamoto, da Agencia Saúde DFFoto Renato Araújo
Centros de Atenção Psicossocial oferecem atendimento integral e multidisciplinar
A depressão e os transtornos de ansiedade são as doenças psiquiátricas mais comuns. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão se tornou o segundo maior problema de saúde pública no mundo. Outro transtorno mental frequente é a dependência de álcool, que gira em torno de 12% da população nacional. Classificam-se como transtornos de ansiedade o pânico, com incidência de 3,5% na população, e o transtorno de ansiedade generalizada, com 3,4%. Considerados menos comuns, a esquizofrenia e o transtorno de humor bipolar atingem, cada um, cerca de 1%. As doenças mentais, assim como a maioria das doenças, resultam da combinação de diferentes fatores.
Os Transtornos Mentais e Comportamentais são identificados e diagnosticados por meio de métodos clínicos semelhantes aos utilizados para os transtornos físicos. “Esses métodos incluem uma cuidadosa entrevista (anamnese) realizada com o paciente e com outras pessoas quando necessário, incluindo sua família, além de um exame clínico sistemático para verificar o estado mental e suas condições orgânicas, testes e exames especializados que forem necessários”, explica a psiquiatra da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), Sabrina Toledo. Segundo a especialista, há casos em que essas doenças estão ligadas. “A associação de pelo menos duas patologias num mesmo paciente, a chamada comorbidade, é bastante comum”, diz.
Os critérios diagnósticos de cada doença são definidos pela 10ª Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). Abaixo seguem as principais características relacionadas à depressão e aos transtornos ansiosos.
•Episódio de depressão
Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão (leve, moderado ou grave), o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se problemas do sono e diminuição do apetite. Há também uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e frequentemente ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves.
•Transtorno de pânico
A característica essencial deste transtorno são os ataques recorrentes de uma ansiedade grave (ataques de pânico), que não ocorrem exclusivamente numa situação ou em circunstâncias determinadas, mas de fato são imprevisíveis. Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência brutal de palpitação e dores torácicas, sensações de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrrealização). Frequentemente, há também o medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco.
•Síndrome de dependência ao uso de álcool
Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de álcool, tipicamente associado ao desejo poderoso de consumi-lo, à dificuldade de controlar esse consumo, à utilização persistente.
•Transtorno de Ansiedade Generalizada
Caracterizado por ansiedade generalizada e persistente que não ocorre exclusivamente nem mesmo de modo preferencial numa situação determinada (a ansiedade é “flutuante”). Os sintomas essenciais são variáveis, mas compreendem nervosismo persistente, tremores, tensão muscular, transpiração, sensação de vazio na cabeça, palpitações, tonturas e desconforto epigástrico. Medos de que o paciente ou um de seus próximos irá brevemente ficar doente ou sofrer um acidente são frequentemente expressos.
Os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, pelo menos 20% da população mundial. Para a psiquiatra Sabrina Toledo, tais doenças, em alguns casos, têm cura. Em outros, é possível obter remissão e controle dos sintomas. Cada paciente deverá ser avaliado e tratado individualmente. De um modo geral, doenças mentais mais atreladas à personalidade, podem ser bem controladas pela psiquiatria e pela psicologia, enquanto as situações reativas, em que ela apresenta uma alteração repentina em seu psiquismo, podemos falar mais facilmente em cura definitiva.
Tratamento
A porta de entrada do paciente diagnosticado com doenças mentais é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Trata-se de uma unidade especializada de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, que oferece tratamento integral e multidisciplinar (psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, técnicos enfermagem, assistente social) com base em projetos terapêuticos individuais. Para ter acesso aos serviços do CAPS, basta procurar a unidade mais próxima de sua residência, com documentos pessoais e comprovantes de endereço. No DF, existem 16 CAPS. Desses, nove são voltados especificamente para o atendimento a usuários de álcool e drogas (ad), sendo que três funcionam 24 horas (III) e dois são para atendimento à infância e à adolescência (adi). Confira aqui os endereços das unidades de saúde que oferecem tratamento aos transtornos mentais.