23/10/2020 às 14h31

Saúde alerta que período chuvoso facilita o aparecimento de barbeiros

O controle desses vetores é feito pela Vigilância Ambiental, que faz recomendações à populaçãoTrypanosoma cruzi

Estudos e amostragem do inseto Barbeiro, transmissor da doença de chagas - Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

 

CRISTINA SOARES

 

Com o chegada do período chuvoso, a Vigilância Ambiental alerta a população para a possibilidade de que os barbeiros (triatomíneos) - insetos que podem transmitir a doença de chagas – apareçam na área urbana, principalmente em residências próximas a locais arborizados, sempre motivados pela procura de alimentos e atraídos pela luz artificial das moradias.

 
O protozoário (parasito) causador da doença é o e está presente nas fezes do barbeiro. Não há casos autóctones da Doença de Chagas registrados no Distrito Federal. Em 2020 foram encontrados 536 barbeiros em todo o DF, sendo 99,2% em áreas rurais.

“A invasão dos insetos dentro das residências de área urbana, principalmente em apartamentos, é rara e pode ser explicada porque os voos dos barbeiros são auxiliados por correntes de ventos ou se alojam em penas dos pássaros, provenientes de matas próximas’, informa a bióloga da Vigilância Ambiental, Vilma Ramos.

 

A bióloga destaca ainda que “não é porque o barbeiro está com o parasita que ele vai infectar uma pessoa”. Entre a infecção chagásica e a possibilidade de adoecer com a doença de Chagas vários fatores devem estar relacionados, como: tempo de evacuação do vetor após se alimentar; do prurido (coceira) causado no local da picada; da quantidade de parasitas tripanosomas introduzidos na picada, fator de grande importância para o desenvolvimento da doença, entre outros.

 

“O barbeiro pica a pessoa, que sentirá uma coceira, arranha a pele e é aí que pode haver o contato do parasita presente nas fezes com a pele lesionada, contaminando a corrente sanguínea. É um processo complexo e não tão simples de acontecer”, destaca Vilma.

   

O Programa de Vigilância Entomológica dos Triatomíneos, da Vigilância Ambiental, tem como objetivo atuar no domicílio para interromper a infestação e ou reinfestação dos barbeiros. A partir disso, são adotadas medidas operacionais para o controle, que incluem: barreiras físicas nos locais que possam ser esconderijos deles e a intervenção com aplicação de produto químico, quando assim o exigir.

 

A orientação é de que os insetos suspeitos de serem barbeiros sejam capturados em um vidro ou sacola, sem colocar em álcool ou água, e enviados à Vigilância Ambiental para confirmação da espécie e contaminação. A vigilância pode ser acionada pelo telefone 2017-1344 ou diretamente nos Núcleos Regionais de Vigilância Ambiental (Arquivo em Anexo 1veja aqui os endereços).

 

“A amostra seguirá para laboratório para identificação. Se for confirmado que se trata do barbeiro, o agente da vigilância agendará uma inspeção na casa do morador e, se necessário, aplicará as medidas indicadas para o controle”, reforça Vilma.

 

Recomendações

 

A coleta do inseto suspeito deve ser precedida de cuidados para não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto, protegendo bem a mão com luva ou saco plástico; ter o cuidado de não tocar diretamente o inseto; ou acondicioná-los em recipientes plásticos ou de vidro, com tampa de rosca para evitar a fuga; as amostras coletadas de barbeiros em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou quintal) deverão ser acondicionadas separadamente, com os recipientes rotulados: data, endereço completo e nome do responsável pela coleta, local de captura, se dentro da casa (qual o cômodo) ou fora dela.

 

Nas residências as recomendações são de telar as janelas com telas mosquiteiros apropriados, a fim de criar uma barreira mecânica ao ingresso de barbeiros e outros insetos ou animais indesejados; os locais com potencial de se tornar esconderijos de barbeiros deverão ser tampados/vedados; na limpeza do domicílio devem ser inspecionados atrás dos quadros nas paredes, embaixo dos colchões e travesseiros, para verificação sistemática de possíveis esconderijos deles pela proximidade com a fonte alimentar (pessoas dormindo), frestas em paredes e evitar amontoados de pertences que sirvam de esconderijos.