23/09/2013 às 16h22

Saúde alerta sobre busca rápida de atendimento em casos com AVC

Taxas de mortalidade giram em torno de 30% a 40%

As unidades da Secretaria de Saúde estão preparadas para atender os casos de acidente vascular cerebral (AVC), mas o paciente deve buscar ajuda o mais rápido possível. O alerta é da diretora de Assistência às Urgências e Emergências (Diure), a neurologista Marinice Cabral Moraes. Segundo ela, quanto mais rápido for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de o paciente se recuperar e evitar sequelas.

O AVC, popularmente conhecido como derrame, atinge 16 milhões de pessoas no mundo a cada ano e seis milhões acabam morrendo. A doença é a primeira causa de morte no país e está entre as mais letais do mundo. No Brasil, o número de vítimas fatais por AVC chega a 68 mil pessoas por ano.

Em Brasília não é diferente. Apesar de não haver estatísticas confiáveis sobre o problema, pois a notificação não é compulsória, somente a rede pública de saúde atende pelo menos 170 pessoas com AVC todos os meses.

O risco de AVC, de acordo com a neurologista, aumenta com a idade, sobretudo após os 55 anos, e as taxas de mortalidade giram em torno de 30% a 40%. Entretanto, nos últimos anos vem sendo registrado um avanço de casos entre os jovens.

Segundo Marinice, para enfrentar esse sério problema de saúde pública, é necessária a adoção de medidas para a prevenção e tratamento da doença. Na capital federal, o Centro Neurocardiovascular do Hospital de Base é referência para o tratamento dos casos de acidentes vasculares cerebrais com atendimento 24 horas.

A unidade, inaugurada em junho de 2012, mantem um serviço de excelência que já apresenta resultados bastante positivos, com significativa redução de mortalidade. Com equipamentos de última geração, leitos e equipe multidisciplinar, além de higienização de acordo com os padrões internacionais fizeram da unidade um exemplo a ser seguido.

O Centro, que também atende vítimas de infarto, é composto por uma sala vermelha (para pacientes mais graves),  amarela (para enfermos de menor gravidade) e  intermediária.  São 11 leitos modernos com equipamentos de última geração. O ambiente lembra uma UTI, não só pela disposição dos mobiliários, equipamentos, limpeza, mas também pela quantidade de profissionais envolvidos no processo clínico.

Isquêmico e hemorrágico

Existem dois tipos de acidente vascular cerebral: o isquêmico e o hemorrágico. No AVC isquêmico, há a obstrução de um vaso sanguíneo que leva à diminuição da circulação em determinada região do cérebro. Já no hemorrágico, acontece a ruptura de um vaso sanguíneo com sangramento.

O tabagismo, o uso abusivo do álcool, a hipertensão, colesterol elevado,o diabetes e o histórico familiar estão entre os principais fatores que desencadeiam o AVC. Também estão entre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença, a alimentação inadequada, o consumo excessivo de gordura e a falta da prática de atividade física.

Entre os sintomas para identificar o AVC estão a perda de força muscular de um lado do corpo; a fala enrolada; o desvio da boca para um lado do rosto; a sensação de formigamento no braço; dores de cabeça súbitas ou intensas; tontura; náusea; e vômito.

Segundo a diretora da Diure, é possível prevenir o acidente vascular com medidas simples como praticar exercícios físicos, ter alimentação saudável, evitar o fumo e o consumo de álcool. É importante ainda manter as taxas de pressão e do colesterol em níveis recomendáveis.

Acidente vascular cerebral, alerta Marinice,  é uma emergência médica. O paciente deve ser encaminhado imediatamente para atendimento hospitalar. “O paciente pode chamar o Samu ou procurar uma UPA ou a pronto socorro de um hospital regional para o primeiro atendimento”, destaca.

O DF, de acordo com a médica, aplica o protocolo internacional para o tratamento do acidente vascular cerebral com o uso de medicamentos trombolíticos e anticoagulantes. Já a cirurgia pode ser indicada para retirar o coágulo, aliviar a pressão cerebral ou revascularizar veias ou artérias comprometidas.

Em 2012, o Ministro da Saúde, anunciou a redução de 32% da taxa de mortalidade por AVC em pessoas de até 70 anos, faixa etária que concentra o maior número de mortes  pela doença. Nos últimos dez anos, a taxa caiu de 27,3 % para 18 mortes a cada 100 mil habitantes, o que representa uma redução média anual de 3,2%, segundo dados do Ministério da Saúde.

Celi Gomes