Secretaria de Saúde lança guia inédito sobre dermatite atópica
Secretaria de Saúde lança guia inédito sobre dermatite atópica
Documento deve apoiar famílias e combater preconceitos contra a doença
Michelle Horovits, da Agência Saúde DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) lançou um guia prático para orientar pais, cuidadores e profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) no manejo da dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico. A publicação reúne recomendações atualizadas de fontes nacionais e internacionais, em linguagem acessível e adaptada à realidade das famílias atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica, de origem alérgica e hereditária, que causa ressecamento, coceira, descamação e vermelhidão na pele. Apesar de ser a forma mais comum de dermatite, a condição ainda é cercada de mitos.

“Muitas pessoas acreditam que se trata de uma doença contagiosa, mas isso não é verdade. Esse estigma provoca constrangimento e sofrimento emocional, principalmente em crianças e adolescentes. O guia vem justamente para ampliar a informação e fortalecer a rede de apoio às famílias”, explica o médico José Ramos, Referência Técnica Distrital em Saúde da Família e Comunidade.
Orientações práticas
O guia reúne medidas simples e eficazes para o controle da doença, como a hidratação contínua da pele, o uso correto de corticoides tópicos, o reconhecimento precoce de sinais de infecção e a técnica do pijama úmido. Também orienta a evitar fatores desencadeadores, como banhos quentes, exposição a poeira, mofo, ácaros, pólen e situações de estresse.
Segundo Ramos, a informação correta pode transformar o cuidado: “Quando a família entende como cuidar da pele em casa, conseguimos reduzir o número de crises, melhorar a adesão ao tratamento e aumentar a qualidade de vida. É uma forma de tornar o SUS mais resolutivo e próximo da comunidade.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 35% da população mundial conviva com algum tipo de alergia e projeta que, até 2050, metade da população poderá ser afetada. No Brasil, milhões de pessoas vivem com dermatite atópica em diferentes graus.
Além do impacto clínico, a doença pode trazer consequências sociais. A visibilidade das lesões, especialmente em crianças, pode gerar isolamento, bullying e baixa autoestima. Para Ramos, combater a desinformação é essencial: “O conhecimento é o primeiro passo para quebrar preconceitos e garantir acolhimento.”

Base científica
O documento foi produzido a partir de referências reconhecidas, como o UpToDate (2025), o Guia prático de tratamento da dermatite atópica grave da ASBAI/SBP (2023) e o Tratado de Pediatria (2025). Todo o conteúdo foi adaptado ao contexto da Atenção Primária, respeitando princípios de equidade, integralidade e ética em saúde.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) informa que o material já está disponível para profissionais e será distribuído em unidades básicas, escolas e canais digitais da pasta, fortalecendo a rede de cuidado e o combate à desinformação.