Uma vida dedicada a salvar vidas
Uma vida dedicada a salvar vidas
Conheça a trajetória da médica Miriam Santos e seu trabalho com as políticas de aleitamento maternoHeróis da SaúdeHeróis da Saúde
GUILHERME PEREIRA, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF | EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA, NATALIA OLIVEIRA
A dedicação e o cuidado na assistência à saúde das crianças em suas fases evolutivas fazem parte, há 30 anos, da rotina da médica pediatra Miriam Santos. Um estímulo fundamental para todos esses processos é a amamentação prolongada, tema bastante defendido pela profissional, quem desenvolve um serviço na rede pública de saúde, junto com uma equipe multiprofissional, referência para vários países.
A doutora Miriam, como é conhecida por seus colegas, é coordenadora das políticas de aleitamento materno da rede pública de saúde do Distrito Federal desde 2008 e a segunda personagem da série , na semana do servidor. Mas sua história profissional no Sistema Único de Saúde (SUS) na capital federal começou antes, em 1991, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Na unidade, ela começou como estagiária de pediatria, área que viria a ser sua especialidade futura e que, desde seus primeiros passos na medicina, foi sua maior ambição.
Como principal característica, Miriam descreve-se uma pessoa insistente, especialmente nos processos que envolvem sua área. “Sou uma digna representante de quem não chora, não mama”, brinca. Hoje, ela concentra seus esforços como profissional para desenvolver melhorias no serviço de amamentação do DF.
Trajetória
Natural de Brasília, Miriam cursou medicina na Universidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Recém-formada, retornou ao Distrito Federal e iniciou sua trajetória na rede pública. Hoje, é a responsável direta pela coleta, armazenamento, estocagem e distribuição de leite materno para milhares de famílias assistidas pela Secretaria de Saúde, às quais a mãe não pode amamentar o filho.
“Sou taguatinguense nata e sempre quis trabalhar no HRT. Eu sempre acreditei no SUS. Hoje, isso me possibilita dar mais qualidade de vida às famílias. Esta é a minha ambição, melhorar o aleitamento do DF para daqui a alguns anos vermos as taxas de hipertensão, diabetes, obesidade e demais doenças crônicas diminuírem. Podemos evitar todos esses males com a amamentação prolongada”, destaca.
Embora faça parte da equipe de gestores da pasta, Miriam nunca saiu da escala do HRT e faz questão de prestar plantões na pediatria do hospital. Aos 55 anos, a palavra aposentadoria ainda não está nos planos da médica. “Eu já poderia me aposentar. Tem dias que me dá vontade mas, ao mesmo tempo, eu vejo coisas boas acontecerem, como, por exemplo, a gente bater a meta de coleta de leite e conseguir mais doadoras, isso tudo me motiva a continuar. Eu ainda tenho algumas coisas que eu queria concluir antes de me aposentar”, revela.
Aleitamento materno
Quando o assunto é aleitamento materno, Miriam Santos faz questão de enfatizar a importância e os aprendizados diários com cada história de vida que passa por ela ou por suas equipes. "Hoje temos famílias que já estão na 4ª geração de doadoras. Virou uma tradição e eu tenho 30 anos de participação nisso”.
O trabalho desenvolvido pelas equipes dos bancos de leite sob coordenação da pediatra é reconhecido em toda parte. Apesar de ainda ser uma cidade jovem e com um índice de habitação inferior às várias capitais e metrópoles, Brasília é a cidade que, proporcionalmente, mais coleta leite humano por ano.
De janeiro a setembro de 2021, o Banco de Leite Humano (BHL) realizou mais de 108 mil atendimentos, dos quais 24,5 mil foram visitas domiciliares, oportunidade em que o Corpo de Bombeiros recolhe o leite coletado pela mãe. Atualmente, 5.149 pessoas estão cadastradas como doadoras de leite humano e 10.396 como receptoras. Mais de 14 mil litros de leite humano já foram coletados neste ano.
Pandemia
Miriam dos Santos revela ter ido às lágrimas no dia 11 de março de 2020, data em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que estávamos em estado de pandemia. Uma quarta-feira que trouxe muito medo ao serviço de aleitamento do DF. Contudo, passado o primeiro impacto da doença, a doutora revela uma boa surpresa. “Coletamos mais leite em 2020 do que em 2019. A gente acredita que, em função das medidas de isolamento, as mães não saiam de casa e, com isso, amamentavam mais. Logo, produziam mais leite. Quanto mais aumenta a amamentação, mais aumenta a doação”, explica.
A pandemia exigiu uma série de adaptações ao serviço de coleta, como a instalação de um teleatendimento direcionado a responder as dúvidas das doadoras, e o reforço da parceria com os Bombeiros, que intensificaram o serviço de coleta ao longo do ano.
Após superar a pior fase desta crise, Miriam olha para frente e ainda vê várias metas a serem conquistadas. Ao mesmo tempo, vê vários progressos no serviço de aleitamento, mas acima de tudo, vê a integração entre todos os serviços de assistência à saúde como fundamental. “Não basta que as nossas crianças sobrevivam, elas precisam ter qualidade de vida. Elas têm que ter acesso à educação e à segurança, para que no futuro, além de menos doenças crônicas, possamos ter uma sociedade melhor”, finaliza.
Na semana do servidor, a série irá destacar, ao longo do período, o trabalho dos profissionais da rede pública do DF e suas respectivas missões profissionais e trajetórias de vida com os cidadãos e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.
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