16/12/2013 às 17h40

Uso de sal na comida deve ser reduzido

Consumo excessivo está relacionado a problemas como hipertensão



O brasileiro consome, em média, 12 gramas diárias de sal, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda apenas cinco gramas por dia. Como o consumo excessivo de sódio, presente no sal de cozinha, está relacionado a problemas de saúde como hipertensão e Acidente Vascular Cerebral (AVC), especialistas alertam para a necessidade de redução da substancia nos alimentos.

“O brasileiro tem a cultura de salgar a comida, mas o sal não é tempero e seu consumo deveria ser bastante reduzido, tanto nos alimentos feitos em casa, como em restaurantes e nos industrializados”, ressalta o Coordenador de Hipertensão da Secretaria de saúde, Lucimir Maia.

Dados de pesquisa do Ministério da Saúde revelam que quase 60% da população brasileira acima de 60 anos sofria de hipertensão em 2012. A doença atinge 24,3% da população em geral. A hipertensão é reconhecidamente um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

Para minimizar o problema, o Ministério da Saúde promove um programa de diminuição da quantidade de sódio nos alimentos industrializados. A quarta etapa do acordo do MS com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), formalizada no inicio de novembro, prevê redução, em quatro anos, de 68% do teor do elemento químico em laticínios, sopas e embutidos.

Desta vez, a redução inclui sopas prontas, nos laticínios e nos embutidos, que se somarão as treze categorias de alimentos que já fazem parte do acordo. Em alguns casos, a redução do teor de sódio chegará a 68% e deverá ser atingida em quatro anos. Com o acordo, a iniciativa passa a abranger 90% dos alimentos industrializados consumidos no país, segundo o ministério.

“Toda ação visando reduzir a quantidade de sódio na comida industrializada deve ser valorizada, pois a maior parte do sal que ingerimos vem dos alimentos processados, mas ainda falta muito pra chegamos a patamares adequados”, diz Lucimir. Segundo ele, essas medidas são de médio e longo prazo e é preciso investir em ações de conscientização da população agora como forma de diminuir a mortalidade cardiovascular.

Se chegasse ao consumo médio ideal, o Brasil teria forte impacto na qualidade de vida dos brasileiros e na redução das mortes atribuídas à hipertensão e às suas complicações, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Estima-se que esta mudança acarretaria 15% menos mortes por AVC (acidente vascular cerebral) – hoje a principal causa de morte entre os brasileiros e responsável por 100 mil óbitos só em 2011 – e 10% menos mortes por infarto. Além disso, seria possível reduzir em 1,5 milhão o número de pessoas que necessitam de medicação para controlar a pressão alta. Outro ganho seria o acréscimo de mais quatro anos na expectativa de vida dos hipertensos.

RENOVAÇÃO - O Ministério da Saúde e a indústria também vão renovar a cooperação, iniciada em 2007, que permitiu a reformulação das fórmulas dos alimentos processados.

Além da parceria para redução do teor de sódio, o acordo de cooperação também permitiu a retirada de 230 mil toneladas de gordura trans do mercado. Estudo feito pela ABIA, em parceria com o governo federal, revelou que 94,6% das empresas ligadas à entidade, alcançaram a meta estabelecida em 2007, que limita a 5% de presença de gordura trans do total de gorduras em alimentos industrializados e 2% do total de gorduras em óleos e margarinas.

A renovação do acordo vai permitir estudos e debates para definir as categorias prioritárias e montar o próximo passo: a redução de açúcar e gorduras totais e saturadas.

Por Celi Gomes, da Agência Saúde DF
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