12/09/2025 às 10h17

Vacina contra o sarampo: mitos e verdades

Desinformação sobre o imunizante continuam circulando, mas a Secretaria de Saúde reforça: a única forma de proteção é a vacinação

Michele Horovits, da Agência Saúde DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan

A desinformação em saúde é um dos maiores desafios enfrentados pelas instituições da área. Notícias falsas circulam rapidamente, especialmente nas redes sociais, colocando em risco a proteção de toda a população. Entre os mitos mais persistentes estão os supostos tratamentos caseiros, a ideia de que vacinas poderiam causar autismo e que a imunidade natural seria melhor que a da vacina.

Segundo Tereza Luiza Pereira, gerente da Rede de Frio Central da Secretaria de Saúde (SES-DF), essas crenças colocam vidas em risco: “Algumas pessoas acreditam que tomar algum chá ou banho caseiro pode ajudar na cura do sarampo. Isso é mito. Enquanto a pessoa perde tempo com soluções que não funcionam, continua circulando em ambientes como escolas, trabalhos e transportes públicos, transmitindo a doença para mais pessoas. O correto é procurar imediatamente uma unidade de saúde”, afirma.
 

Garantia de proteção para toda a comunidade: Tereza Luiza Pereira reforça que a única forma de evitar o sarampo é manter a caderneta atualizada. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF


Em 2024, foram aplicadas 84,9 mil doses da vacina tríplice viral no Distrito Federal. Em 2025, até 6 de setembro, já foram registradas 66,3 mil aplicações. No que se refere à cobertura vacinal em crianças de 1 ano de idade, em 2024 os valores alcançaram 97,2% para a primeira dose e 88,3% para a segunda. Em 2025, até o momento, a cobertura é de 92,7% para a primeira dose e 82,6% para a segunda aplicação do imunizante.

Estudo falso deu origem ao mito do autismo

A narrativa enganosa sobre vacinas e autismo surgiu em 1998, a partir de um estudo fraudulento conduzido pelo médico britânico Andrew Wakefield, publicado na revista The Lancet¹. O trabalho usou dados manipulados e foi posteriormente desmentido². O artigo foi retirado da revista e o autor perdeu a licença médica.

Apesar disso, a desinformação persiste até hoje, sendo adaptada, inclusive, durante a pandemia da covid-19. "É importante reforçar: vacinas não causam autismo. Diversos estudos científicos em larga escala comprovam de forma consistente a segurança dos imunizantes.", alerta Tereza Luiza Pereira. 

Sarampo pode matar

Os principais sintomas da doença são: febre alta, manchas vermelhas na pele (exantema), coriza e conjuntivite. 

“O sarampo não é uma doença inofensiva, um mito que muitas pessoas pensam. Ele pode levar à morte, especialmente em crianças menores de um ano, pessoas imunodeprimidas e gestantes. Além disso, pode deixar sequelas graves, como a surdez infantil”, explica a especialista.
 

A vacina é disponibilizada gratuitamente e essencial para proteger crianças, idosos e pessoas vulneráveis contra o sarampo, doença altamente contagiosa e potencialmente grave. Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF


No Brasil, o sarampo havia sido eliminado em 2016. Porém, a queda da cobertura vacinal nos últimos anos permitiu o retorno da doença, que é altamente contagiosa e pode causar complicações como pneumonia e encefalite.

“Se a pessoa apresentar esses sintomas, deve colocar máscara e procurar imediatamente o serviço de saúde. Não existe chá, banho ou remédio caseiro que substitua a atenção médica”, reforça a gerente.
 

Arte: Agência Saúde DF


Vacinar é um ato de cuidado coletivo

A vacina tríplice viral está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde. "Manter a caderneta em dia é a forma mais segura de proteger a si mesmo e toda a comunidade. Não caia em fake news. Vacinar é um ato de cuidado, responsabilidade e amor à vida."

 

¹Taylor LE, Swerdfeger AL, Eslick GD. Vaccines are not associated with autism: an evidence-based meta-analysis of case-control and cohort studies. Vaccine. 2014.
²DeStefano F. Vaccines and autism: evidence does not support a causal association. Clinical Pharmacology & Therapeutics. 2007.