20/11/2014 às 12h14

Aumenta o número de doações de órgãos e tecidos em Ceilândia

Saúde realiza transplantes de coração, rins, fígado, pulmão, pâncreas e córneas

BRASÍLIA (20/11/14) - O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) destacou-se pelo aumento no número de notificação e doação de órgãos no segundo semestre de 2014. Foram sete notificações de morte encefálica e cinco doações efetivas correspondendo todas as famílias entrevistadas que doaram os órgãos de seus entes queridos.

Durante esse período, foi reformulada a nova composição da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) e o aumento desses casos se deu basicamente pelas ações educativas desempenhadas ao longo do semestre junto aos profissionais do HRC.

A CIHDOTT do hospital é responsável por acompanhar o diagnóstico de Morte Encefálica e, após sua confirmação, seja encefálica ou por parada cardíaca, acolhe familiares para realização da entrevista.

Segundo o especialista em Doação e Transplantes de Órgãos e Coordenador da CIHDOTT do HRC, Jonathan Borges, a entrevista familiar nada mais é que uma conversa no intuito de esclarecer as dúvidas quanto ao diagnóstico e explicar o direito da doação de órgãos.

"Nesta conversa devem ser dirimidas todas as dúvidas sobre o diagnóstico do paciente e também esclarecidos todos os aspectos relacionados à doação. Caso a família dê o consentimento, deve ser assinado o termo de autorização para doação de órgãos e tecidos. A decisão da família é sempre respeitada", esclarece Jonathan.

A doação de órgãos e tecidos é realizada sempre depois de constatada a morte encefálica (para múltiplos órgãos e tecidos) ou a morte pós-parada cardíaca (doação de tecidos: córnea, ossos, pele) seguida da autorização familiar, conforme determina a legislação.

Critérios usados para abertura do protocolo de morte encefálica

De acordo com a CIHDOTT, são realizados testes de forma inequívoca, para esclarecer a situação neurológica do paciente devidamente, protocolados pelo Conselho Federal de Medicina – na Resolução 1480/1997.

Cada teste visa os pares de nervos cranianos do cérebro, no intuito de investigar fluxo, atividade elétrica ou metabólica. Estes testes são realizados em três etapas, subdividindo-se em dois momentos: exames clínicos e exame complementar. Devem ser realizados por médicos diferentes, sendo um destes obrigatoriamente um neurologista.

O exame complementar é realizado por um neurocirurgião que averiguará mediante a técnica disponível (EEG, Dopller Transcraniano, etc) se há atividade encefálica compatível com a vida.

A Secretaria de Saúde realiza transplante de coração, rins, fígado, pulmão, pâncreas e córneas. A seleção de transplantes é rígida informa Jonathan Borges, atualmente se dá por meio do Sistema Lista Única, variando de acordo com cada órgão a ser transplantado.

"Os receptores são inscritos no Cadastro Técnico Único pelas equipes transplantadoras, após uma minuciosa avaliação. A responsabilidade pela gestão dessa lista fica com o Ministério da Saúde e as Centrais Estaduais de Transplantes. Além do tempo em lista, são levadas em consideração critérios como igualdade e compatibilidade sanguínea e histocompatibilidade para diminuir o risco de rejeição pós-transplante", relata Jonathan.

A validade de um órgão para transplante varia de acordo com a sua natureza: coração até 4 horas, pulmão até 6 horas, fígado e pâncreas até 12 horas, rins até 36 horas e córneas até 14 dias.

O Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do Núcleo de Captação de Órgãos, em parceria com o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, disponibiliza especialistas em doação, captação e transplante de órgãos para atuar na gestão e implementação das Comissões. Atualmente são 13 hospitais que recebem este projeto. Dez deles em São Paulo, um no Goiás, um no Rio de Janeiro e um no Distrito Federal.

Aspectos relacionados à doação de órgãos que ainda geram dúvidas

A doação de órgãos e tecidos hoje, no Brasil, é consentida. Ou seja, apenas com a autorização da família (parentes de até segundo grau: pai, mãe, avô, avó, filhos, netos e cônjuges bem como os casos regidos por mandatos judiciais), não havendo a necessidade de relatar em documento de identidade a vontade de ser doador. Apenas este consentimento possui valor legal, então a comunicação com a família é fundamental.

Algumas famílias apresentam receio quanto à doação de órgãos do ponto de vista estético. A retirada de órgãos é um procedimento cirúrgico, realizado por uma equipe devidamente capacitada e habilitada pelo Ministério da Saúde e a entrega do corpo integro está prevista na Lei, ou seja, não há que se preocupar com deformações ou mutilações nesse processo.

Uma outra preocupação que assombra os familiares quanto à doação de órgão é o tráfico. Hoje, para que seja retirado um órgão, são necessários vários documentos e procedimentos. Um deles é o Termo de Autorização Familiar, condição sem a qual a equipe médica não realiza a captação.

Devemos lembrar que para receber um órgão hoje, devidos a critérios de compatibilidade, é necessário que o receptor esteja inscrito no Cadastro Técnico, pois somente assim, poderá concorrer a um transplante, bem como receber o tratamento medicamentoso após a cirurgia. Esta auditoria é realizada tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pelo Ministério publico.