Caminhada pelo fim do preconceito aos portadores de psoríase
Caminhada pelo fim do preconceito aos portadores de psoríase

Uma doença controlável e não contagiosa
Uma caminhada promovida pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal e Sociedade Brasileira de Dermatologia agitou o Parque da Cidade na manhã deste domingo (27). Mais de 200 pessoas levaram cartazes contra o preconceito e conscientização da Psoríase – uma doença controlável e não contagiosa. A enfermidade inflamatória da pele é crônica, autoimune e tem incidência genética em cerca de 30% dos casos.
Cada estado da Federação tem sua forma de disceminar as informações da psoríese. “No DF optamos pela caminhada por se tratar de uma atividade saudável, porque essa doença também está ligada ao stresse emocional”, disse a coordenadora do evento, dermatologista Letícia Oba. A médica falou também da estratégia de esclarecimento no núcleo familiar e na sociedade de modo geral a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente. “A psoríase pode ser controlada ou chegar a artrite. De 30 a 40% dos casos, além do dermatologista também precisam do acompanhamento do reumatologista”, ensinou Letícia.
O presidente da Sociedade Brasiliense de Portadores de Psoríase, Elias Barros de Magalhães diz que o dia mundial da psoríase é muito importante - comemorado no dia 29 de outubro. “É a data que a gente busca firmar a nossa causa: o tratamento, o acesso ao médico e a medicação gratuita”, falou em tom de luta. Elias se diz inconformado com algumas atitudes discriminatórias de pessoas até do próprio governo. “Alguns concursos públicos não aceitam portadores da doença, como foram os casos recentes da Polícia Militar do DF, da Polícia Civil do DF e da Polícia Rodoviária Federal. Isso é preconceito”, esbravejou. Segundo a médica Letícia Oba, a revolta de Elias tem fundamento porque de cada 10 pacientes, apenas três ou quatro são acometidos por artrite. “Deveria ser exigido um exame e não eliminar todos. A maioria apresenta apenas manchas e erupções na pele. Só isso. Poucos evoluem para a artrite psoriásica”, disse.
A coordenadora do ambulatório de psoríase do Hospital Universitário de Brasília (HUB) , a dermatologista Gagys Aires Martins – que também participou da caminhada – falou que essa doença é milenar, mas nos últimos anos o esclarecimento vem ganhando corpo na sociedade civil. “Os pacientes são vítimas do preconceito, o que os leva ao alcoolismo ou depressão. Eles precisam se tratar e a sociedade ter consciência de que esse mal não pega, não é contagioso”, ensinou .
O radialista Marcos Jessé colabora com a campanha e participou da caminhada desse domingo. Depois de ter tomado um farto café da manhã, que foi oferecido gratuitamente a todos os participantes, ele elogiou a iniciativa do GDF. “É algo inovador no Parque da Cidade. Se todos os segmentos da sociedade tivessem o contato com pessoas portadoras de doenças crônicas haveria menos preconceito e incentivaria o tratamento. A doença deixaria de ser uma barreira e os doentes poderiam tocar a vida com mais qualidade”, disse.
Informado pela ação pela mídia, o vigilante José Felix Rodrigues foi com a família participar da caminhada. “Eu acho que tenho a doença, mas não sabia onde tratar. Depois que a minha filha conversou com a doutora Letícia, aprendemos o caminho. Terça-feira vou marcar a consulta no Posto de Saúde para ser atendido no HRAN”, encerrou.
José Roberto Bueno