20/02/2023 às 17h31

DF conta com rede para atendimento de dependentes químicos

Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo alerta para a importância do acolhimento; saiba onde procurar ajuda

Humberto Leite, da Agência Saúde-DF

Quando um hábito inicialmente divertido se torna um desafio pessoal? E onde procurar ajuda para enfrentar uma mudança necessária a fim de voltar a viver bem? As respostas para essas duas perguntas dependem de uma reflexão necessária nesta segunda-feira (20), Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo, e ajudam a explicar como funciona a rede de atendimento mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

De acordo com a psicóloga Priscila Estrela, da Diretoria de Serviços de Saúde Mental, o momento de pedir ajuda é quando o hábito começa a afetar o trabalho, a vida social e até os momentos de lazer. "O uso passa a ser disfuncional na vida de uma pessoa", resume. Na prática, percebe-se que a substância causa transtornos, como o afastamento de amigos e parentes, problemas laborais e até danos à saúde física.
 

Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo alerta para a importância do acolhimento. Foto: Sandro Araújo - Agência Saúde-DF

Um exemplo típico é quando a pessoa abandona o hábito de beber eventualmente, por exemplo, em dias de jogo do time de coração e passa a só poder assistir a uma partida se estiver embriagado, chegando ao ponto de priorizar tanto o vício até deixar de ver as partidas. O mesmo serve para aniversários, festas e datas comemorativas: o sinal de alerta é quando nada parece fazer sentido se não for acompanhado da substância ligada ao vício, seja ela álcool, tabaco ou drogas ilícitas.

Porta de entrada

O primeiro passo é procurar uma das 175 Unidades Básicas de Saúde espalhadas por todo o Distrito Federal. Ali, o paciente passará a ser acompanhado por profissionais da Estratégia Saúde da Família, como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, dentre outros especialistas. "É realizado um acompanhamento interdisciplinar, inclusive para detectar e tratar outras queixas de saúde", explica a gerente de apoio à Saúde da Família, Ângela Sacramento.

O paciente pode passar por consultas e atividades em grupo, incluindo as Práticas Integrativas em Saúde, como terapia comunitária e yoga. A Unidade Básica de Saúde também fornece medicação e faz o acompanhamento necessário de várias outras doenças que possam ter sido desenvolvidas em decorrência do abuso de álcool, cigarro ou outras drogas. Para ser atendido, basta levar documento de identificação e comprovante de residência. Saiba qual é a sua UBS de referência no Info Saúde.

Ângela Sacramento também destaca a lógica de atuação com base no núcleo familiar. "Quando fazemos o acolhimento desse indivíduo, acolhemos a família", afirma. A equipe da Unidade Básica de Saúde também faz a interface com programas sociais. E, se houver a identificação da necessidade de tratamento mais intenso, é feito o encaminhamento a um dos sete Centros de Atenção Psicossocial especializados em álcool e drogas (CAPS-AD).

 

O primeiro passo é procurar uma das 175 unidades básicas de saúde (UBSs) espalhadas por todo o Distrito Federal. Foto: Sandro Araújo-Agência Saúde-DF

Atendimento especializado

Os CAPS AD do Guará, Santa Maria, Sobradinho, Itapoã, Ceilândia, Samambaia e do Setor Comercial Sul atendem pessoas a partir dos 16 anos com sofrimento intenso causado pelo uso de álcool e de outras drogas. Nessas unidades, o tratamento pode ir desde consultas e atividades coletivas a internação por períodos de até catorze dias. "Cada situação vai se desenhar de uma forma. É o que a gente chama de plano terapêutico singular", detalha a assistente social Carla Sene, gerente do CAPS AD do Setor Comercial Sul, chamado de CAPS Candango.

O público de um CAPS AD é variado. Há pacientes encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde, pessoas em situação de rua e quem procure atendimento diretamente na unidade. Em Ceilândia, Samambaia e no Setor Comercial Sul, o funcionamento é 24 horas, incluindo finais de semana e feriados. Com uma equipe especializada, esses locais realizam uma avaliação de cada paciente, de forma a identificar transtornos que tenham sido provocados ou agravados por conta do abuso de substâncias.

“Cada situação vai se desenhar de uma forma – é o que a gente chama de plano terapêutico singular”, pontua a assistente social Carla Sene, do Caps-AD do Setor Comercial Sul. Foto: Sandro Araújo - Agência Saúde-DF

No dia a dia de um CAPS, os servidores identificam a situação geral da vida de um paciente, como sua rede de apoio e condições psicossociais. O principal alerta é para o fato de os dependentes do álcool demorarem mais tempo para iniciarem o tratamento. "O álcool, como é uma susbstância socialmente aceita, a pessoa demora para perceber o seu grau de dependência, e isso é muito grave", afirma Carla Sene.

Confira a localização e os serviços oferecidos pelos Centros de Atenção Psicossocial do DF.