Fonoterapia ajuda crianças com gagueira no Recanto das Emas
Fonoterapia ajuda crianças com gagueira no Recanto das Emas
Melhora da fala eleva desempenho escolar e favorece as relações sociais
BRASÍLIA (26/2/18) – Um transtorno que pode afetar o desenvolvimento escolar, o convívio social e a autoestima, a gagueira é um dos focos da equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), da UBS 2, do Recanto das Emas, na Quadra 308. Aproximadamente 150 pessoas, a maioria crianças de escolas da região administrativa, são atendidas mensalmente para tratar a doença.
Evani Santos Cardoso, 13 anos,desenvolveu o transtorno da fala após presenciar uma cena de violência. "Era muito difícil. Eu tinha medo e, por causa da gagueira, sofri bullyng na escola. Hoje, com o tratamento feito pela equipe minha vida mudou. Não tenho mais gagueira", contou a estudante do 8º ano, que diz receber notas extras pela melhoria do desempenho nas apresentações orais de trabalho. A menina foi acompanhada pela fonoaudióloga e uma psicóloga do Nasf.
Segundo a fonoaudióloga Talita Freitas Paiva, a gagueira é recorrente na região. O distúrbio interfere na temporalização da fala e afeta a fluência e a comunicação, o que causa alteração no tempo de execução dos sons, sílabas, palavras e frases. Essa condição pode surgir em decorrência de fatores psicológicos, genéticos e atraso no desenvolvimento.
"Os distúrbios da fala causam vários malefícios. Um deles pode ser o nervosismo, já que a criança tem dificuldade ou não consegue se comunicar e ser entendida. Por isso, há o comprometimento emocional", explica.
Segundo Talita, os problemas relacionados à fala podem ser tratados com variadas metodologias. "No caso da Evani, fazíamos uma simulação de que ela era vendedora de shopping e precisava fazer a apresentação de algum produto", relata a profissional.
Daniel Pereira de Amorim, 10 anos, também é atendido pela equipe. Ela contou que a dificuldade para pronunciar as palavras aparecia quando tentava falar rápido ou quando ficava nervoso. "Comecei a fazer a terapia há dois anos. Antes, gaguejava muito. Agora, estou bem melhor. Aprendi a controlar a fala", conta.
Além da gagueira, a fonoterapia trata também outros transtornos da fala, como é o caso do desvio fonético do vizinho do Daniel, Yarle Fernandes Dias, que tem a mesma idade do amigo. "Eu vim para terapia porque trocava o R pelo N. Sempre perguntava para minha professora se a palavra era escrita com R ou N. Hoje, já sei falar e escrever corretamente. A professora me dá sempre parabéns", comemora.
ENTENDA – O Nasf é uma equipe composta por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira integrada, apoiando as equipes da Estratégia Saúde da Família.
A equipe da UBS 2 é formada por fonoaudiólogo, nutricionista, assistente social e farmacêutico. O grupo trabalha na lógica do apoio matricial, ou seja, compartilha conhecimento sobre as patologias tratadas pelo Nasf com os demais profissionais da Saúde da Família para que os pacientes sejam encaminhados e tratados, o que amplia a resolutividade da atenção básica.
O médico de família e comunidade Eliandro Fidelis Soares sustenta que o Nasf é muito importante para auxiliar a Estratégia Saúde da Família. "Esse núcleo traz a disciplinariedade e, com isso, facilita muito para os pacientes, como é o caso da fonoaudiologia. Estamos com um problema grave de crianças com gagueira nesta região. Com o Nasf atuando aqui, o paciente pode fazer o tratamento perto de casa", finalizou.