18/06/2014 às 15h17

Gravidez fora do útero tem sintomas semelhantes da gestação normal

Iêda Oliveira, da Agência Saúde DF

Casos são raros, mas qualquer mulher pode ter esse problema

Gravidez ectópica é toda gestação que ocorre fora do útero, em que o óvulo fecundado se implanta em outro local, que não a cavidade uterina. Esse tipo de gestação atinge em torno de 1% das gestantes, podendo ocorrer em várias regiões do corpo, sendo o mais comum nas tubas uterinas ou trompas.

“A má formação da tuba uterina e as seqüelas provocadas pelas doenças inflamatórias pélvicas são responsáveis, na maioria das vezes, pela ocorrência da gravidez ectópica”, enfatiza o ginecologista e chefe da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Regional de Samambaia (HRSam), Bruno Carneiro.

O profissional explica ainda que qualquer mulher pode sofrer esse tipo de gravidez. Porém, alguns fatores, como implicações nas tubas uterinas provocadas por infecções vaginais, principalmente quando o tratamento médico não é buscado, são as causas mais comuns.

Essa gestação ocorre frequentemente nas trompas de falópio, que são os dois canais que ligam os ovários ao útero. Entretanto, pode iniciar também no ovário, colo do útero e região do abdômen.

Como acontece

Após a fecundação do óvulo, o zigoto (ovo) faz um percurso pela trompa até o útero, onde deveria ser implantado e se desenvolver. No entanto, uma lesão na tuba uterina ou trompas de falópio bloqueia ou estreita a passagem desse ovo fertilizado, que acaba sendo implantado, na maioria dos casos, ali mesmo, na parede da tuba (trompa), ocasionando a gravidez ectópica, nesse caso, chamada também de gravidez tubária.

Além das infecções vaginais, causa mais comum das lesões nas trompas, outros fatores contribuem para a ocorrência da gravidez ectópica, como a má formação dessas trompas, endometriose, cicatrizes de cirurgias pélvicas anteriores, quadro de gravidez ectópica prévia, entre outros.

Sintomas e tratamento

Os sintomas iniciais se assemelham a uma gestação normal, como menstruação atrasada, mamas doloridas, náuseas e teste de gravidez positivo. Outros sintomas como, dor pélvica importante com sangramento vaginal, que pode ser mais ou menos intenso, escuro ou aguado que o normal, reforçam a suspeita da gravidez tubária. Raramente esse tipo de gravidez evolui, pois o feto não conseguirá se desenvolver.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e ultrassonografia. Quando diagnosticada a gestação na fase inicial, o tratamento recomendado é o de conservação das trompas, com o uso de medicação. “É importante o diagnóstico no início, pois com a medicação é possível destruir o ovo e conservar as trompas”, esclarece Bruno Carneiro.

Caso a gestação não seja diagnosticada no começo, a trompa poderá se romper, provocando hemorragia e dor abdominal. Nesse caso, a indicação é pelo procedimento cirúrgico de urgência, já que poderá colocar em risco a saúde da mulher.

O ginecologista alerta para a importância das mulheres conhecerem o próprio corpo, fazerem acompanhamento médico regularmente e, principalmente quando grávidas, o pré-natal. “As mulheres precisam se prevenir, buscar acompanhamento médico regular. Sintomas como coceiras, corrimentos, mau cheiro, ardência, entre outros, precisam ser investigados sempre pelo médico”, orienta Bruno Carneiro.

A Secretaria de Saúde conta com ginecologistas em toda a rede pública. Para o acompanhamento ginecológico regular, as mulheres devem procurar o centro de saúde mais próximo de sua residência para obter informações e agendar a consulta com o profissional.