HMIB realiza primeira cirurgia fetal da Rede Pública do DF
HMIB realiza primeira cirurgia fetal da Rede Pública do DF
Ana Luiza Greca da Cunha, da Agência Saúde DF
Técnica inovadora aumentou as chances de sobrevivência do recém-nascido
Equipe multidisciplinar do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) realizou, em maio, a primeira cirurgia fetal de alta complexidade da Rede Pública. Foi constatado em uma consulta no pré-natal de E.D, de 26 anos, vinda da Bahia, que seu bebê apresentava uma malformação congênita. Um tumor benigno comprometia o pulmão esquerdo do feto e lhe dava poucas perspectivas de sobrevivência após o nascimento por métodos convencionais.
Para aumentar as chances do bebê após a cirurgia, o caso foi amplamente discutido em reuniões com profissionais de diversas áreas como, por exemplo, a medicina fetal, obstetrícia, neonatologia, cirurgia pediátrica, anestesiologia, hematologia e cardiologia até chegar à escolha da estratégia inovadora que resultou no sucesso do procedimento.
Segundo o chefe da cirurgia pediátrica, Paulo Lassance, o procedimento escolhido é conhecido como EXIT (tratamento intraparto extra útero). A operação fetal é realizada durante cesariana com preservação da circulação feto placentária que permite o manuseio seguro das vias aéreas do feto com risco de obstrução.
Após constatar condições ideais para o nascimento do bebê, a paciente, que estava com 37 semanas de gestação, foi submetida à intervenção cirúrgica. A equipe de obstetras realizou a liberação parcial do feto durante a cesariana, assegurando a circulação intra-placentária. O feto, portanto, permaneceu ligado à mãe pelo cordão umbilical durante todo o procedimento cirúrgico de retirada do tumor. O cordão só foi cortado após o término do procedimento que durou 75 minutos e transcorreu sem complicações.
“Ao realizar a cesariana de alto risco, tomamos os cuidados necessários para evitar o descolamento da placenta que foi imprescindível para garantir a segurança do bebê”, comenta a chefe da unidade de obstetrícia, Lucila Nagata.
Além da atuação dos obstetras e cirurgiões pediatras, os anestesistas também tiveram um papel fundamental para garantir o sucesso da cirurgia. Segundo a chefe da unidade de anestesia do hospital, Lucilia Nolasco, o hospital disponibilizou quatro anestesistas para entregar a mãe em condições estáveis e com o útero plenamente relaxado e o feto sedado monitorado para evitar asfixia fetal para que os cirurgiões pudessem intervir.
“O caso, devido a sua complexidade, foi analisado para que chegássemos aos medicamentos e as dosagens ideais para manter os pacientes estáveis”, explica Lucilia.
Para a coordenadora-geral de Saúde da Asa Sul, Roselle Bugarin Stennhouwer, a circunstâncias inerentes ao método EXIT e a participação integrada da equipe multidisciplinar foi vital para garantir a segurança e a qualidade da assistência prestada aos pacientes.
“Estou orgulhosa porque o trabalho conjunto e planejado conseguiu elevar o patamar do atendimento da alta complexidade ao binômio materno-infantil do HMIB”, relata Roselle.