Hospitais de campanha concentram internações para liberar leitos para cirurgias eletivas
Hospitais de campanha concentram internações para liberar leitos para cirurgias eletivas
Com a centralização, leitos dos hospitais regionais estão em processo de remobilização para aumentar a oferta de procedimentos cirúrgicos
ADRIANA SILVA I EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA I DA AGÊNCIA SAÚDE-DF
Os três hospitais de campanha do Distrito Federal atualmente em funcionamento estão concentrando as internações de pacientes com covid-19. Antes dessa organização no fluxo, as internações ocorriam em todos os hospitais da rede. Com o avanço da vacinação e redução dos índices de internações por covid-19, especialmente em UTIs, foi possível fazer essa organização e liberar leitos dos hospitais regionais para avançar na realização de cirurgias eletivas.
Os três hospitais de campanha funcionam no Autódromo, em Ceilândia e no Estádio Bezerrão, no Gama, e contam com 100 leitos cada um. Além disso, o DF conta com dois hospitais acoplados ao Hospital Regional de Samambaia, com 102 leitos, e ao Hospital Regional de Ceilândia, com 73 leitos.
Desde a inauguração, os três hospitais de campanha, já receberam 1.708 pacientes com covid-19, sendo 574 no Autódromo, 625 no Gama e 509 em Ceilândia. A gerente multidisciplinar das três unidades provisórias, Ludmilla Ferreira, explica como os espaços estão estruturados.
“Cada um dos três hospitais possui 100 leitos divididos em cinco alas com 20 leitos, cada uma, todos equipados com monitores multiparamétricos, ventiladores mecânicos, bombas de infusão e suporte dialítico. As unidades contam também com sala de treinamento realístico para capacitação da equipe, salas de triagem, de procedimentos invasivos, arsenal de equipamentos e insumos, raio X digital, ultrassom portátil e tomografia, além das farmácias", detalha.
Ludmila conta, ainda, que todos ambientes são climatizados, que as unidades possuem banheiros adaptados para pacientes com necessidades especiais, copas, áreas de descompressão internas e externas, setor de informática, engenharia clínica, área para o desembarque das ambulâncias e saídas de pacientes encaminhados para alta.
Taxa de ocupação
A taxa de ocupação nos últimos dias gira em torno de 40%. Para prestar assistência à população, os hospitais contam com equipes multidisciplinares composta por médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, cirurgiões-dentistas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros.
Os hospitais de campanha trabalham com o projeto de humanização no atendimento aos pacientes. Além de um centro de treinamento para os servidores, que capacita desde a paramentação, lavagem de mãos até os procedimentos mais complexos.
O gerente assistencial da unidade montada no Autódromo, Fábio Souza, explica que o prontuário consta informações pessoais e as preferências do paciente e isso tem trazido mais proximidade dos pacientes com a equipe que o atende.
“Conversamos com o paciente sobre os assuntos que ele tem interesse, isso além de afastar a ansiedade do paciente, promove um relaxamento e gera mais confiança”, disse. Segundo Fábio, diversas atividades são realizadas com os pacientes, como banho de sol associado a reabilitação cardiopulmonar, rodas de conversas entre os pacientes, jogos como dominó e bingo ao som de músicas escolhidas por eles, palhaço-terapia com apoio do projeto Gotas de Alegria, exposição de pinturas realizadas pelos pacientes no momento da Arte Terapia.
Também tem a sala de reabilitação, onde os pacientes realizam atividades motoras relacionadas às atividades de vida diária de cada um para uma alta segura, e também o prontuário afetivo em cada leito, onde consta a profissão do paciente, número de filhos, preferências musicais, gosto culinário e o time do coração.
Para a equipe do hospital, as informações contidas no prontuário afetivo servem para a equipe conhecer um pouco mais do paciente, além do prontuário clínico.
Permanência
A internação de um paciente com covid-19 é de no mínimo de 7 dias e há casos em que o paciente permanece internado por várias semanas. No caso de internação longa, nesse intervalo o paciente precisa se manter ativo para que não haja perda de massa muscular. É aí que entra o trabalho da terapeuta ocupacional, Bruna Nascimento, que realiza junto com os pacientes vários movimentos que estimulam a coordenação física e motora do paciente para que ele não perca a capacidade de escrever, teclar, escovar os dentes, pegar um copo, que são alguns exemplos de coordenação motora fina.
A profissional desenvolveu objetos direcionados para essas atividades específicas. “Primeiro temos uma conversa com o paciente para entender como era a rotina dele antes da doença. Em cima dessa informação, focamos nas atividades para que ele consiga retomar sua rotina logo após a alta hospitalar. Trabalhamos essencialmente a força, a amplitude e o tônus muscular”, ressalta.