12/06/2020 às 15h01

Hran inicia aplicação de plasma de pessoas curadas da Covid-19 em pacientes internados

A expectativa é de que os anticorpos e o plasma acelerem a melhora dos infectados pela doença“Cada bolsa de sangue coletado consegue atender mais de um paciente. É um procedimento simples, de baixo risco e com vários estudos embasados neste campo. Uma perspectiva real do tratamento. Mesmo assim, cada paciente que se propuser a receber a transfusão de plasma assinará um termo de consentimento que será entregue na hora do procedimento”, informa o chefe da Unidade de Pneumologia do Hran.

JURANA LOPES, DA AGÊNCIA SAÚDE

    O procedimento inicia-se no Hemocentro, onde é coletada uma bolsa de sangue dos pacientes curados da Covid-19 (Igg positivo) que se enquadram no perfil. Na preparação, é informado o tipo sanguíneo de cada doador, pois a doação do plasma é semelhante à de sangue, em que os tipos sanguíneos precisam ser compatíveis. Após a coleta, é retirado do sangue apenas o soro, no qual ficam o plasma e os anticorpos, que serão aplicados nos pacientes doentes.   De acordo com Paulo, a aplicação do plasma com anticorpos é semelhante a uma transfusão de sangue. Tanto que o material é armazenado em uma bolsa coletora. Por isso, o procedimento será realizado pelas equipes do banco de sangue do Hran.
  A ideia é conseguir realizar a aplicação do plasma em pelo menos 200 pacientes, exceto nos que estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais do Hran que estão envolvidos e participando do estudo científico realizaram capacitações específicas sobre o tema.  

ESTUDO – No Brasil, já estão ocorrendo estudos científicos com o plasma em alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No entanto, o que difere do estudo realizado no Distrito Federal é o fato de o plasma ser aplicado em pacientes moderados, ao invés dos outros estados, que têm realizado a aplicação em pacientes graves, internados na UTI.   “Estamos focando em pacientes com a Covid-19 moderada. A hipótese do nosso estudo é que dando certo, haverá diminuição do número de casos que se agravam, diminuindo uma evolução para estado grave e reduzindo a necessidade de internação na UTI”, explica André Moraes Nicola, médico e professor da Faculdade de Medicina da UnB. Ele é o responsável pelo estudo científico no Distrito Federal.   De acordo com André, se o plasma se mostrar eficaz para o tratamento de pacientes com a Covid-19 haverá menor demanda por UTIs, pois haverá menos casos de pacientes graves.   “Será importante tanto para os pacientes que estão em tratamento da doença como para as pessoas sem Covid-19, pois terá mais leitos disponíveis para outras patologias, evitando que a rede fique sobrecarregada”, conclui.