Hran reabre pronto-socorro para pacientes não-covid
Hran reabre pronto-socorro para pacientes não-covid
Unidade já dispõe de 38 leitos da Emergência remobilizados e, nos próximos dias, serão mais 108 leitos de UCI e enfermaria
JURANA LOPES, JOHNNY BRAGA I EDIÇÃO: JOSÉ CARLOS BARROSO I DA AGÊNCIA SAÚDE-DF

Coletiva de imprensa realizada no auditório da Secretaria de Saúde - Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde-DF
O pronto-socorro do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) já atende pacientes não covid. Dos 52 leitos existentes na Emergência, 38 já foram remobilizados para atender a esse público e os demais estão em processo de conversão. O Hran é referência no atendimento de algumas especialidades como queimados, cirurgias bariátricas e plásticas, está retomando gradativamente ao seu perfil de assistência. Durante um ano e quase seis meses, o hospital foi mobilizado para ser referência no atendimento aos casos de covid-19.
Além da Emergência, as alas da enfermaria e da unidade de cuidados intermediários (UCI) estão em processo de remobilização. São 108 leitos nesses locais que gradativamente estão sendo remobilizados à medida que os pacientes internados recebem alta ou são transferidos para os hospitais de campanha, de acordo com suas condições clínicas. O processo de remobilização leva em conta vários fatores avaliados no período pandêmico, como a taxa de transmissão da covid-19, que hoje está em 1.08 e a taxa de ocupação de leitos, que está em cerca de 50%.
Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (2), pelo secretário de Saúde, general Pafiadache, pela secretária adjunta de Assistência à Saúde, Raquel Beviláqua, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero e o diretor de Vigilância Epidemiológica, Fabiano dos Anjos.
"Estamos trabalhando em uma diretriz de centralizar os pacientes com covid-19 nos nossos três hospitais de campanha liberando leitos nos hospitais regionais para que possamos liberar o máximo de leitos de UTI, de enfermaria e retaguarda para aumentar a nossa produção cirúrgica. Esse é o nosso foco e a nossa preocupação: trabalhar para reduzir a fila de cirurgias eletivas", afirmou o secretário general Pafiadache.
Taxa de ocupação de leitos
A secretária adjunta de Assistência à Saúde, Raquel Beviláqua, apresentou os resultados sobre a remobilização de leitos. "A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 56,59%, o que configura uma certa tranquilidade para continuarmos conduzindo a remobilização dos leitos em função das outras atividades assistenciais de cada hospital. Considerando os leitos com suporte ventilatório pulmonar, temos hoje uma taxa de ocupação de 32,67% e de UTI geral de 85,71%. Esses dados nos dão a tranquilidade para continuarmos com o processo de desmobilização", explica a secretária.
O subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, informou a previsão da chegada de mais vacinas ao DF, no entanto, os imunizantes previstos são todos para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose. "Recebemos na noite de ontem 19.890 vacinas Pfizer-BioNTech. Hoje devem chegar outras 9.750 doses de AstraZeneca e, amanhã pela manhã outras 28.080 doses de Pfizer. Todas para segunda dose", revela.
Ainda não há previsão, para os próximos dias, da chegada de mais doses de vacina para D1.
Variante Delta
Hoje, no Distrito Federal existe a predominância da variante Delta entre os casos de covid-19 associados a novas variantes. Por este motivo, a Vigilância Epidemiológica considera a transmissão comunitária no Distrito Federal. Das amostras sequenciadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), 241 foram positivas para a variante Delta. Até o momento, cinco óbitos foram confirmados em moradores do DF, um em morador do Entorno, mas descoberto no DF, e outros dois estão em investigação.
De acordo com Fabiano dos Anjos, o avanço da campanha de vacinação e a manutenção das medidas não farmacológicas como o uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos com álcool em gel são capazes de reduzir a transmissão do vírus. "Temos observado uma queda no número de óbitos e isso pode estar diretamente associado com o avanço da vacinação", observa Fabiano dos Anjos, diretor da Vigilância Epidemiológica, que afirma que "a vacina é a medida mais efetiva de proteção, principalmente de gravidade, óbito e hospitalizações por gravidade".
Remobilização no Hran
Embora o perfil de atendimento dos hospitais regionais que estavam mobilizados a atender pacientes covid mude nos próximos dias para não-covid, os pacientes com sintomas respiratórios continuarão a ser avaliados e atendidos na unidade. Porém, havendo necessidade de internação, eles serão direcionados a um dos hospitais de campanha. No Hran, a previsão é que até a próxima segunda-feira todos os 52 leitos da Emergência estarão remobilizados e disponíveis para atender pacientes não covid.
Além disso, a unidade passa por reforma e readequação no pronto-socorro, onde foi isolada a área onde funcionava a antiga recepção do PS e, neste local, serão disponibilizados 14 novos leitos. É o que explica o superintendente da Região de Saúde Central, Pedro Zancanaro.
“Com a readequação do pronto-socorro teremos 52 leitos não covid e 14 leitos em área isolada, para pacientes covid. Adaptamos todos o espaço para ter um fluxo limpo e não ter risco de pacientes com covid-19 terem contato com pacientes sem sintomas respiratórios. Fechamos as paredes até o teto e como estamos com leitos vagos no PS, oferecemos 10 vagas para dar suporte ao Hospital Regional do Guará”, informa.
Hoje, há somente quatro pacientes positivos para a covid-19 internados no pronto-socorro do Hran. O 6º e 7º andar do hospital ainda possuem enfermarias para pacientes com covid-19, mas que serão totalmente desmobilizadas nos próximos dias. “O 6º andar deverá a funcionar como enfermaria não-covid e o 7º deverá ser destinado aos pacientes cirúrgicos da cirurgia plástica e da ginecologia e obstetrícia”.
Segundo Zancanaro, a prioridade é voltar o Hran à assistência não-covid. “Os 20 leitos de UTI já foram remobilizados para pacientes sem covid-19. Desde novembro as cirurgias estão com fluxo duplo, com uma sala exclusiva para os pacientes com covid-19. Também tem fluxo duplo a ginecologia e obstetrícia, que atende pacientes covid e não-covid”, informa.
No caso da cirurgia geral a especialidade está totalmente voltada para pacientes não-covid. O Hran já voltou a realizar procedimentos cirúrgicos eletivos como, cirurgias plásticas, bariátricas, urológicas e cirurgias gerais (hérnias e vesícula). Hoje, são cinco salas do centro cirúrgico funcionando, onde são realizadas duas cirurgias por período, totalizando 60 procedimentos eletivos semanais. Além dos procedimentos de emergência.
“Com os hospitais de campanha e o avanço da vacinação houve um declínio da doença e com isso, a própria equipe solicitou que a gente retomasse o Hran à assistência não-covid, tendo em vista que ficamos por 1 ano e meio totalmente mobilizados para a Covid-19”, afirma.
O superintendente destaca também que o Hran é credenciado no programa de residência médica e muitas especialidades foram prejudicadas por conta da pandemia. Por isso, é interessante que o hospital volte a atender na sua integralidade porque os residentes precisam aprender e garantir qualidade em suas formações.
“Com a pandemia, os residentes de especialidades como cirurgia geral tiveram que ir para outros hospitais e precisamos voltar a ter residentes aqui de diversas especialidades, caso contrário, perdemos o credenciamento junto ao programa de residência médica”, conclui.