Julho é o mês para se falar sobre hepatites virais
18/07/2019 às 10h34
Julho é o mês para se falar sobre hepatites virais
No começo, a doença é silenciosa, mas pode levar a complicações como cirrose e câncerAlline Martins, da Agência SaúdeFotos: Mariana Raphael/Saúde-DFArte: Rafael Ottoni/Saúde-DF
Elas atacam o fígado e, inicialmente, apresentam poucos sintomas. Por isso, as hepatites virais podem levar a complicações antes mesmo que a pessoa descubra que está com o problema. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 57% dos casos de cirrose hepática e 78% dos de câncer hepático estão diretamente relacionados aos vírus das hepatites B e C. E cerca de 1,5 milhão de mortes estão relacionadas às hepatites virais. “As hepatites virais conhecidas são causadas pelos vírus A, B, C, D e E. As hepatites causadas pelos vírus A e E são, normalmente, por contágio fecal-oral, enquanto as hepatites B, C e D são transmitidas por contato com sangue, pela via sexual e perinatal”, explica a médica Carina Leão de Matos, da Gerência de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis. Ainda não há dados da doença para o ano de 2019 no Distrito Federal. Porém, entre 2008 e 2018, foram notificados, no DF, 4.003 casos confirmados de hepatites virais. Desses, 1.804 (45,07%) são referentes aos casos de hepatite B, 2.117 (52,89%) de hepatite C e 2 (0,05%) de hepatite B+D. Nesse mesmo período, foram registrados, no DF, 245 óbitos por hepatites virais dos tipos B, C ou D, como causa básica. Desses, 62% tiveram como causa básica a hepatite viral crônica C; 11,8%, a hepatite viral crônica B sem agente delta (D); e 0,8%, a hepatite viral crônica B com agente delta.
PREVENÇÃO – Todas as hepatites virais são evitáveis. As dos tipos A e E são evitadas pelo uso de água tratada, saneamento básico e higienização adequada dos alimentos. “A hepatite A também pode ser prevenida pela vacina, disponível no SUS, dentro do Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos, e também no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais da Secretaria de Saúde, para pessoas de qualquer idade que tenham hepatopatias crônicas de qualquer tipo; pessoas com HIV; portadores de quaisquer doenças imunossupressoras; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgãos; doadores de órgãos, cadastrados em programas de transplantes; e pessoas com hemoglobinopatias”, enumera a médica. A vacina também está disponível para a hepatite B e está prevista no calendário, para crianças, em quatro doses: ao nascer e aos dois, quatro e seis meses. Para os adultos e adolescentes que não se vacinaram na infância, são indicadas três doses, a depender da situação vacinal. A prevenção às hepatites B, C e D dá-se, principalmente, evitando o contato com sangue contaminado. “Não partilhe escova de dente, lâmina de barbear e de depilar, tesouras, alicates de unha não esterilizados, seringas ou outros instrumentos usados na preparação e consumo de drogas, como as pipetas. Também é importante o uso do preservativo, indicado em todas as relações sexuais, e as testagens regulares, inclusive no pré-natal”, detalha Carine Leão.
TRATAMENTO – Segundo a médica, o tratamento depende do vírus. “O da hepatite A normalmente consiste em repouso e cuidado com a dieta. Costuma ser um quadro autolimitado, mas deve ser acompanhado por um profissional. As hepatites B, C e D têm tratamento medicamentoso, disponível na Secretaria de Saúde”, explica. Além do tratamento, o diagnóstico também é feito pela rede pública de saúde, por meio de exames de sangue, e testes rápidos ou laboratoriais, que podem ser feitos em qualquer unidade básica de saúde e também no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado no mezanino da Rodoviária do Plano Piloto. No caso de resultados positivos, o paciente é encaminhado para algum serviço de atendimento especializado em hepatites virais da rede pública, localizados nos hospitais Dia, de Base, regionais da Asa Norte, Ceilândia, Sobradinho, Taguatinga, Gama e Universitário de Brasília, além das Policlínicas do Paranoá e de Planaltina.
DIA MUNDIAL – No dia 28 de julho, em todo o mundo, as discussões sobre as hepatites virais tomam destaque. No Distrito Federal, haverá uma ação no Parque da Cidade, com orientações e distribuição de preservativos. Ainda em alusão à data, a pasta promoveu, no último dia 12, a Oficina de Atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções na Região Centro-Oeste. A data foi instituída pela Organização Mundial de Saúde como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O objetivo é atrair a atenção para o tema, incentivando o diálogo entre os vários atores no campo da saúde pública. A criação de novas políticas públicas ou a consolidação das já existentes implicará diretamente não só no aumento da conscientização da população sobre o tema, mas também na garantia do acesso universal ao tratamento e à prevenção dessas doenças.