02/01/2017 às 13h36

Lacen passa a fazer diagnóstico do HPV

Atualizado em 3/1/17 às 17h41

Secretaria adquiriu equipamento e 4,8 mil testes para realização dos exames

BRASÍLIA (2/1/17) - Pela primeira vez, a saúde pública do Distrito Federal passará a realizar o diagnóstico laboratorial por biologia molecular do Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido ?por meio de relação sexual, não sexual e parto. O Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen) adquiriu o equipamento Genomica Car Red para realizar os testes, além de 4,8 mil kits que devem chegar em aproximadamente 30 dias para ?fazer o exame.

O aparelho semiautomatizado - que custou aproximadamente R$150 mil - tem capacidade para realizar, em média, 48 testes em aproximadamente três horas. A metodologia utilizada é PCR-RT. O exame na rede privada custa, em média, R$ 700. "O equipamento é considerado um dos mais modernos porque oferece o diagnóstico de 35 tipos de HPV, entre eles, os quatro mais prevalentes no Brasil, que são os tipos 6,11,16 e 18", explica o analista em Saúde do Núcleo de Virologia do Lacen, Edson José Monteiro Bello.

De acordo com o técnico, a inovação resultará em diversas frentes de trabalho. A primeira delas será a confirmação do tipo de HPV que causou a lesão em mulheres que já foram submetidas a citologia (Papanicolau), após indicação médica. O exame é complementar e não exclui a biópsia e a colpiscopia.

"A diferença é que o médico poderá saber qual é a tipagem do vírus e se é de alto ou baixo risco oncogênico, o que permitirá medidas preventivas e mais eficazes no tratamento, antecipando os diagnósticos mais graves futuramente", afirmou o farmacêutico.

Posteriormente, o Lacen pretende ampliar o exame para mulheres que estão nas faixas etárias mais propícias ao desenvolvimento da doença, ou seja, aquelas que são sexualmente ativas e também nas meninas que foram vacinadas contra o vírus quando tinham nove a 13 anos para verificar a eficácia da vacina.

Com implantação do diagnóstico do HPV será possível, ainda, saber qual a prevalência e incidência dos vírus de HPV circulantes no DF.

?A metodologia será de PCR-RT em pacientes diagnosticadas com algum tipo de alteração citológica escamosa ou glandular. A amostra deve ser encaminhada ao Lacen, acompanhada da Ficha de Investigação Epidemiológica de autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), devidamente preenchida para genotipagem para HPV.

DOENÇA - O HPV é uma doença que leva aproximadamente 10 anos para chegar a sua fase mais crítica, o que pode desencadear o câncer do colo do útero. Isso porque a atuação do vírus começa nas camadas mais superficiais da pele até alcançar as mais profundas.

O HPV possui mais de 250 tipos no mundo todo, sendo que 40 deles são oncogênicos. Em todo o mundo, cerca de 10% das mulheres têm HPV, entre elas, de 30% a 50% são menores de 25 anos.

Embora a maioria das infecções por HPV não tenham sintomas, a infecção genital pelo HPV persistente pode causar câncer cervical em mulheres. Dentre todos os casos de câncer do colo do útero, 99% são ligados a infecção genital pelo HPV, que é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres no mundo. O HPV também pode causar outros tipos de câncer como o anogenital, cabeça e pescoço e também podem causar verrugas genitais em homens e mulheres.

Dados da Organização Mundial da Saúde de 2012 apontam que, todos os anos, no mundo inteiro, 528 mil mulheres são diagnosticadas com a doença, das quais cerca de 270 mil morrem. A incidência de câncer de colo do útero é cerca de duas a dez vezes maiores em países em desenvolvimento do que em países desenvolvidos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), na América Latina são registrados 72 mil novos casos da doença e 33 mil mulheres morrem a cada ano, sendo a primeira causa de morte em mulheres de 15 a 44 anos.

No Brasil, estima-se que 9 a 10 milhões de pessoas sejam portadoras do vírus e que se registrem 700 mil novos casos a cada ano. Entre a população sexualmente ativa, estima-se que 80% vão contrair HPV durante a vida.

Os HPV tipos 16 e 18 são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo do útero, a segunda maior causa de câncer em mulheres, atrás apenas do câncer de mama. O HPV tipo 16 é a causa mais comum de câncer de colo do útero, respondendo por mais da metade dos casos em todas as regiões do mundo, inclusive no Brasil.