08/07/2025 às 11h46

Paciente encontra disposição para tratamento oncológico em atividades voluntárias no HRT

"Não é esperar pela cura: é viver curando", ensina Denise de Sá, assistida pelo Ambulatório de Alta Complexidade em Oncologia

Gabriel Silveira, da Agência Saúde-DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan e Willian Cavalcanti

O café da manhã oferecido durante encontro em maio do grupo de terapia comunitária para mães atípicas e cuidadoras de pessoas com deficiência no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) foi feito pelas mãos da pedagoga Denise de Sá, 43 anos. Naquela ocasião, Denise era uma das parceiras da iniciativa, atuando de forma voluntária.

Além do envolvimento profissional com a temática, o ambiente da unidade hospitalar também era familiar. "Estive por muito tempo nesta casa. Chamo assim porque sempre me senti acolhida e bem cuidada aqui", alega. Quase um mês depois, em junho, pela manhã, eram as mãos de Denise que seguravam a senha de espera pelo atendimento no Ambulatório de Alta Complexidade em Oncologia no HRT.
 

A pedagoga Denise de Sá é uma das voluntárias no grupo de terapia comunitária para mães atípicas e cuidadoras de pessoas com deficiência no HRT. Em abril, ofertou o café da manhã; para agosto, compõe a programação como palestrante. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

A moradora de Taguatinga Sul é paciente da unidade especializada desde agosto de 2023. O pronto atendimento foi a primeira etapa de um período de mais de 40 dias de internação - sendo 18 em cuidados intensivos. Desde então, o câncer colorretal retirou-lhe o baço, os ovários e 17 centímetros do intestino. Contudo, foi incapaz de remover aquilo que ela possui de mais precioso: o alto astral e o ânimo para viver. 

"Estou bem! Vivo muito bem! Acredito muito em 'curar vivendo'. Não é esperar pela cura: é viver curando", ensina. Do trabalho voluntário realizado por suas mãos forma-se uma enorme "corrente do bem", de onde irrompe a energia aplicada para as conquistas no tratamento oncológico.
 

A relação com a coordenadora do projeto "Cuidando de quem cuida", Andréia Aquino, vem de longa data; mas, foi o vínculo entre paciente e profissional que favoreceu a união das amigas. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

Energia que inspira

A relação com a coordenadora do projeto "Cuidando de quem cuida", Andréia Aquino, vem de longa data; antes que pudesse contar com os cuidados da cirurgiã-dentista no Centro de Especialidades Odontológicas do HRT. O cuidado às intercorrências bucais ocasionadas pelos métodos de combate a células cancerosas são parte da assistência multiprofissional oferecida pela rede pública de saúde do Distrito Federal.

No entanto, foi o vínculo entre paciente e profissional que favoreceu a união das amigas. Logo que soube da iniciativa, iniciada em abril, durante o mês de conscientização sobre o autismo, a voluntária comprometeu-se em ajudar: primeiro, reuniu doações, preparou e ofertou o café da manhã do segundo encontro; depois, compôs a programação com palestra que irá ministrar em agosto, sobre o papel da escola e da família na educação inclusiva.

No evento, subirá ao palco a mestre em educação, nível de pós-graduação obtido em universidade pública estadual em março deste ano, após acumular os períodos de estudo com o tratamento oncológico. "Denise é uma lição, uma inspiração de vida. Sempre muito determinada", define a cirurgiã-dentista Andréia Aquino. Segundo ela, a disposição e o carinho manifestados nas atividades voluntárias desempenhadas são impactantes. "Ela mexe com a gente porque demonstra uma garra, uma vitalidade, um propósito de vida. Faz olharmos para a vida de outra forma", completa.

A "boa energia" é uma marca, identificada também pelo responsável técnico pela oncologia do HRT, José Lucas Pereira Júnior. O médico acompanha a paciente regularmente desde os estágios iniciais do tratamento. "Ela tem um astral bom, uma energia boa. Ela não se deixa abater diante do diagnóstico. Ela continua, está sempre em busca de outras coisas. Ela não vai parar", assegura.
 

Denise de Sá comparece ao ambulatório especializado no HRT, quinzenalmente, para infusões de medicamento. "Aqui, tudo o que eu precisei, eu tive. Por isso, eu não admito que falem mal do SUS". Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

Como parte de seu tratamento, Denise de Sá comparece ao ambulatório especializado no HRT, quinzenalmente, desde setembro de 2024, para infusões de medicamentos. Aliado a isso, o alto-astral, aparentemente, é o elemento primordial para os seus bons resultados em saúde. 

"Na prática, o que a gente observa é que os pacientes que são positivos, que vão em frente independente das notícias, conseguem ter um resultado melhor. Ela age como se estivesse curada e, então, ela fica bem. O organismo entende que ela está disposta e responde assim", explica o especialista José Lucas.

A paciente não esconde que se trata de uma guerra contra a própria mente. Para vencer as batalhas diárias, ela é categórica: ocupa os seus dias com o bem. As ações sociais sempre foram parte da rotina da coordenadora de instituições de ensino básico e fundamental. "Preencho meus dias tentando ajudar as pessoas. Porque o amor que Deus e o que as pessoas aqui me deram, de alguma forma, eu tenho que retribuir", afirma.  
 

O café da manhã oferecido durante encontro em maio do grupo de terapia comunitária para mães atípicas e cuidadoras de pessoas com deficiência no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) foi feito pelas mãos da pedagoga Denise de Sá, 43 anos. Naquela ocasião, Denise era uma das parceiras da iniciativa, atuando de forma voluntária.

Serviço de excelência

Outro atributo que Denise de Sá não esconde é a gratidão, em especial, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Enquanto estive internada, tudo foi oferecido a mim com muita facilidade. Recebi muitas bolsas de sangue, medicamentos que são difíceis de obter por meios particulares... Aqui, tudo o que precisei, eu tive. Por isso, não admito que falem mal do SUS", reitera.

A experiência junto a profissionais engajados e recursos disponibilizados pelo serviço público de saúde são capítulos prestigiados desta história de luta e superação. "Penso que isso foi desenhado por Deus. Aliás, foi o que trouxe a minha cura - porque me sinto uma pessoa curada!", conclui.

Participe

Confira a programação dos próximos encontros atípicos e participe. 
 

Arte: Agência Saúde-DF