03/12/2021 às 11h20

Pessoas com obesidade contam com atendimento especializado no SUS

Tratamento com equipe multidisciplinar dura pelo menos dois anos; obesidade é uma doença que deve ser tratada

JURANA LOPES, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF | EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA

 

 

A obesidade é uma doença crônica que afeta milhares de brasileiros. Além de gerar danos físicos, várias doenças correlacionadas podem surgir como, diabetes e hipertensão, e, ainda, danos emocionais e psicológicos: problemas de autoestima e ansiedade.

 

A Secretaria de Saúde disponibiliza tratamento em toda a rede pública para quem quer emagrecer. A porta de entrada para o serviço é a Atenção Primária à Saúde. “A pessoa com obesidade identificada pelas unidades básicas de saúde com IMC superior a 35 e comorbidades, como diabetes ou hipertensão, por exemplo, ou IMC maior que 40 é regulada para consultas com o endocrinologista”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) de Endocrinologia e Diabetes, Eliziane Leite.

 

Na atenção especializada, os endocrinologistas adultos e pediátricos dos ambulatórios dos hospitais regionais de Taguatinga (HRT), Sobradinho (HRS), Gama (HRG), Ceilândia (HRC), Hospital da Região Leste (HRL) e Hospital da Criança de Brasília (HCB) tratam aproximadamente 800 pacientes com obesidade. Além disso, a Secretaria de Saúde também disponibiliza o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), localizado na Asa Norte.

 

A RTD de Endocrinologia e Diabetes esclarece que os pacientes em geral devem ser mantidos por dois anos em tratamento com equipe multiprofissional de nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, endocrinologistas e enfermeiros. “Após esse período, poderão ser encaminhados de volta para a UBS ou para a cirurgia bariátrica nos casos de insucesso, quando perderam menos de 15% do excesso de peso em dois anos”.

 

Satisfação com tratamento

 

A autônoma Izaurene Prado, de 49 anos, iniciou o tratamento no Cedoh em 2019. Por motivos pessoais acabou saindo do acompanhamento. Em 2020, ganhou muito peso por conta da pandemia e adquiriu uma gonartrose no joelho. Neste ano, ela procurou atendimento na UBS próxima de casa e, em junho, voltou a ser encaminhada para o Cedoh.

 

“Estou muito feliz com meu tratamento, pois aqui recebo toda a assistência que preciso. O programa alimentar é bem realista e, associado ao uso dos medicamentos indicados para tratar a ansiedade e a obesidade, consegui emagrecer 15 quilos de junho até dezembro”, comemora.

 

Izaurene estava pesando 98 kg e, atualmente, está com 83 kg, saindo da obesidade II para o sobrepeso. Além da melhora na saúde física e mental, a perda de peso ajuda muito a reduzir as dores causadas pelo problema no joelho.

 

“O tratamento aqui é bem realista, temos que nos reeducar, aprender a comer, pois o sucesso depende de mim. A equipe multidisciplinar é fantástica, se integra e trata o paciente de maneira humanizada. É uma verdadeira benção na vida de quem é obeso”, avalia.

 

Acolhimento e humanização

 

De acordo com Alexandra Rubim, endocrinologista e gerente do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), os pacientes obesos enfrentam muitos preconceitos, até mesmo de profissionais da saúde, que julgam que ele chegou ao excesso de peso por motivos de preguiça e falta de força de vontade.

 

“O paciente obeso é alguém que já foi muito julgado, até dentro de casa, pela família. A obesidade é uma doença que pode ocorrer por inúmeros fatores, tanto metabólicos como psicológicos, além de hábitos de vida. Por isso, é importante ter uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, com atendimento integrado e humanizado. A obesidade é uma doença que precisa ser tratada”, afirma.

   

Inaugurado em dezembro de 2017, o Cedoh já atendeu nestes quatro anos um total de 521 pacientes. Alguns receberam alta, outros estão em tratamento e há ainda os que desistiram do tratamento. Em 2018, foram 74 pacientes atendidos na unidade, em 2019 o número subiu para 188. Em 2020, por conta da pandemia, somente 54 pacientes fizeram o tratamento e em 2021, a demanda subiu e 205 pacientes estão em tratamento.

 

Vale lembrar que é esperado a taxa de abandono de até 50% neste tipo de tratamento, mas no Cedoh o índice fica em 41%. Durante os dois anos de tratamento, os pacientes passam pela consulta com endocrinologista, acolhimento por aplicativo, cinco oficinas educativas online semanais, atendimento individual e oficinas de manutenção. Por fim, ele recebe alta ou é encaminhado para a cirurgia bariátrica.

 

“Hoje, recebemos pacientes de todo o Distrito Federal, mediante encaminhamento da regulação. Apenas as gestantes que são moradoras da região de Saúde Central são atendidas no sistema de portas abertas”, explica Alexandra. A equipe do Cedoh é composta por médicos endocrinologistas adulto e infantil, fisioterapeutas, psicólogas, enfermeiros, nutricionistas, assistente social e nefrologista.