30/06/2017 às 16h59

Primeira Conferência de Saúde das Mulheres debate políticas públicas

Serão escolhidas 24 propostas entre as 84 eleitas nos encontros locais

BRASÍLIA (30/7/2017) – Com um público 80% feminino, a primeira Conferência de Saúde das Mulheres do Distrito Federal foi aberta nesta sexta-feira (30). Agora, os 220 delegados que representam usuários do SUS, trabalhadores e gestores vão analisar e votar até o encerramento, previsto para este sábado (1º/7), 84 propostas para integrar as diretrizes da Política de Atenção Integral à Saúde das Mulheres. Dessas, 12 serão selecionadas para serem aplicadas no Distrito Federal e outras 12, apresentadas na etapa nacional, prevista para agosto.

A colaboradora do Governo de Brasília, Marcia Rollemberg, fez a abertura oficial do evento e frisou que as mulheres precisam ser ouvidas. "A conferência traz elementos importantes para dar espaço para que elas possam colocar as suas demandas. Acredito nos espaços de diálogo e na força da luta das mulheres que devem pensar em posição de protagonista", disse Márcia, que também lembrou a situação de mulheres ciganas, quilombolas e moradoras de periferia.

"Esse é um tema essencial. Precisamos discutir políticas para a saúde da mulher. Temos hoje um projeto para a atenção primária com um módulo de treinamento para nossos profissionais específico sobre saúde das mulheres", ressaltou o secretário de Saúde e presidente da conferência, Humberto Fonseca, em referência ao modelo Estratégia Saúde da Mulher, que será exclusivo nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

O presidente da conferência também lembrou que a discussão de diretrizes para políticas para mulheres recebeu destaque no DF, onde ocorreram sete conferências locais com a participação de mais de 800 pessoas. Na ocasião, foram escolhidos 192 delegados – metade de usuários, 25% trabalhadores e 25% gestores, além de 28 membros natos do Conselho de Saúde do DF.

Representando o Ministério da Saúde, Thais Veloso, defendeu que a conferência tem um papel fundamental no fortalecimento do SUS, que é uma das maiores conquistas da sociedade. "Essa participação é fundamental para defender o Sistema Único de Saúde, porque lança luz sobre as vulnerabilidades das mulheres, que estão trabalhando mais do que os homens, recebendo menos e sofrendo com essa desigualdade", disse.

Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Santos, a conferência representa o exercício da democracia, já que tem maciça participação popular. "É nisso que o conselho aposta, porque as primeiras vítimas das crises políticas são as mulheres. A força dessas duas agendas, saúde e mulher, é uma enorme contribuição do Distrito Federal, que será de pleno êxito na Conferência Nacional de Saúde."

"Esperamos que essa conferência seja revolucionária. É preciso construir políticas de interesse da sociedade, de acordo com suas reais necessidades", disse o presidente do Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira.

Também participaram da solenidade o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Joe Valle; a secretária adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Márcia de Alencar; entre outras autoridades.

PROGRAMAÇÃO – Ainda nesta sexta-feira, será votado o Regimento Interno na Conferência de Saúde das Mulheres do DF. Haverá, ainda, a exposição dos temas dos quatro eixos: O papel do estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seu reflexo na vida das mulheres; O mundo do trabalho e suas consequências na saúde das mulheres; Vulnerabilidades nos ciclos de vida das mulheres na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres; e Políticas públicas para mulheres e participação social.
Os 220 delegados também serão divididos em grupos para analisar as 84 propostas, que poderão ser suprimidas ou alteradas. A partir disso, as sugestões seguem para votação no plenário.

Moradora do Riacho Fundo, Valéria Cardoso, 38 anos, precisa de cadeira de rodas para se locomover. Eleita delegada pelo segmento usuário, ela conta que luta pelo direito das mulheres com deficiência. "Quero que as cotas de emprego para pessoas com deficiência nas empresas seja cumprida. Muitas mães com deficiência, que precisam de emprego, não conseguem ingressar no mercado de trabalho", reivindicou.

ENTENDA - As conferências são convocadas pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde. Além de propor diretrizes, a conferência é promovida com o objetivo de desenvolver estratégias de enfrentamento ao machismo, ao sexismo e à misoginia, por meio de políticas públicas; aprofundar o debate sobre impacto na saúde das mulheres da divisão sexual do trabalho, das condições, do salário e da jornada; mobilizar e estabelecer diálogos com a sociedade brasileira acerca do direito das mulheres à saúde e em defesa do SUS, para enfrentamento da violência institucional; e ainda fortalecer as políticas afirmativas para as mulheres que garantam seus direitos civis, políticos, econômicos e sociais.

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