14/12/2018 às 17h09

Projeto piloto foi primeiro passo para implementar Telessaúde no DF

Projeto piloto do Telessaúde começou na Região de Saúde Sudoeste, com resultados positivosLeandro Cipriano, da Agência Saúde Arte: Rafael Ottoni/Saúde-DF

O termo Telessaúde tem sido adotado no mundo inteiro para explicar o uso das tecnologias de informação e comunicação no auxílio dos serviços e cuidados em saúde à distância. Em outras palavras, os médicos que atendem na atenção básica recebem consultorias de especialistas, feitas por celulares ou internet, para evitar deslocamentos desnecessários, tratar os encaminhamentos mais específicos e sanar os questionamentos.

 

A ideia tem sido colocada em prática em todo o país pelo Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, financiado pelo Ministério da Saúde. O objetivo é formar pessoal capacitado para solucionar as mais variadas dúvidas dos trabalhadores da saúde.

 

No caso Distrito Federal, os serviços do Telessaúde começaram em dezembro deste ano. Na primeira etapa, ele dará suporte de análise nos encaminhamentos médicos que já estão no Complexo Regulador, nas especialidades de endocrinologia e cardiologia.

 

Essa inovação tecnológica só foi possível no DF após um projeto piloto ser colocado em prática para testar a iniciativa. A região de saúde escolhida foi a Sudoeste, que engloba Taguatinga, Vicente Pires, Recanto das Emas e Samambaia. De outubro a novembro deste ano, o Telessaúde foi testado entre os médicos da atenção primária da região e os teleconsultores do Hospital Sírio Libanês.

 

EXPERIÊNCIA – Uma das médicas de família e comunidade que participou da experiência foi Thais Melo Franco, que atua na Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 do Recanto das Emas. Para ela, o dinamismo trazido pelo Telessaúde contribuiu positivamente nos atendimentos. De seis casos que teve suporte, quatro ela conseguiu resolver pelo telefone com o teleconsultor.

 

“O que achei mais interessante é que eles esclarecem alguns assuntos que podem gerar dúvida e não conseguimos resolver de imediato. Nos casos resolvidos, eles foram conduzidos para atenção básica, sem necessidade de encaminhar para algum especialista da atenção secundária”, conta a médica.

 

De outubro até novembro, foram realizadas 4.885 regulações para cardiologia, e 944 para endocrinologia na Região de Saúde Sudoeste. Desse total, cerca de 80% deles foram devolvidos para as equipes de atenção primária, que fizeram a qualificação das informações que estavam nesses encaminhamentos. Com isso, saíram da fila de especialidades e reduziram a demanda.

 

AVALIAÇÕES – Para o teleconsultor e médico de família do Hospital Sírio Libanês, Luciano Nader de Araújo, foi possível fazer duas avaliações iniciais durante o projeto piloto, em que auxiliou médicos da atenção primária da Região Sudoeste. A primeira é que a qualidade dos encaminhamentos para a atenção secundária melhorou com o Telessaúde.

 

“No DF há um costume de fazer encaminhamentos para o nível secundário sem muita descrição. É preciso um trabalho em conjunto entre esses níveis de saúde, que aconteceu no projeto piloto. A atenção primária forneceu mais dados para qualificar o encaminhamento”, conta Nader.

 

A segunda avaliação do especialista diz respeito à disposição dos médicos para se engajarem no projeto. “Os que solicitaram o serviço estão muito dispostos a trabalhem junto conosco, melhorar os dados que estão passando e discutir os casos. Esse espaço de tirar dúvidas foi muito positivo”, ressaltou.

 

Durante o projeto piloto, aproximadamente 20 discussões de caso foram feitas entre médicos da atenção primária e teleconsultores. A expectativa do Hospital Sírio Libanês é que esse número suba para 40 discussões diárias, quando o telefone 0800 do Telessaúde estiver à disposição dos médicos.