Protocolo de atendimento pediátrico traz eficiência e rapidez para rede de saúde
Protocolo de atendimento pediátrico traz eficiência e rapidez para rede de saúde
Por meio do treinamento em Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância, médicos e enfermeiros atuam para diminuição de internações e mortalidade
Larissa Lustoza, da Agência Saúde-DF | Edição: Daniel Ribeiro
Os sintomas do pequeno Gabriel Rodrigues, 2, começaram na segunda-feira. No início, era só uma tosse, mas na última quinta (4), evoluíram para vômitos. A mãe, Sarah Rodrigues, 19, ficou preocupada que pudesse ter passado a gripe ao filho e, por isso, não pensou duas vezes antes de levá-lo à Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 da região. "Decidir vir ao postinho (UBS), porque sei que lá sou atendida", disse Sarah, que foi acolhida por uma das enfermeiras da UBS, Raquelline Campoe. A paciência e tranquilidade da profissional trouxeram paz. “Ela me passou a receita com os medicamentos e me explicou que se ele piorar, tenho de voltar com ele”, relatou.
O atendimento rápido e humanizado pediátrico são características fundamentais não só da UBS 2 de Ceilândia, mas de toda a rede de saúde pública do Distrito Federal. Por meio do treinamento em Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), há 385 médicos e 704 enfermeiros capacitados, correspondendo a 65% e 76% de capacitados em cada área, respectivamente.

A região Oeste - que abrange as regiões administrativas Brazlândia, Ceilândia, Por do Sol e Sol Nascente - contabiliza a maior quantidade de capacitados, sendo 148 enfermeiros e 82 médicos. As enfermeiras Carolina Bastos e Raquelline Campoe passaram pelo treinamento e se tornaram facilitadoras do assunto na unidade em que atuam.
“O AIDPI é um protocolo em que a gente consegue detectar os sinais de gravidade precocemente e entrar com tratamento para evitar que a criança seja hospitalizada e necessite de um suporte mais complexo”, explica a enfermeira Campoe. O AIDPI propõe mais facilidade ao atendimento, por exigir poucos equipamentos - o protocolo exige, por exemplo, a contagem da respiração da criança e a medição da temperatura. “Coisas simples que podem ser feitas tanto na cidade quanto em território indígena”, acrescentou.
Os enfermeiros capacitados pelo AIDPI possuem respaldo para prescrever medicamentos, inclusive antibióticos. O protocolo traz a estrutura para cada sintoma, inclusive com o prazo para o retorno e reavaliação. A cada agravamento, há uma estrutura definida, promovendo segurança ao profissional. Caso os sintomas fiquem muito graves, a criança é encaminhada para o hospital da região ou para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Redução de mortalidade e humanização
O objetivo do AIDPI é propor uma avaliação sistemática dos principais fatores que afetam a saúde infantil, integrando ações curativas com medidas de prevenção dos problemas infantis mais frequentes.
A aplicação da estrutura promove a diminuição de hospitalizações e da mortalidade infantil. “A gente consegue ajudar as crianças de forma mais rápida, diminuir a mortalidade e diminuir as taxas de internação. Neste período, por conta da sazonalidade das doenças respiratórias, o protocolo nos auxilia muito”, ressaltou a enfermeira Carolina Bastos.
A rapidez do atendimento, especialmente aos casos que necessitam de atenção especial, foi observada por Jéssica Lobo, 21, que levou o pequeno Ítalo Gabriel Lobo, 2, à UBS 2 de Ceilândia. Os sintomas de Ítalo Gabriel começaram no início da semana e o agravamento do quadro se deu de quarta (3) para a manhã desta quinta (4).

Atendida pela enfermeira Carolina Bastos, a mãe ficou aliviada ao receber as orientações necessárias. “Ele estava apresentando tosse, febre e vomitando muito. O atendimento foi bom e rápido, porque eu via que era uma situação urgente. Agora, vou retornar segunda de manhã”, explicou.
A atenção à fala do cuidador é outro princípio promovido pelo protocolo, conforme ressalta Campoe. “O AIDPI fortalece e valoriza a fala do cuidador no momento de acolhimento, trazendo uma visão humanizada”.
Atendimento hospitalar
Além do atendimento da atenção primária, a assistência hospitalar da região procurou medidas para otimizar e qualificar o atendimento pediátrico. No Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a “rota rápida” direciona os pacientes aos locais adequados, conforme a gravidade.
Na Diretoria de Atenção Primária da região, a Equipe de Gerenciamento de Caso (EGC) é a responsável pelo encaminhamento correto, juntamente com a gerente de acesso e qualidade, Glaucijane Santana. Juntos, coordenam que crianças com fichas verde ou azul sejam encaminhadas para as UBSs de referência, amarela para as policlínicas e as vermelhas são atendidas no hospital.
“Nós referenciamos para entrar na emergência e também usamos a rota rápida para tirar das portas de urgência os pacientes classificados como verdes ou azuis. Isso favorece o atendimento na pediatria, porque as crianças que não deveriam estar nas portas de urgência são encaminhadas para a atenção primária”, explica Janaina Alves, Gerente de Áreas Programáticas do HRC.
