08/09/2023 às 10h03

Saúde debate políticas públicas de ampliação da oferta de profilaxia pré-exposição ao HIV

Reunião ocorreu entre membros da pasta, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e da UNAIDS

Jurana Lopes, da Agência Saúde-DF | Edição: Janete Lemos

Debater a integração de diversas políticas públicas para ampliar o alcance de pessoas vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ao tratamento e o acesso às estratégias de prevenção da doença. Esta foi a pauta principal da reunião entre membros da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

O debate ocorreu nesta semana na Superintendência da Região Oeste, justamente porque desde julho está disponível a oferta da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP HIV) na Policlínica de Ceilândia II – que fica ao lado do Hospital Regional da Ceilândia (HRC).

“Nosso objetivo é discutir quais as melhores estratégias para viabilizar a oferta de PrEP para o maior número possível de pessoas, principalmente no público que desconhece o serviço, focando nas pessoas em situação de vulnerabilidade para o HIV, profissionais do sexo, pessoas trans, homossexuais, pessoas em situação de rua, jovens, entre outros”, explica a gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz.

Facilitar o acesso à PrEP, segundo Luz, é uma oportunidade de vincular o público-alvo ao serviço de saúde como um todo. Por exemplo, com testagem para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), vacinação, acompanhamento de possíveis doenças crônicas como hipertensão e diabetes e inserção no sistema SUS para quem ainda não é cadastrado.

A ministra substituta dos Direitos Humanos e da Cidadania, Rita Oliveira, conheceu a estrutura de atendimento a pessoas que vivem com o HIV/Aids na Policlínica de Ceilândia II. Durante a visita, a gestora propôs o projeto-piloto a ser desenvolvido pela pasta federal, o Ministério da Saúde (MS), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e a Secretaria de Saúde do DF. A iniciativa terá como objetivo democratizar o acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para atender diferentes públicos, como pessoas em restrição de liberdade.

“Um acordo que estamos construindo com o Unaids tem um eixo voltado à prevenção do HIV. Quando eles nos falaram dessa iniciativa de disponibilização da PrEP de forma gratuita e acessível, casou muito com os objetivos que nós temos de democratizar o acesso à prevenção do HIV para grupos vulnerabilizados. Queremos conhecer e nos inspirar nessa iniciativa para replicar em outros espaços, em especial no sistema prisional, que nós entendemos que tem uma vulnerabilidade grande e essa dificuldade de acesso”, afirma a ministra substituta do MDHC.

Estratégias de prevenção combinada. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde DF

Tratamento

Atualmente, mais de 17 mil pessoas no Distrito Federal são cadastradas e realizam tratamento para o HIV. O intuito é que essas pessoas não deixem de se tratar e ainda mobilizem amigos e familiares com relação à prevenção.

Pensando nisso, a Secretaria de Saúde expandiu a oferta do serviço e, em julho, o ambulatório especializado da PrEP na Policlínica de Ceilândia II começou a oferecer a profilaxia, tendo em vista que a Região Oeste, que compreende Ceilândia, Brazlândia, Sol Nascente e Pôr do Sol, possui indicadores que refletem grande índice de vulnerabilidade social, o que torna a população, também, vulnerável ao HIV.

O ambulatório especializado tem atendimento toda quarta-feira, no período vespertino, e o agendamento é feito diariamente na própria unidade. Inicialmente, foram disponibilizadas 120 vagas.

Qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV pode utilizar a PrEP, a partir da prescrição feita por um profissional de saúde, sendo ele médico ou enfermeiro. A ingestão pode ser diária ou sob demanda, conforme orientações médicas. A pessoa que adere à estratégia realiza acompanhamento regular, com testagem para o HIV, sífilis, hepatite B e C.

O que é a PrEP?

A PrEP é um medicamento antirretroviral que deve ser ingerido antes da relação sexual, permitindo ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o vírus. O método faz parte de uma das estratégias de prevenção combinada do HIV, que reúne ferramentas biomédicas, comportamentais e estruturais, como o uso de preservativos e lubrificantes, testagem regular e adesão à terapia antirretroviral (Tarv) para controlar a infecção, por exemplo.

Anualmente, a Secretaria de Saúde distribui uma média de 15 milhões de preservativos masculinos, 400 mil preservativos femininos e gel lubrificante. Um adequado pré-natal também é importante para prevenir que ISTs sejam transmitidas da mãe para o bebê.

Além do uso do preservativo, algumas ISTs contam com vacinas, como é o caso da hepatite B e do HPV. A realização de testagem para o HIV é um direito dos usuários do SUS. A testagem rápida está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e também no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que funciona no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin), na W3 Sul. Para encontrar a UBS de referência, basta acessar o portal InfoSaúde e digitar o CEP.