27/09/2013 às 17h35

Saúde investe em tecnologia e amplia atendimento cardiológico na rede publica

“Tratamento ouro” garante acesso imediato e reduz mortalidade


As doenças cardiovasculares, um preocupante problema de saúde pública, representam a primeira causa de morte no País. Para fazer frente a esse grave problema, a Secretaria de Saúde investe em tecnologias como a telemedicina e amplia o atendimento da rede pública para garantir assistência integral aos pacientes cardiológicos.

A SES/DF vem desenvolvendo uma Politica de Saúde Cardiológica, com um objetivo claro: oferecer atendimento imediato e eficiente aos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM), por meio dos serviços de emergência e com isso reduzir a mortalidade.

“Temos um tratamento ouro que é iniciado, com medicamentos, assim que o paciente chega ao pronto socorro ou mesmo na ambulância do Samu, após a realização do tele eletrocardiograma”, informa a coordenadora de Cardiologia da rede pública de Saúde, Edna Maria Marques. Se isso não resolver, o infartado é encaminhado ao Hospital de Base ou ao Instituto de Cardiologia para ser submetido ao cateterismo e angioplastia em 90 minutos.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2010, as doenças cardiovasculares representaram 31% dos óbitos no país, sendo a principal causa de morte por doenças crônicas não transmissíveis, que somou 73% do total geral de falecimentos. No DF, a situação é semelhante. Todos os meses, as unidades da SES, atendem pelo menos 80 pessoas com sintomas de infarto.

Este ano, o Dia Mundial do Coração, lembrado no último domingo de setembro, tem como enfoque crianças e adolescentes. A aterosclerose (processo de calcificação que promove o endurecimento das artérias do coração), causa básica das doenças cardiovasculares, tem o início de seu desenvolvimento nesta fase, avançando ao longo dos anos e levando à morte prematura na vida adulta por suas complicações. A doença pode ser prevenida com mudanças de hábito dos jovens para reduzir ou retardar os fatores de riscos cardíacos na idade adulta.

Três níveis
O serviço de cardiologia da Secretaria de Saúde é organizado em três níveis: primário, secundário e terciário. O nível primário envolve o atendimento básico, realizado em centros de saúde e unidades básicas de saúde – geralmente consultas e orientações por meio dos grupos de hipertensos. As consultas são reguladas pela SES e a porta de acesso são os serviços de atenção básica.

Os hospitais regionais e as unidades de pronto atendimento (UPA) são responsáveis pela assistência secundária – com consultas com especialistas, exames e internações. O Hospital de Base e o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, que mantem convênio com a SES, fazem o atendimento terciário, de alta complexidade, que inclui procedimentos e exames especializados como angioplastia, cateterismo, cirurgia cardíaca de peito aberto e também os transplantes de coração (realizados pelo Instituto de Cardiologia do DF - ICDF).

A Secretaria de Saúde tem atualmente 128 médicos cardiologistas lotados em várias unidades de saúde, que fazem cerca de 1.200 consultas todos os meses. Também são realizados uma média de 100 angioplastias (tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de cateter balão, com o objetivo de aumentar o fluxo de sangue para o coração) e 200 cateterismos (procedimento usado para diagnosticar entupimentos nas artérias).

Telemedicina
A implantação da telemedicina, com realização do tele eletrocardiograma, tele holter e tele mapa, foi responsável por um avanço significativo registrado pela Secretaria de Saúde. Segundo a coordenadora de Cardiologia da SES, o serviço está disponível em todos os níveis de atenção. “Isso garante a cobertura cardiológica em toda a rede”, enfatiza.

Desde sua implantação, em abril desde ano até o dia 17 de setembro, foram realizados 7.312 tele eletrocardiograma (tele ECG). O exame possibilita que os sinais elétricos do coração sejam analisados, por meio da fixação de eletrodos no tórax do paciente. Desde total, 10% apresentaram alterações, informa a cardiologista.

O serviço funciona em 165 unidades saúde - ao todo, serão 200 - e tem como objetivo descentralizar os exames, antes feitos anteriormente apenas em hospitais e zerar a fila de espera pelo procedimento.

“A telemedicina em cardiologia é um serviço eficiente, em que a população tem o diagnóstico em poucos minutos”, destaca o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, acrescentando que isso é possível, pois nesse método, médicos recebem o resultado e emitem o laudo à distância.

Os exames são analisados prontamente por especialistas do Hospital do Coração de São Paulo, via telecomunicação. Os resultados são enviados por telefone ou internet para a equipe de São Paulo e eles encaminham, em poucos minutos, o laudo do paciente.

De acordo com levantamentos da SES, cerca de 10 mil pacientes aguardavam pelo procedimento no início de março. “Essa fila já foi reduzida e após a instalação de todos os pontos, a demanda será zerada”, aponta o assessor do Escritório de Projetos Estratégicos da SES, Ricardo Gamarski. “Existe uma distorção nesses dados, porque muitas pessoas entram na fila apenas para fazer um eletrocardiograma para frequentar uma academia”, diz Edna Marques.
A expectativa é de que sejam realizados aproximadamente 20 mil diagnósticos por mês, entre Tele ECG, Tele Holter, tele monitoramento ambulatorial da pressão arterial (Mapa) e Segunda Opinião, quando todo o sistema estiver implantado.

O Tele ECG é realizado em todos os hospitais e centros de saúde do DF. Os demais exames serão disponibilizados em unidades que têm a especialidade de cardiologia, como o Hospital de Base e os hospitais regionais de Taguatinga, Gama e Sobradinho.

O tele holter possibilita o monitoramento da atividade elétrica cardíaca do paciente em suas atividades diárias, durante 24 horas, por meio de eletrodos (fios) fixados em seu peito. Já o Tele Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa) é um método que possibilita a análise do comportamento da pressão arterial fora do ambiente de consultório médico, durante 24 horas.

Outra novidade que será implantada até o final de outubro na rede publica de saúde é o Segunda Opinião. O serviço possibilita que o profissional de saúde solicite uma segunda opinião, para outro médico especialista em cardiologia. A iniciativa dá uma maior segurança para o profissional realizar o tratamento de pacientes em casos mais complexos.
O estilo de vida, alerta a cardiologista, é o principal fator que leva às doenças cardiovasculares, entre eles o infarto agudo do miocárdio. Informar a população sobre riscos e complicações de doenças crônicas, como evitá-las ou retardá-las e promover ações preventivas é o maior desafio dos serviços de saúde. Segundo a médica, as pessoas precisam incorporar a prática de hábitos saudáveis de vida.

Parceria amplia atendimento
Há cerca de dois anos, pacientes com cardiopatias são atendidos pelo ICDF, por meio convênio firmado com o governo do Distrito Federal. Além de consultas, o instituto passou a fazer exames e cirurgias na especialidade como cateterismo cardíaco, angioplastias, estudo eletrofisiológico diagnóstico e terapêutico, ecocardiogramas, ergometria (teste de esforço), ergoespirometria, mapa e holter.

Em fevereiro, a parceria foi ampliada e o Instituto passou a oferecer atendimento 24 horas para pacientes diagnosticados com infarto ou princípio de infarto vindos da rede pública de Saúde. “A ideia era garantir o tratamento logo nas primeiras horas, quando a abordagem adequada pode evitar maiores sequelas”, salienta Edna Maques.

Em caso de suspeita de infarto, a pessoa será levada à unidade da rede pública de Saúde mais próxima. Caso haja diagnóstico de infarto, indicação de cateterismo cardíaco ou de angioplastia a transferência dos pacientes para o ICDF será imediata.

A recuperação do paciente ocorre no hospital que o encaminhou ao instituto. A proposta é liberar os leitos do ICDF mais rapidamente. Hoje, essas cirurgias são realizadas no Hospital de Base do Distrito Federal, que continuará a receber pacientes com esse quadro clínico.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal mantém esse convênio desde 2010 para atender todos os infartados que procurarem o Sistema Único de Saúde (SUS). O GDF repassa mensalmente cerca de R$ 5 milhões ao Instituto de Cardiologia do DF.

Cirurgias e consultas eletivas continuam a ser feitas no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), respeitando os critérios estabelecidos pelo SUS. O paciente deve procurar a rede pública de saúde para uma primeira avaliação, e, se necessário, será encaminhado ao instituto ou ao Hospital de Base.

Celi Gomes