Servidores da Saúde contam com práticas integrativas para manter o autocuidado
Servidores da Saúde contam com práticas integrativas para manter o autocuidado
Iniciativa contribui para promoção do bem-estar, combatendo o estresse que enfrentam profissionais da linha de frente
LÍVIA DAVANZO, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF | EDIÇÃO: MARGARETH LOURENÇO
Após dois anos vivendo em um contexto de pandemia, diversos são os reflexos físicos e mentais na saúde. É fundamental pensar em saídas para amenizar os efeitos do período vivenciado e promover mais bem-estar. As práticas integrativas em saúde são aliadas importantes para isso.
Há 24 anos atuando no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), a técnica de enfermagem e bióloga, Janine Araújo Montefusco Vale, 42 anos, conta que a pandemia fez com que os impactos na saúde dos trabalhadores aumentassem e, com isso, a necessidade de buscar alternativas. “Tivemos que buscar práticas para melhorar o estresse, o cansaço e, no meu caso, as enxaquecas”, relata.
Foi, então, que ela passou a fazer sessões semanais de Auriculoterapia, no próprio hospital. “Consegui reduzir bastante o uso de analgésicos e a intensidade e a frequência das crises”, comemora. E acrescenta que os benefícios foram também para a saúde mental “diminuiu o estresse e trouxe qualidade de vida”, garante.
A profissional avalia como positiva a iniciativa de oferta da prática no local de trabalho. “Nos sentimos cuidados, já que tratamos dos outros e, muitas vezes, negligenciamos a nossa própria saúde. Ter a disponibilidade de atendimento aqui no hospital facilita muito”, pontua.
Quem promove as práticas integrativas no local é a também servidora do Hran, Alessandra De La Plata. A enfermeira atua, desde 2013, no hospital e conta que a partir de um quadro depressivo buscou se aprofundar no conhecimento dessas práticas. Em 2020, ela terminou uma pós-graduação em práticas integrativas.
“Desde que eu comecei a estudar o assunto eu queria trabalhar com servidor. Eu adoeci por conta do trabalho e não queria que meus colegas passassem por isso”, revela. “Com a pandemia, vi os servidores adoecerem em uma velocidade muito grande, aumentando as licenças médicas e sobrecarregando ainda mais o serviço”, relembra.
Foi a partir desse cenário que ela decidiu colocar em prática o projeto que há muito vinha pensando e, em abril de 2021, iniciou os atendimentos de Reiki e Auriculoterapia voltados aos servidores do Hran. Nesse período, já foram cerca de 1.600 atendimentos realizados, sendo uma média de 200 por mês.
“Os relatos são cada vez melhores. Eu comecei atendendo um dia na semana e logo a lista de espera cresceu. Hoje me dedico exclusivamente aos atendimentos para os servidores e continua com fila. A ideia é expandir ainda mais o projeto, pois os resultados são impressionantes. Conseguimos diminuir licenças médicas e trazer mais bem-estar aos colegas, com diminuição da ansiedade”, comemora. “Isso reverbera na qualidade dos serviços prestados aos usuários”, conclui.
O secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache, ressalta a importância do trabalho desenvolvido pela Gerência de Práticas Integrativas (Gerpis) no incentivo a iniciativas como a realizada no Hran. “Temos uma preocupação muito grande com a saúde mental, tanto da população quanto dos nossos servidores. Já solicitei a intensificação de todas as medidas possíveis para que tenhamos uma forma de aliviar a tensão, dar o melhor conforto e mais saúde aos nossos servidores”, destaca.
Atenção à saúde dos servidores
Desde 2021, a Gerpis incentiva que gerentes e chefes das unidades de saúde organizem e ofereçam atendimentos por meio das práticas integrativas em locais onde haja servidores capacitados e habilitados nessas abordagens terapêuticas, de acordo com as normativas do tema. A ideia é que os próprios servidores conduzam as práticas para os colegas, com apoio técnico e supervisão da Gerpis, como foi no caso do projeto no Hran.
A iniciativa ganhou adesão. “Estimamos mais de 600 profissionais habilitados em práticas integrativas no quadro da SES. Sugerimos que os gestores locais localizem esses servidores nas suas equipes e organizem as atividades em suas unidades”, destaca o gerente de Práticas Integrativas em Saúde, Cristian Silva. “Os resultados mostram que esse tempo de autocuidado melhora a qualidade de vida no trabalho e fora dele”, aponta Cristian.