11/05/2020 às 20h10

Socorristas do Samu realizam ação humanitária durante atendimento

Servidores cuidaram do paciente portador da doença de Parkinson e limparam a residência que estava alagadaJoão* nome fictício para resguardar a identidade do paciente.Texto: Érika Bragança, da Agência SaúdeFotos: Divulgação/SES

  Dos muitos trabalhos já realizados pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), é impossível não encontrar casos em que o paciente requer mais que um atendimento de emergência. É um trabalho que envolve humanização e uma escuta qualificada para abordar até questões psicológicas, devendo estar apto para as situações de suicídio também.   E foi assim, em um atendimento ocorrido no Núcleo Bandeirante, que a equipe do núcleo da Região de Saúde Centro-Sul precisou atuar de maneira humanizada e assertiva.   A equipe foi acionada pela Polícia Militar para atender um paciente supostamente em convulsão. No entanto, ao chegar no local, a equipe deparou-se com um paciente portador de Mal de Parkinson. Ele tinha ido ao comércio próximo de sua residência para pegar a aposentadoria. Como a doença está em estado mais avançado, ele ficou cansado, tremia muito e não conseguia mais se locomover. Por isso, a população em volta achou que estava tendo convulsão, pois não conseguia nem falar.   José Júnior, enfermeiro da unidade de atenção, checou os sinais vitais e reconheceu o paciente João*, 57 anos, de outra chamada, acalmando-o. Mas, ainda abalado, ele informou ao servidor que não conseguia voltar para casa. Feita a avaliação dele e constatado que o caso não era para regulação, a equipe solicitou autorização para deixá-lo em sua casa, que ficava a duas quadras do local em que tudo ocorreu.   Chegando a casa do paciente, que mora sozinho, a equipe e ele perceberam que por conta de um vazamento de água, a residência estava completamente alagada. Os socorristas do Samu não pensaram duas vezes: fizeram a limpeza do local, pois, na ocorrência de eventos adversos, podem também atuar na prevenção de acidentes.   Para a equipe, não havia condição em deixar o paciente em situação de risco, com a possibilidade de acontecer uma queda, que poderia provocar fratura grave em alguém com o quadro clínico já merecedor de cuidado. “Esse atendimento foi diferente. Nele conseguimos atuar na prevenção. Graça a Deus, João estava bem, mesmo com o estágio avançado da doença de Parkinson", conta José.   O enfermeiro relatou a ocorrência quando chegou a casa do atendido. "Nos deparamos com uma situação séria, em que o paciente poderia sofrer um grave acidente. Então, vendo isso, não podíamos simplesmente deixá-lo, mesmo que sob orientação, haveria risco de acidente. É impossível sair deixando tudo alagado. Num lugar pequeno como aquele, tipo quitinete, ele poderia até morrer numa queda ao bater a cabeça num móvel ou mesmo no chão”, desabafou José.