Tempo de espera na oncologia diminui na saúde pública do DF
Tempo de espera na oncologia diminui na saúde pública do DF
Inserida no programa 'O câncer não espera. O GDF também não', a linha de cuidado tornará o atendimento mais eficiente; de março a julho deste ano, a média de espera oncológica passou de 74 dias para 51 dias
Larissa Lustoza, da Agência Saúde DF | Edição: Natália Moura
Oferecer atendimento ágil, coordenado e humano a pacientes oncológicos. Foi com esse objetivo central que o programa “O câncer não espera. O GDF também não” redesenhou a linha de cuidado na rede pública. Um dos pilares da ação é o foco na jornada do paciente oncológico, tornando-a mais rápida na rede pública.
No caminho proposto pelo programa, o tratamento tem início na Unidade Básica de Saúde (UBS), onde o usuário é referenciado para consulta com especialista, exames diagnósticos e inserção em fila de atendimento oncológico para que atendimento e tratamento se inicie em um prazo de até 60 dias.
Como funciona
Após inserido na fila de regulação para primeira consulta oncológica, o paciente é acionado pela Central de Regulação do Distrito Federal, onde passa por uma triagem oncológica. Em seguida, ele pode começar o tratamento em alguma das unidades habilitadas. Tudo isso com acompanhamento contínuo e posterior retorno à UBS, conforme a evolução clínica. A equipe especializada monitora o paciente em todas as etapas: exame, cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
É o caso de Antônia Oliveira, 46. Anualmente, ela comparecia ao Hospital de Base (HBDF) para acompanhar um nódulo no seio. Quando surgiu a suspeita de possível câncer de mama, foi realizada a biópsia para confirmação do diagnóstico e a transferência ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT). “Fui encaminhada para continuar o tratamento com o setor oncológico e fui muito bem-recebida. Hoje, fiz quimioterapia. Na minha primeira vez na oncologia, tudo ocorreu com rapidez”, declara.
Atendimento humanizado
A paciente Carmen Dirce Silva, 54, também realiza o acompanhamento no HRT e sente os benefícios de uma assistência integral e humanizada. A enfermeira foi diagnosticada com câncer de mama e, desde o início deste ano, faz quimioterapia na unidade. “O acolhimento está ótimo. Tem uma equipe que te acompanha ao longo de todo o tratamento. Aqui, tenho consultas com psicólogo, fisioterapeuta, assistente social e nutricionista. A gente tem até feito passeios e eventos", diz.
Carmen reflete como é essencial interligar as especialidades, participar de reuniões em grupo com outras pacientes oncológicas e obter ajuda psicológica. “A palavra câncer é muito forte, e o acolhimento, até dentro da sala da quimioterapia, é muito importante. A maioria é enfermeiro e trata a gente com muito carinho”, lembra. “E para mim, que sou da área da saúde, foi muito difícil me acostumar com o diagnóstico. Sou alguém que estava acostumada a cuidar e, agora, tive que me acostumar a ser cuidada”.
Menos espera
A partir de medidas estratégicas, esses usuários estão aguardando menos tempo para o tratamento. É o que mostram os números: de março a julho deste ano, a média de espera oncológica passou de 74 dias para 51 dias; já a de radioterapia foi de 54 dias para 30 dias ー quedas de 31% e 44%, respectivamente.
A proposta prevê 1.383 novos tratamentos oncológicos em todo Distrito Federal, no período de três meses. Foram investidos mais de R$ 14 milhões para permitir que as pessoas na lista de espera pudessem começar a terapia adequada o quanto antes.
O secretário de Saúde, Juracy Lacerda, ressalta como o tempo é crucial para o atendimento de pacientes diagnosticados com a doença e como o programa busca priorizar essa questão. “No início da minha gestão, tínhamos 900 pacientes aguardando e um tempo médio de 74 dias para que fossem atendidos. Com a elaboração da linha de cuidado e algumas ações internas, conseguimos, antes mesmo da implementação do programa, reduzir de forma significativa a lista e o tempo de espera”, afirma.
Dados no DF
No DF, há uma média de 399 pacientes inseridos mensalmente na lista de espera. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a expectativa é que a capital federal passe a registrar quase 9 mil novos casos entre o triênio 2023/2025. O número aumenta para 10,3 mil novas ocorrências quando a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride) é considerada na pesquisa.
Os tipos de câncer que mais acometem a população são os de mama, cólon, reto e colo do útero, para mulheres; e próstata, cólon, reto, traqueia, brônquio e pulmão, para homens.