Torção testicular: situação pode ser grave e exige intervenção rápida
Torção testicular: situação pode ser grave e exige intervenção rápida
Problema afeta principalmente jovens entre 12 e 18 anos; pancadas e malformação congênita são fatores de risco
Yuri Freitas, da Agência Saúde-DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan
Há uma emergência de saúde masculina de extrema importância, mas que passa quase despercebida à maior parte dos homens: a chamada “torção testicular”, uma condição extremamente dolorosa e potencialmente grave. A torção é causada pela rotação do testículo no interior da bolsa escrotal, o que resulta na interrupção do suprimento sanguíneo do órgão – podendo resultar em sua perda.
“O testículo tem um cordão que o nutre, o cordão espermático. O que muitas vezes acontece é que o músculo cremaster – responsável por elevar e abaixar os testículos, de modo a regular a temperatura dos órgãos – acaba se contraindo e, nesse movimento, há a torção”, explica o médico urologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Udenbergh Nóbrega.

O problema é mais comum em adolescentes entre 12 e 18 anos, mas pode acontecer em qualquer idade. Dentre as principais causas, constam a exposição ao frio, traumas na região genital, exercícios físicos muito intensos e malformações congênitas. A torção muitas vezes ocorre quando o indivíduo está de repouso e os sintomas imediatos incluem dor intensa, de início súbito, podendo ocasionar náusea e vômito. Há ainda inchaço e vermelhidão na região, assim como o endurecimento do tecido escrotal.
Nos casos agudos, há possibilidade real de se perder o testículo caso não haja intervenção rápida. “O tempo ideal para destorcer o testículo é de até seis horas. Respeitando esse limite, você tem 90, 95% de chance de salvar o órgão. Quanto mais tempo se demora, mais se vai perdendo esse percentual. Acima de 12 horas, é 20%. Após 24 horas, geralmente não se opera mais”, alerta o médico urologista.

Nóbrega ainda ressalta que a perda de apenas um testículo não torna o homem estéril, mas que, nos casos de malformação congênita, é necessário operar os dois, de modo a evitar futuros incidentes. “Também temos casos em que acontecem múltiplas torções e destorções. Há pacientes que relatam dor e melhora. Nesses casos também são indicadas cirurgias, embora não de urgência”, ressalta.
Ocorrências
Não existem dados oficiais sobre a incidência exata de torções testiculares no Brasil. Nóbrega aponta, contudo, que um estudo realizado no estado de São Paulo registrou 2.351 casos, entre 2008 e 2016, no sistema do Departamento de Informação e Informática do SUS (Datasus), a uma taxa de 21,61 casos por 100 mil homens usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
