Transplantes de medula óssea do tipo autólogo voltam a ser realizados pelo ICDF
Transplantes de medula óssea do tipo autólogo voltam a ser realizados pelo ICDF
Hoje, o Instituto é a única unidade credenciada a realizar TMO adulto em todas as modalidades
ICDF volta a realizar transplantes de medula óssea - Foto: Divulgação/ICDF
JURANA LOPES, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF O Instituto de Cardiologia do Distrito Federal retomou as atividades de transplantes de medula óssea (TMO) do tipo autólogo contratados com a Secretaria de Saúde. Em dois meses foram realizados quatro transplantes deste tipo. Atualmente, o ICDF dispõe de quatro leitos em unidade de acolhimento desses pacientes. A expectativa da Instituição é atender, pelo menos, três pacientes por mês, com grande possibilidade de superar o total de atendimentos do ano anterior (2020), quando foram realizados 21 procedimentos do tipo autólogo. O Transplante de Medula Óssea (TMO) consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma saudável. No procedimento do tipo autólogo, o próprio paciente é o doador. O mesmo completa as sessões iniciais de quimioterapia e, em seguida, suas células-mãe da medula óssea são coletadas e armazenadas. Depois disso, o paciente ainda realiza a quimioterapia intensiva a fim de eliminar células doentes e transfundir a medula óssea. O TMO autólogo é um procedimento que depende da disponibilidade de leito na unidade visto que é realizado com a medula do próprio paciente. É o procedimento mais comum em adultos. O TMO alogênico depende da doação de medula por um doador da mesma família (aparentado) ou do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), não aparentado. Em algumas circunstâncias, um dos pais ou filho que tenha apenas metade da correspondência também pode ser usado; isso é chamado de transplante haploidêntico. Situação no Distrito Federal Hoje, o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) é a única unidade credenciada a realizar TMO adulto em todas as modalidades (autólogo, alogênico aparentado, alogênico não aparentado e haploidêntico). Devido a questões de gestão financeira, o ICDF suspendeu a admissão de novos pacientes em janeiro de 2020, realizando procedimentos até março do mesmo ano. “Neste período, os pacientes com indicação de TMO foram encaminhados para outras unidades federativas através do programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD). Aqueles que necessitam de procedimentos alogênicos seguem sendo encaminhados pelo TFD para unidades que disponibilizam vagas”, explica Ludmila Lamounier, diretora substituta da Central Estadual de Transplantes. Em 2021, das 30 solicitações para consulta pré-transplante autólogas recebidas pela Secretaria de Saúde, 12 pacientes foram encaminhados para Tratamento Fora de Domicílio, em centros transplantadores do país (MG, PE e SP), pois o ICDF não estava realizando transplante autólogo até março. De acordo com Ludmila, desses 12 pacientes, apenas dois conseguiram realizar o transplante fora do DF e os demais seguem em fila, aguardando a convocação para realização desse procedimento nos centros transplantadores, para os quais foram encaminhados. A partir de abril, com a retomada das avaliações pré-transplantes autólogos no ICDF, 14 pacientes foram referenciadas a esse serviço e seguem em fila, aguardando a realização do procedimento no DF. Quanto aos transplantes alogênicos, foram 23 solicitações para consultas pré-transplante alogênicas recebidas no DF. “Tendo em vista que o ICDF não tem realizado esse procedimento, a Secretaria de Saúde solicitou junto à Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, a alocação de leitos em outros centros transplantadores. Com isso, esses pacientes foram encaminhados para avaliação fora do estado, mas apenas três, até o momento, conseguiram realizar o procedimento e os demais seguem em fila, aguardando o transplante. O Hospital da Criança de Brasília (HCB) é credenciado para realizar TMO pediátrico autólogo desde novembro de 2019. Em 2021, foram realizados seis TMO autólogos no HCB. Dificuldade De acordo com o ICDF, hoje há pacientes que aguardam pelo transplante de medula óssea autólogo prontos para internação, mas uma medicação imprescindível para realização do procedimento está em falta no mercado, devido a produção na fábrica. Trata-se do fármaco Melfalano, o que pode comprometer a meta de atendimentos, já que ela é imprescindível para a realização dos transplantes. Vitória Wilson Gonçalves Nunes, de 67 anos, está comemorando a alta hospitalar que recebeu no último dia 22 de maio. Ele fez o transplante de medula óssea autólogo no ICDF e disse que não demorou para ser chamado para o procedimento. “Estou me recuperando muito bem. Meu tratamento foi muito bom e bem rápido. Todos os profissionais que cuidaram de mim foram super atenciosos e gentis. Agora, vou seguir fazendo as transfusões de sangue pós-transplante durante três meses”, explica o paciente, que realizou o transplante de medula óssea autólogo no dia 7 de maio. Wilson celebrou a “pega da medula” no dia 21 de maio. A ação é conhecida como o momento em que é detectada a recuperação da medula enxertada, com a sua função normalizada, ou seja, a produção de sangue no organismo. Na primeira vez que o paciente foi chamado para fazer a punção da medula óssea foi impedido porque o câncer estava num estágio grave, após fazer o tratamento e estar com as células recuperadas, foi chamado pela segunda vez e fez o transplante.