15/05/2014 às 11h09

Zoonoses alerta para o abandono e cuidado dos animais

Por Alessandra Franco, da Agência Saúde DFFoto Gerson Lucas

Dois animais são deixados no local diariamente

A Diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF (Dival/SES) alerta a população para o problema do abandono e o cuidado com os animais. Na média, diariamente, dois animais (como cães e gatos) são encaminhamos para a Dival para cuidados, o que não faz parte das atribuições da instituição.

“O que queremos alertar à população é que recebemos várias ligações de pessoas denunciando maus tratos ao animal e também pessoas que trazem animais para ficarmos com eles. Mas a atribuição da Dival não é essa. Precisamos capturar animais que apresentam risco de doenças à população, como a leishmaniose e raiva”, orienta a Diretora da Dival, Kênia Cristina.

Os animais deixados no local, quando saudáveis, são encaminhados para adoção pelos cidadãos comuns e organizações não governamentais (ONGs) de proteção aos animais. “Animais que chegam até nós, porque os donos não querem mais, não podem ser recebidos. A Dival não é hospital veterinário ou abrigo. Nossa competência como órgão de Vigilância Ambiental da SES/DF é bem definida no Decreto n° 34.213, de 14 de março 2013”, acrescenta a diretora.

O órgão responsável pela saúde dos animais é a Secretaria do Meio Ambiente, que disponibiliza os “Castra móveis”, por exemplo. O Hospital veterinário da Universidade de Brasília também tem atribuição em cuidar da saúde dos animais, além de clínicas veterinárias da iniciativa privada.

Casos suspeitos de doenças
“Devemos apreender o animal, fazer o exame para confirmar se tem leishmaniose (em caso de cão) ou raiva (no casos de gatos e cães) e deixa-lo em observação”, complementa Kênia. De janeiro a maio deste ano, foram recebidos no canil e no gatil da Dival, 595 cães e gatos com suspeitas de leishmaniose ou raiva. Os casos suspeitos devem ser registrados no Disque Saúde (160) ou pelo telefone 3343-8809.

Maus tratos
Os animais que ficam abrigados temporariamente na Zoonoses, em observação de doença ou antes do exame, permanecem em ambiente limpo, com alimentos (ração) e água disponíveis dia e noite. “O mau trato é crime em nossa legislação, por isso, não  o admitimos em nossos canis e gatis”, acrescenta o especialista.

“Fazemos um trabalho contínuo com os animais que ficam aqui. Eles são observados e, em casos de suspeitas, fazemos o exame laboratorial. Os animais saudáveis são encaminhados para a adoção. Muitas ONGs e pessoas comuns levam os animais para adoção”, destaca a especialista.

Eutanásia
Animais que são deixados na instituição, que chegam com feridas graves, atropelados, agredidos ou que já demonstram sinais de sofrimento de morte, são eutanasiados mesmo não sendo atribuição do órgão. “Como levamos em conta o respeito e o atendimento humanitário dos animais, em atendimento a Lei 9.605/9, fazemos também a eutanásia de bichos machucados com graves ferimentos e que não vão sobreviver”, informa o veterinário da Zoonoses, Ivanildo Santos.

Os animais que têm a confirmação de leishmaniose e raiva são eutanasiados de forma indolor para que o animal não sofra. “Damos uma anestesia no animal e depois a injeção letal e o proprietário do animal pode acompanhar o procedimento”, acrescenta o especialista.

Após isso, os animais são encaminhados para incineração, feita de forma terceirizada pelo SLU (Serviço de Limpeza Urbana) para evitar contaminações.

Leishmaniose
A Leishmaniose visceral é uma doença grave transmitida pelo cão infectado para o ser humano através do mosquito palha (os gatos não transmitem) . “Nos casos de cães confirmados com a doença, temos determinação do Ministério da Saúde para  eutanasia-los, pois não existe na legislação brasileira tratamento em animais, só em humanos”, completa Kenia.

As áreas de transmissão da Leishmaniose no DF são: Lago Norte, Lago Sul, Fercal, Sobradinho I e II, Jardim Botânico, Grande Colorado, Varjão e Taquari. Como é transmitida pelo mosquito, os moradores desses locais devem estar atentos.

Usar repelentes ao fim de tarde e de noite, colocar micro telas nas janelas e evitar portas e janelas abertas à noite, vestir camisas com mangas e calças compridas em ambientes externos à noite. Limpar os quintais sem deixar mato grande e poças de água suja. Alguns repelentes naturais como o citronela, amplamente comercializado, também são bons, pois evitam o mosquito no local.

Exame
O exame para verificação da Leishmaniose é gratuito e realizado na própria Dival. O horário de atendimento é das 8h às 18h. Para visitas aos animais, o horário é das 11h às 18h. Vale lembrar que os animais que estão em observação por suspeita de doenças não podem ter contato com humanos.

Raiva
A Raiva é uma doença grave, sem cura. Ela foi banida do Distrito Federal após muito trabalho da Zoonozes juntamente com outros órgãos de proteção e vigilância ambiental para diminuir os números de casos da doença, que é quase sempre fatal e pode ser transmitida ao ser humano.

O ultimo caso de raiva no DF em cão foi em 2000 e em gato em 2001. Entretanto, há no DF a circulação viral em quirópteros e animais de produção (gados, por exemplo). Todos esses animais de produção são inspecionados pela Secretaria de Agricultura e Vigilância Ambiental.

Para confirmação em casos de suspeita de raiva, o animal deve ficar em observação por 10 dias  e, em caso positivo,  será eutanasiado pela Vigilância Ambiental.

Mais informações sobre a DIVAL (antiga Zoonozes), entre no site : http://goo.gl/BFow4E.