21/12/2023 às 18h39

Dia do Atleta: para uma vida saudável não é preciso ser um profissional

Atividade física como um hábito de vida contribui para reduzir chances de desenvolver doenças cardíacas, diabetes e diversos tipos de câncer

Gabriel Silveira, da Agência Saúde-DF | Edição: Natália Moura

Fabiano Araújo ainda não sabia o que era diabetes quando, com glicemia de 584 mg/dL, precisou do atendimento de emergência no Hospital do Guará (HGu). Na época com 20 anos, a ida à unidade rendeu uma internação de dez dias, em 23 de janeiro de 2000.

Com diagnóstico, tratamento e acompanhamento feitos inteiramente na rede pública de saúde, esteve sempre atento às orientações médicas e transformou seu estilo de vida. Nos planos, a adoção de hábitos que lhe permitiram ter hoje um controle adequado de seu quadro de saúde. “Digo agora que sou a pessoa mais saudável de toda a minha família, mesmo tendo diabetes”, afirma.
 

Em três anos, entre 2011 e 2013, com a mudança de hábitos e a prática esportiva, Fabiano Araújo reduziu seu peso em 35 kg e a necessidade de insulina basal de 70 para até 25 unidades diárias. Foto: Arquivo Pessoal

A partir de 2011, o servidor público, 44, percebeu que precisava adicionar mais um aliado importante à sua jornada: o esporte. Para ir a uma viagem com a família, ao subir na balança, constatou que, apesar do controle da glicemia, pesava 105 quilos, medindo 1,70 metros. “Foi quando minha ficha caiu de vez: desse jeito, eu não vou conseguir ver as minhas filhas crescerem”, revela o pai de quatro meninas.

Foi quando, então, retomou a prática da natação; em seguida, do ciclismo. Começou a corrida de rua na segunda metade do ano seguinte. Sua transformação foi completa: do diagnóstico de diabetes e obesidade há quase 24 anos, Fabiano é hoje um triatleta profissional que coleciona conquistas em importantes competições do calendário internacional.

Neste 21 de dezembro é celebrado no Brasil o Dia do Atleta. Apesar de a ocasião ter como motivo a exaltação das vitórias dos brasileiros no exterior, para colher os benefícios à saúde da prática esportiva, não é preciso ser um profissional e carregar uma medalha no pescoço.

Benefícios físicos e mentais do esporte

Qualquer prática, no tempo e lugar em que for possível, é melhor que não fazer nada. Reduzir o período de inatividade durante o dia - incorporando atividade física em diversos momentos, como se deslocar de um lugar a outro, realizar tarefas domésticas ou durante o tempo livre, fazer caminhadas - é fundamental para cultivar bons hábitos. Veja aqui por onde começar. 

O importante é manter a regularidade. Quanto mais cedo a atividade física se torna um hábito na vida, maiores os ganhos para a saúde. “O comportamento sedentário e o excesso de peso [principalmente na região abdominal] são fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, diabetes e diversos tipos de câncer”, explica a endocrinologista e gerente do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão Arterial (Cedoh) da Secretaria de Saúde (SES-DF), Alexandra Rubim.
 

A manutenção da rotina de treinamento em casa durante o período de confinamento, em decorrência da pandemia de covid-19, lhe serviu para “manter a cabeça funcionando bem”, revela Fabiano Araújo. Foto: Arquivo Pessoal

Em abril de 2020, o triatleta Fabiano enfrentou a sua prova mais difícil: a perda da filha caçula, Gisela, aos 10 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Durante o período de confinamento, em decorrência da pandemia de covid-19, a manutenção da rotina de treinamento em casa lhe serviu para “manter a cabeça funcionando bem”, como ele próprio revela.

A resiliência mental é, segundo ele, fruto do esporte e da própria convivência com o diabetes. “O esporte me ajudou e tem me ajudado muito. Ensina a conhecer os meus limites; a obter força para ir um pouco mais além; a manter o foco, o direcionamento. Mostra-me que, quando a gente cai, é preciso também saber levantar”, encoraja o atleta.
 

O triatleta atribui ao esporte e à própria convivência com o diabetes a conquista de resiliência mental. “O esporte me ajudou e tem me ajudado muito. Mostra-me que, quando a gente cai, é preciso também saber levantar”, encoraja. Foto: Arquivo Pessoal

Atenção a diabetes, obesidade e hipertensão

O acesso ao serviço de saúde ocorre por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), pela equipe de Saúde da Família (eSF). Caso seja verificada a necessidade de acompanhamento por médico especialista, o paciente é encaminhado por meio do Sistema de Regulação (Sisreg).

Além do Cedoh, a população do Distrito Federal conta também com outros dois centros de referência na área: o Centro Especializado em Diabetes, Hipertensão e Insuficiência Cardíaca (Cedhic), aos pacientes da Região de Saúde Centro-Sul do DF; e o Centro de Atenção a Diabetes e Hipertensão (CADH) na Região Leste.

Em caso de urgência ou emergência, recomenda-se buscar hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA); assim como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).