11/12/2020 às 14h26

HRL faz cirurgia inédita para enxertar células regenerativas e tecido adiposo

Objetivo é regenerar lesões graves na perna de uma paciente que sofreu acidente de motoOne StepOne Step

Cirurgia inédita no HRL durou quase quatro horas e beneficiou paciente com traumas na perna - foto: Divulgação/SES-DF

  LEANDRO CIPRIANO  

Pela primeira vez a equipe do Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá, realizou, nesta sexta-feira (11), uma cirurgia de enxerto de células regenerativas e tecido adiposo para recuperar lesões graves. O procedimento inédito foi um sucesso e durou quase quatro horas, sendo feito na paciente N.O.L.S, de 24 anos, com objetivo de melhorar a cicatrização e recuperação da sua perna. Ela sofreu vários traumas após um acidente de moto e ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital desde setembro.

A cirurgia foi feita utilizando equipamentos e kits descartáveis doados pela empresa brasileira DMC, que foram registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Eles foram trazidos de Goiânia e instalados no HRL. A empresa foi responsável por desenvolver a técnica chamada , que utiliza uma nova tecnologia a laser capaz de retirar do corpo, além do tecido adiposo, células chamadas totipotentes. Elas são conhecidas pelo alto poder regenerativo em tecidos e órgãos lesados, melhorando a velocidade e qualidade do crescimento celular e tecidual.

Além disso, apresentam vantagens em termos de facilidade de obtenção, abundância e viabilidade em comparação a outros tipos de células regenerativas adultas, pois são retiradas da gordura do próprio paciente, sendo menos invasivo que as removidas da medula óssea. Isso permite que possam ser extraídas, processadas e reinjetadas no organismo para ajudar no processo de recuperação da pele.

De acordo com o médico cirurgião do HRL responsável pelo procedimento, Ely José de Aguiar, ao extrair a gordura do abdômen da paciente com o aparelho denominado Medlaser, o material recolhido passou por um processo de centrifugação para separá-lo das células totipotentes. Assim que elas foram enxertadas na ferida, o tecido adiposo formado pela gordura foto-estimulada pelo laser foi colocado logo em seguida como enxerto de pele.

“É um marco para o HRL fazer uma cirurgia de ponta com uma tecnologia brasileira. É o que se tem de mais moderno nessa área de reconstrução de feridas complexas, com uma técnica altamente avançada que foi feita em poucos locais do Brasil. No DF, por exemplo, já foi realizada em unidades como o Hospital de Base e na rede privada”, detalhou o cirurgião.

Em geral, cirurgias desse porte geram inchaços, manchas roxas no corpo e requer um tempo de recuperação que pode durar até mais de um mês. Contudo, o promete reduzir essas consequências. Com o uso da tecnologia, a expectativa da equipe cirúrgica do HRL é que a paciente se recupere nos próximos cinco dias, caso não tenha nenhuma complicação clínica.

Empenho da equipe do HRL

Depois do grave acidente de moto que a paciente sofreu em setembro, ela chegou a correr o risco de ter uma das pernas amputadas. Contudo, segundo o diretor do HRL, João Marcos Meneses, a dedicação da equipe de ortopedia, cirurgia e da UTI do hospital impediu que isso ocorresse. “Se não fosse o empenho deles, que investiram no cuidado à paciente, ela poderia ter perdido a perna. Felizmente essa possibilidade foi afastada”, ressaltou.

O diretor ressalta que "com esse procedimento temos, além da paciente beneficiada, uma técnica bem aplicada e que será reproduzida para outros médicos, destacando a inovação que se busca no serviço público de excelência".

Com a cirurgia de enxerto de células totipotentes, são esperadas agora a reconstrução do tecido e a recuperação da parte funcional da perna.

  Confira o vídeo com parte da cirurgia: