18/07/2025 às 17h42

Secretaria de Saúde inicia mobilização para uso de mosquitos Wolbito

Nova estratégia contra a dengue será lançada em agosto

Humberto Leite, da Agência Saúde DF | Edição: Willian Cavalcanti

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) iniciou ciclo de encontros com servidores que atuam nas Regiões Administrativas onde será iniciada nova estratégia de combate à dengue com o uso dos mosquitos Wolbito. Eles são gerados a partir de mosquitos Aedes aegypti inoculados com a bactéria Wolbachia e têm menor capacidade de transmitir doenças, como a dengue. Nesta quinta-feira (17), cerca de 150 agentes comunitários de saúde e agentes de vigilância ambiental se reuniram no Centro Cultural de Planaltina para conhecer detalhes e tirar dúvidas. 

A chefe do Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Imunização (NVEPI) da Região de Saúde Norte, que abrange Planaltina, Sobradinho I e II, Arapoanga e Fercal, Maria de Lourdes Masukawa, elogiou a inovação, fruto de uma parceria com a Fiocruz e o Ministério da Saúde. “O poder público acerta quando investe em ações de combate à dengue. Há um impacto social e econômico muito grande quando as pessoas adoecem por dengue”, argumenta. 
 

Principais dúvidas sobre o método Wolbachia têm sido esclarecidas antes da liberação dos primeiros mosquitos Wolbito. Foto: Yuri Freitas/Agência Saúde DF

Para o diretor de Atenção Primária da Região de Saúde Norte, Alcir Galdino, a nova estratégia tem sido recebida com entusiasmo tanto pelos servidores que trabalham no combate à dengue quanto pelos que fazem o atendimento aos pacientes. “Vai fazer diferença na vida da população. E é importante os servidores terem conhecimento atualizado sobre o tema, pois as famílias confiam muito no conhecimento dos profissionais de saúde”, explica. 

Além de Planaltina, os mosquitos Wolbito serão lançados em Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá, Planaltina e Itapoã. As regiões foram selecionadas por apresentarem historicamente maior vulnerabilidade para ocorrência de casos de dengue. O planejamento é que as primeiras liberações de Wolbito ocorram na segunda quinzena de agosto e a expectativa é de que já no início do período chuvoso seja possível que os mosquitos com a Wolbachia comecem a reduzir a população de Aedes aegypti capazes de transmitir a dengue e outras doenças.
 

Servidores da Saúde participam de palestra em Planaltina sobre a nova estratégia de combate à dengue. Foto: Yuri Freitas/Agência Saúde DF

Conheça a nova a estratégia

A bactéria Wolbachia pode ser encontrada em mais de 50% dos insetos, sem necessidade de interferência humana. Quando está no mosquito Aedes aegypti, a bactéria impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela, reduzindo seu potencial de atuar como transmissor. A técnica consiste, portanto, em liberar no ambiente mosquitos Aedes aegypti com a Wolbachia – esses mosquitos são chamados de Wolbitos. Vale ressaltar que não há qualquer alteração genética e que a bactéria Wolbachia não é transmitida para seres humanos ou outros mamíferos, como gatos e cachorros.

Os Wolbitos têm outra característica que ajuda na proteção contra as doenças: larvas descendentes de fêmeas com Wolbachia já nascem com a bactéria. O resultado é que os Wolbitos acabam substituindo a população original dos Aedes aegypti capaz de transmitir doenças. A primeira iniciativa do tipo ocorreu em 2011, na Austrália, e de lá para cá já houve experiências bem-sucedidas em 11 países, de acordo com a Fiocruz.

Os Wolbitos também são adaptados à realidade de cada local. Para isso, foram capturados ovos de Aedes aegypti no Distrito Federal e realizado cruzamento para gerar Wolbitos com as características adaptadas ao DF. Na capital, a produção ocorrerá no Núcleo de Controle Químico e Biológico da SES-DF, localizado no Guará. Os municípios de Valparaíso (GO) e Luiziânia (GO), ambos localizados no Entorno do DF, também receberão mosquitos Wolbito. 
 

Uso de mosquitos Wolbito vai envolver diretamente os servidores da Secretaria de Saúde. Foto: Yuri Freitas/Agência Saúde DF