30/07/2025 às 07h53

Adolescentro oferece assistência individual e coletiva a autistas; pais e cuidadores também recebem apoio

Com mais de mil atendimentos mensais, unidade realiza acompanhamento clínico e biopsicossocial para jovens entre 12 e 18 anos incompletos

Ingrid Soares, da Agência Saúde DF | Edição: Natália Moura

“Passei a socializar, a fazer amigos, minha concentração e notas melhoraram. Além disso, é legal ter um grupo com a mesma experiência porque vemos o ponto de vista do outro, muitos já passaram por situações difíceis ou parecidas”, relata o estudante Davi Calebe, 17, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde 2022, ele é acompanhado pelo Adolescentro. 

Nas dinâmicas do Grupo Interação são desenvolvidas atividades para estimular a socialização e as habilidades sociais dos jovens. Em cada encontro é trabalhado temas diferentes como a importância do autocuidado, noções de higiene, afetividade, sexualidade, autonomia, coordenação motora, estratégias para lidar com as diferentes emoções, entre outros.  
 

 "Meu filho foi visto de forma diferenciada. O pessoal aqui é bem capacitado. Ele fez muitos amigos, se abriu mais”, elogiou Diva Diamante, mãe de Davi. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF


“A participação no grupo está sendo maravilhosa. Estou muito satisfeita. Meu filho foi visto de forma diferenciada. O pessoal aqui é bem capacitado. Ele fez muitos amigos, se abriu mais. Tem toda uma diferença dele antes e depois dos encontros”, elogia a mãe de Davi, a tanatopraxista Diva Diamante, 45. 

Como fazer parte?

O Adolescentro oferece 160 vagas anuais de assistência coletiva e individual a pacientes com TEA, totalizando mais de mil atendimentos por mês. As consultas individuais multidisciplinares contam com equipe formada por psicólogos, psiquiatras, pediatras, hebiatras (especialista em adolescência), fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, ginecologistas, urologistas, neurologistas, odontólogos, terapeutas ocupacionais etc.
 

Nas dinâmicas do Grupo Interação são desenvolvidas atividades para estimular a socialização e a autonomia dos adolescentes, dentre outros temas.  Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF 


Nos casos de suspeita do diagnóstico de TEA ou da necessidade de acompanhamento, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) são o primeiro lugar a ser buscado. Em seguida, conforme o perfil do paciente, há o direcionamento a um dos quatro Centros Especializados em Reabilitação (CERs) da Secretaria de Saúde (SES-DF).

Em situações nas quais o jovem avaliado apresenta algum sofrimento mental, com necessidade de acompanhamento psicossocial, ele é encaminhado ao Centro de Orientação Médico Psicopedagógica (Compp) ou ao Adolescentro, a depender da idade. Quando há sinais mais graves que pedem um monitoramento intenso, a pessoa é direcionada aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). 

Cuidando de quem cuida

Enquanto os jovens participam do grupo em sessões de duas horas, seus cuidadores também recebem apoio por meio de grupos terapêuticos, espaços onde há escuta e troca de experiências. “É muito importante a gente cuidar da saúde mental. Aqui conversamos sobre as evoluções. Choramos e rimos juntos. E isso é bom porque desabafamos. O grupo abraça”, acrescenta Diva.

A terapeuta ocupacional da SES-DF Marina Esselin explica que a equipe auxilia os responsáveis a entender o diagnóstico e a melhorar a comunicação com o filho. "Isso ajuda a encurtar a distância entre o jovem e o seu cuidador", diz. 
 

Enquanto os jovens participam do grupo em sessões de duas horas, seus cuidadores também recebem apoio por meio de grupos terapêuticos, um espaço de escuta e troca de experiências. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF