Dados apontam queda de notificações de coqueluche no DF
Dados apontam queda de notificações de coqueluche no DF
Em 2023, houve 34 casos notificados da doença, uma redução de quase 85% dos registros desde 2019
Yuri Freitas, da Agência Saúde-DF | Edição: Willian Cavalcanti
De acordo com as informações do último boletim epidemiológico para coqueluche da Secretaria de Saúde (SES-DF), o Distrito Federal registrou, no ano passado, 34 casos suspeitos da doença, dos quais quatro foram confirmados. O número de notificações representa uma queda de 84,75% do que foi registrado em 2019, quando 223 casos foram notificados.
Para a responsável técnica pela Vigilância Epidemiológica da coqueluche na SES-DF, Joana Castro, a queda expressiva dos índices sugere uma subnotificação dos casos reais da doença. Como os sintomas são parecidos, a especialista acredita que a menor notificação de casos de coqueluche tem relação com a predominância de covid-19 – cujo ápice de infecções se deu em 2020 e 2021.
“Essa também é uma síndrome respiratória, assim como a covid e a influenza. Sua peculiaridade é que a tosse se prolonga por mais tempo, mas, no início, os sintomas são inespecíficos. Então, acreditamos que, desde o auge da pandemia, venha acontecendo uma subnotificação dos casos. Para uma pessoa com febre ou sintoma gripal, logo se suspeita de covid e a coqueluche sequer é cogitada”, diz.

Embora a coqueluche seja uma doença de notificação compulsória imediata, Joana Castro explica que os dados, se considerados isoladamente, não permitem inferir que a doença esteja desaparecendo. “É preciso reforçar que a população procure o serviço de saúde em caso de sintomas de febre e tosse, principalmente aquela tosse constante. Precisamos notificar os casos e, assim, acompanhar melhor o cenário da doença no DF”.
Sintomas e vacinação
A coqueluche é uma infecção respiratória transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis. A doença manifesta três fases, sendo a primeira a catarral, com sintomas leves e facilmente confundidos com uma gripe: coriza, febre, mal-estar e tosse seca.
Na segunda fase, os acessos de tosse são mais frequentes e finalizados por inspiração forçada e prolongada – o chamado “guincho inspiratório”, que é som produzido pelo estreitamento da glote. Geralmente esses episódios são seguidos de vômitos, dificuldade de respirar e extremidades arroxeadas. Na última fase, a de convalescença, os acessos de tosse desaparecem e dão lugar à tosse comum.
O quadro é preocupante, principalmente para os bebês menores de seis meses com esquema vacinal incompleto. Os pequenos possuem maior risco de desenvolver complicações causadas pela coqueluche, como desidratação, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e até a morte. A falta de vacinação é um dos principais fatores de risco para a doença, tanto em crianças como em adultos.

A gerente da Rede de Frio (GRF) da SES-DF, Tereza Pereira, enfatiza que as vacinas estão amplamente disponíveis na rede pública, e que a vacinação tem impactos diretos na redução dos óbitos e das hospitalizações decorrentes de casos graves da doença.
“A recomendação é que o indivíduo complete o esquema com a vacina pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria tipo b), administrada aos dois, quatro e seis meses de idade, e dois reforços com a DTP (difteria, tétano e coqueluche), aos 15 meses e aos quatro anos de idade. Além dessas, a vacina dTpa (difteria, tétano e coqueluche acelular) é administrada a cada gestação, a partir da 20ª semana, com o objetivo de garantir a proteção dos bebês com a transferência dos anticorpos da mãe para o feto pela placenta”, explica Pereira.