08/03/2024 às 09h31

Mamografia desempenha papel fundamental no diagnóstico precoce de câncer de mama

Recomendado a partir dos 50 anos, o exame detecta tumores não palpáveis

Karinne Viana, da Agência Saúde-DF | Edição: Natália Moura

Um nódulo no seio, muitas vezes indolor, pode ser o primeiro sinal de alerta para o câncer de mama - uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), as taxas mais altas estão nas regiões Sul e Sudeste do País, excluídos os tumores de pele não melanoma. Para cada ano do triênio 2023-2025, foram estimados 73,6 mil casos novos, número que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 ocorrências por 100.000 mulheres.

”A mamografia continua sendo o melhor método para o diagnóstico precoce do câncer de mama. É um exame que salva vidas e é o único método comprovado capaz de, por meio da detecção prematura, reduzir a mortalidade do câncer de mama”, afirma o ginecologista e Referência Técnica Distrital (RTD) em Mastologia da Secretaria de Saúde (SES-DF), Farid Buitrago.

No DF, as Unidades Básicas de Saúde são a porta de entrada para a realização de mamografia. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF

A mamografia, recomendada a partir dos 50 anos como parte dos cuidados médicos de rotina, é fundamental na identificação de tumores não palpáveis, permitindo tratamento em tempo hábil e menos invasivo, além de reduzir a necessidade de mastectomia - retirada total da mama. O público feminino de 50 a 69 anos, assintomático ou com histórico familiar, deve realizar o exame a cada dois anos. Para as pessoas com o primeiro exame normal, a frequência também é bienal. Em casos de alterações classificadas como Bi-Rads categoria 3, a frequência passa a ser a cada seis meses.

Moradora da Cidade Ocidental, Renata Almeida, 36, revela ter descoberto o câncer de mama em agosto do ano passado, quando fez uma mamografia. "Ao fazer o autoexame durante o banho, percebi um nódulo. No dia seguinte, solicitei uma ecografia da mama na Unidade Básica de Saúde [UBS]. Depois disso, o médico indicou uma biópsia. Agendei uma consulta com a mastologista no Hospital Regional de Santa Maria [HRSM] e realizei a biópsia em agosto, obtendo o diagnóstico de carcinoma”, conta.

Com a detecção confirmada, Renata passou por diversos exames, incluindo nova mamografia no próprio hospital. Após entrar na regulação, foi chamada no Hospital Universitário de Brasília [HUB] em alguns dias. Hoje, a paciente está nas últimas etapas da quimioterapia e se prepara para a remoção do tumor no seio direito.

Renata Almeida, 36, revela ter descoberto o câncer de mama em agosto de 2023, quando fez uma mamografia. Foto: Arquivo pessoal

Onde buscar atendimento

Na rede da capital federal, as UBSs são a porta de entrada para o serviço. Após avaliação e, havendo a indicação, os pacientes são direcionados à mamografia por meio do sistema de regulação. O resultado é avaliado pela equipe de saúde da UBS respectiva. Caso haja alteração, a pessoa é direcionada ao atendimento com mastologista, podendo realizar outros exames como ultrassonografia mamária ou biópsia. Se identificado o câncer de mama, o tratamento oncológico (radioterapia, quimioterapia e/ou cirurgia) pode ser feito nos locais especializados do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2023, foram realizados 27,3 mil exames de mamografias na rede pública do DF, onde 11 mamógrafos estão disponíveis no Centro Radiológico de Taguatinga (CRT), Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hospital de Base, Hospital da Região Leste (HRL), Centro Especializado em Saúde da Mulher (Cesmu) e nos hospitais regionais da Asa Norte (Hran), de Santa Maria (HRSM), de Samambaia (HRSam), do Gama (HRG), de Ceilândia (HRC) e de Taguatinga (HRT).

Em março, a rede disponibiliza 2538 vagas para a realização do exame distribuídas entre as unidades que oferecem o serviço. 
 

A mamografia, recomendada a partir dos 50 anos, é fundamental na identificação de tumores não palpáveis, além de reduzir a necessidade de retirada da mama Foto: Agência Saúde-DF

Vale lembrar que, no ano passado, o governador do DF, Ibaneis Rocha, sancionou a Lei 7.237/2023, que estabelece uma lista de prioridades para a realização de mamografias na rede pública.

A legislação determina que mulheres com idade a partir de 40 anos que possuem histórico familiar de câncer de mama ou nódulos, ou necessitem de avaliações periódicas, ou realizem tratamento contra o câncer ou ainda precisem de urgência, conforme determinação médica, também podem fazer o exame e deverão ser atendidas com prioridade.

Doença

O câncer de mama, raro em mulheres jovens, aumenta sua incidência com a idade. Embora homens também possam desenvolvê-lo, a maior parte dos casos ocorre em mulheres acima dos 50 anos. As taxas de mortalidade são mais elevadas entre o público feminino do grupo de 50 a 69 anos, respondendo por aproximadamente 45% do total de óbitos por esse tipo de câncer.

Os sinais de alerta incluem nódulos endurecidos, pele avermelhada ou similar à casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Vigilância constante e acesso facilitado à mamografia são fundamentais na luta contra o câncer de mama.