Mortalidade de covid-19 no DF caiu mais de quatro vezes após vacinação
Mortalidade de covid-19 no DF caiu mais de quatro vezes após vacinação
Boletim Epidemiológico Especial aponta que aumento da vacinação traz diminuição da letalidade entre os brasilienses. Entre março e dezembro de 2021, a covid-19 caiu de 4,24% para 0,41%
Agência Saúde-DF
A aplicação da segunda dose das vacinas contra a covid-19 e, posteriormente, o início das doses de reforço foram fundamentais para reduzir a taxa de letalidade da doença em mais de quatro vezes no Distrito Federal ao longo de cinco ondas de contaminação, cada uma com a predominância de uma variante do vírus SARS-CoV-2. É o que aponta o último Boletim Epidemiológico Especial, lançado nesta semana pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF).
"Mais uma vez, fica evidenciado que a imunização é a medida mais eficaz para o combate à covid-19. Por isso, vamos persistir no objetivo de ampliar a cobertura vacinal para todas as idades, com ações extramuros, aos fins de semana, em escolas e outros espaços de grande circulação de pessoas", afirma a gestora da pasta, Lucilene Florêncio.
Segundo o levantamento, em março de 2021, a covid-19 saiu de 4,24% em casos letais para 1,7% em junho do mesmo ano. Entre este período, a vacinação entrava na fase da segunda dose. O mesmo fenômeno se repetiu após a aplicação da primeira dose de reforço, em setembro de 2021, quando a taxa de mortalidade estava em 1,74% e teve queda de 0,41% em dezembro daquele ano.
Nessa sensível equação, as ações de vacinação, com mais de 80 locais de atendimento em dias úteis, foram preponderantes para a redução das mortes por covid-19 no DF. "Isso é uma tendência que se consegue ver em qualquer estado: o aumento da vacinação traz a diminuição da letalidade. À medida que o tempo passa, a entrada das doses de reforço vem justamente para reduzir a taxa de letalidade. Quando ela começa a se estabilizar, uma nova dose de reforço é aplicada e reduz mais uma vez", explica o enfermeiro da equipe do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Distrito Federal (Cievs-DF), João Pedro Angelici Virginio.
De acordo com os dados apresentados, a mais letal das cinco ondas de contaminação por covid-19 no DF foi a segunda, entre janeiro e junho de 2021, quando houve pico de 49.452 casos e 2.095 óbitos em março. A quarta e a quinta ondas, ambas no primeiro semestre de 2022, tiveram mais de duas vezes o número de casos, mas sem uma elevação proporcional na taxa de letalidade.
Apesar de a análise ter demonstrado que cada onda foi marcada por uma variante diferente, cada uma delas com características distintas, os dados por faixa etária confirmam a hipótese de que a queda da letalidade está ligada à campanha de vacinação. "Vemos que a faixa etária que está sendo imunizada tem redução da mortalidade e da gravidade, e isso vai avançando pelas faixas etárias, conforme avança a vacinação", acrescenta.
Entre os idosos de 80 anos ou mais, por exemplo, a taxa de mortalidade caiu de 2.382,25 óbitos para cada cem mil habitantes na primeira onda, quando não havia vacinação; e para 177,07 na quinta onda, em junho de 2022, época em que já havia ocorrido o início da aplicação do segundo reforço. Enquanto isso, a taxa de mortalidade das crianças com menos de dois anos ficou estável em 1,14 da primeira à quinta onda. Para o público infantil, a imunização começou em novembro de 2022.
O Boletim Epidemiológico Especial traz ainda a informação de que as faixas etárias com maior incidência de casos e de óbitos por covid-19, em todas as cinco ondas, foram em as pessoas entre 30 e 59 anos ou acima dos 80 anos. Para a população geral, de todas as faixas etárias, a incidência de mortalidade caiu de 202,83 óbitos para cada 100 mil homens da segunda onda para 4,16 óbitos a cada 100 mil homens na quinta onda. Já entre as mulheres, este índice caiu de 141,95 na segunda onda para 4,67 na quinta.
Aprimoramento
O diretor de Vigilância Epidemiológica da SES-DF, Fabiano dos Anjos, acrescenta que o documento tem como foco trazer novos conhecimentos sobre os impactos da covid-19 em várias esferas da saúde pública, desde o aumento dos atendimentos a vítimas de violência doméstica até a importância de testagem para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). "Nós tivemos pessoas que chegaram às portas dos hospitais com covid-19 e tinham HIV/Aids, sem saber", revela o epidemiologista.
A experiência de enfrentamento à covid-19 também significou uma série de aprimoramentos tanto para a gestão e o planejamento de mobilização de leitos e gestão de recursos, quanto para a própria vigilância das doenças. Durante a pandemia, o Cievs-DF passou a atuar com uso mais intenso de ferramentas digitais, como programas para consolidação e análise de dados. "As ferramentas tecnológicas vieram para ficar. Não se faz mais vigilância epidemiológica sem analistas de sistemas", revela Fabiano.
Esses ensinamentos são válidos, inclusive, para o eventual enfrentamento a novas ondas de covid-19 ou de outras doenças que possam impactar nos serviços de saúde pública. "A experiência da covid-19 ampliou bastante a capacidade da equipe. Tivemos uma resposta bem mais rápida e oportuna, por exemplo, por conta da Monkeypox [uma doença viral em que a transmissão pode ocorrer por meio do contato com o animal ou com o humano infectado], com a elaboração de materiais de apoio e de planos de contingência", completa a gerente do Cievs-DF, Priscilleyne dos Reis.
Dados atuais
Até o dia 24, a SES-DF confirmou 807.486 casos de covid-19 entre moradores do DF, com 10.830 óbitos, uma taxa de 1,34% de óbitos. Entre 17 de e 24 de junho, foram 138 casos e a taxa de transmissão está em 0,81, que indica a desaceleração no número de casos.
A campanha de vacinação ultrapassa 7,7 milhões de doses aplicadas no DF, sendo 455 mil da nova versão bivalente, atualmente disponível para pessoas com pelo menos 18 anos de idade.
A cobertura vacinal supera os 81% para a primeira dose, com pico de 99,2% para o público com mais de 80 anos. Porém, no caso da dose de reforço, disponível para todos com cinco anos de idade ou mais, 48,1% da população ainda não foram vacinadas. Já o reforço bivalente chegou a 49,7% da faixa etária acima dos 80 anos, ficando abaixo de 16% para as pessoas com menos de 49 anos.
Toda semana, a SES-DF disponibiliza boletins epidemiológicos relacionados à covid-19, nos quais são avaliados número de casos, óbitos, taxa de incidência, de transmissão e de letalidade.